Como ter uma boa aposentadoria? Irmã de ex-global reforça que 'não existe mágica' e dá dicas para quem quer poupar pensando no futuro
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Como ter uma boa aposentadoria? Irmã de ex-global reforça que 'não existe mágica' e dá dicas para quem quer poupar pensando no futuro

Sigrid Guimarães mostra quanto você terá nos próximos anos se começar a poupar agora; confira valores e projeções

4 dez 2023 - 05h00
(atualizado às 08h37)
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Foto: Reprodução/iStock/dragana991

Todos merecem descanso. O problema é que, muitas vezes, após anos de muito trabalho, ele não vem acompanhado de uma renda que garanta o sossego. Para não passar aperto no futuro, o planejamento financeiro é a chave - mesmo que em meio às dificuldades do dia a dia. Mas qual caminho seguir? Por onde começar para ter uma boa aposentadoria, para além do que se pode conseguir com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)?

“Não existe mágica. Existe o tempo, a poupança e a capacidade de poupar”, responde a especialista em planejamento financeiro Sigrid Guimarães, chefe executiva e sócia-fundadora da gestora de patrimônio familiar Alocc. Para a irmã da atriz Ingrid Guimarães, poupar é uma negociação constante entre o prazer do presente e a segurança do futuro.

Em entrevista ao Terra, ela fala sobre a importância de pensar o quanto antes na aposentadoria, levando em consideração o seu estilo de vida, e dá dicas de organização para que o dinheiro investido no futuro dure mais.

Irmã da atriz Ingrid Guimarães, ela também passou pelo teatro - mas a paixão pela área de finanças bateu mais forte
Irmã da atriz Ingrid Guimarães, ela também passou pelo teatro - mas a paixão pela área de finanças bateu mais forte
Foto: Arquivo Pessoal/Sigrid Guimarães

Por onde começar?

Para quem não sabe por onde começar a se organizar financeiramente, Sigrid mostra o caminho das pedras:

  • 1. Saiba o seu custo de vida

“O começo é com você entendendo quanto é o seu custo de vida.” Para passar a lidar com o dinheiro de forma consciente, pegue um papel ou crie uma planilha onde você possa escrever tudo o que gasta. Se for preciso, guarde os comprovantes do que você compra em algum local de fácil acesso e depois some tudo, organizando os gastos no final do mês.

  • 2. Saiba se ganha mais ou menos do que gasta

Caso você gaste menos do que ganha, é possível poupar dinheiro. “Mas se você não consegue poupar dinheiro, é a hora de você olhar esse custo e ver onde você pode cortar um pouco para conseguir começar. Sempre tem algo [para cortar]”, pontua Sigrid.

  • 3. Investir

A partir do momento que você consegue poupar os recursos, o ideal é investir o valor na categoria de renda fixa - em que uma das opções é a poupança. “Mas existem produtos seguros que você pode resgatar o dinheiro disponível, que tem muito baixo risco, liquidez imediata e que vai te dar uma rentabilidade melhor do que uma poupança”, destaca.

Neste tópico, Sigrid cita como exemplos interessantes fundos DI (Fundo de Renda Fixa Referenciado DI), CDB (Certificado de Depósito Bancário) e títulos públicos federais. 

O ideal é juntar aos poucos para ter uma quantidade de dinheiro que, lá na frente, cubra seu custo de vida - ou, pelo menos, ajude - com os rendimentos.

“Começa-se pelo básico. Acho que um erro que algumas pessoas cometem é ainda ter pouco dinheiro, mas querer que renda rápido. Aí entra no mercado de ação, precisa do dinheiro, a ação começa a cair e já resgata… E depois fala: ‘Foi horrível a minha experiência com a ação’.

Quando você começa e você tem pouco dinheiro [o caminho] é renda fixa, não adianta. Depois que aquele colchãozinho está mais gordinho, está mais robusto,  já cobre em torno de um ano do seu custo vida, aí você pode começar a diversificar para as outras categorias mais voláteis. Mas o ideal é ter alguma orientação de um consultor financeiro.”

O montante por idade e onde o dinheiro rende mais

Quando o assunto é guardar dinheiro, a poupança segue sendo o serviço mais lembrado entre os brasileiros. Mas, não é porque é o mais comum, que é o que rende mais.

Se você tem 25 anos e começa a guardar R$ 1,2 mil por ano (R$ 100 por mês), investindo de forma diversificada e equilibrada, aos 60 anos você terá um patrimônio de mais de R$ 100 mil. Já se você investir esse valor, no mesmo período, mas na caderneta de poupança, terá reunido apenas a metade do patrimônio.

A diferença é ainda mais evidente se for investido R$ 12 mil ao ano (R$ 1 mil por mês). Se começar aos 25 anos, com 60 anos terá um patrimônio de mais de R$ 1 milhão, com rendimento mensal de R$ 4,5 mil, se seguir com uma carteira de investimentos diversificados. Mas, se fizer o mesmo e investir na poupança, vai acabar com um patrimônio de R$ 513 mil e uma renda mensal de R$ 493 gerada em cima desse valor.

É o que mostram as projeções feitas por Sigrid, a pedido do Terra. No gráfico abaixo, confira o quanto é possível ter investindo ao ano R$ 1,2 mil (R$100 por mês), R$ 6 mil (R$ 500 por mês) ou R$ 12 mil (R$ 1 mil por mês) e o quanto isso pode render em 15 anos, 25 anos ou 35 anos. O que faz o ganho mudar é onde o dinheiro está sendo investido.

Ainda assim, a caderneta de poupança é uma escolha de 26% da população, segundo dados do Raio-X do investidor de 2022 da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). A modalidade tem vantagem sobre quaisquer outros tipos de investimentos, que apresentaram índices menores do que 5%. 

Além disso, de acordo com a pesquisa, 58% da população diz não utilizar nenhum tipo de investimento, nem conhecer. 

Confira onde o brasileiro investe seu dinheiro

E a previdência privada?

A previdência privada também é um tipo de fundo de investimento - no caso, disponível nas modalidades VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) e PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres). Nesses tipos de serviço financeiro, após um período de acumulação de recursos, é possível receber uma renda mensal vitalícia, período determinado ou pagamento único, dependendo do que for acordado. 

Esses fundos também apresentam uma tributação diferenciada que pode trazer benefícios ao cliente. Mas se a pessoa precisa do dinheiro antes do esperado, pode ter uma parcela ‘comida’ pelas alíquotas altas. 

Em meio a isso, como alerta Sigrid, não necessariamente é preciso montar sua aposentadoria em fundos de previdência. “É um bom veículo para isso, mas não é o único. Você também pode montar uma carteira diversificada, com fundos DI, fundos renda fixa, com baixo risco de crédito com liquidez, montar ali e aqui, na sua aposentadoria”.

"A aposentadoria que eu falo aqui é adicional à aposentadoria da previdência [INSS]. Porque muitas vezes, mesmo no teto máximo, aquele valor não vai sustentar uma família. Então, o ideal é você conseguir fazer uma poupança além daquela para quando chegar lá na frente, você ter um conforto maior e não depender de ninguém."

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Trajetória

Sigrid Guimarães é formada em Administração na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Irmã de Ingrid, o teatro também fez parte de sua história.

Ao Terra, ela recorda que amava o Tablado, tradicional escola de teatro do Rio de Janeiro, mas que reconheceu não amar o suficiente a ponto de largar tudo para seguir nessa carreira. “Minha irmã dizia: ‘Você tinha o talento, mas você não tinha a vocação'”, brinca.

Ela chegou a tentar conciliar os dois. Mas entre o teatro e os estudos em administração, acabou largando os palcos. Mesmo assim, ela diz carregar consigo os aprendizados das artes cênicas. “Me ajudou a aprender a falar em público, me ajudou a ter aquele olhar sensível para escutar as pessoas, a perder a timidez. Então, o teatro, de certa forma, me ajudou muito, mas eu acho que foi isso”, pontua.

Já sua carreira no mercado começou quando resolveu entrar em um programa de estágio na Globo. Na época, seu foco era um dia estagiar na Editora Globo: “Eu era apaixonada pela revista em quadrinhos”, brinca. Ela passou no processo seletivo, mas acabou entrando em uma área financeira, na tesouraria que cuidava de todas as empresas do grupo Globo. “E lá fiquei 14 anos, me apaixonei pelo que eu faço hoje”.

Foi na Globo que ela passou por diversas áreas de finanças e também  teve contato com o setor de finanças pessoais. Ela explica que, até então, não existia o que agora é chamado de Family Office, escritórios que olham para as necessidades de uma família como um todo - como é o caso de sua empresa. Então a contabilidade da família Marinho, dona da Globo, também era tocada na tesouraria.

Há 20 anos, por volta dos anos 2000, resolveu empreender. A empresa começou por acaso, envolvendo uma amiga sua de adolescência, com quem também fez teatro: a atriz Camila Pitanga. Quando Camila e sua irmã, Ingrid, começaram a ficar famosas, pediam ajuda para que Sigrid as ajudasse a administrar a grana que ganhavam. Assim, de boca a boca, de ajuda informal em ajuda informal, Sigrid diz que se via trabalhando e fazendo esses outros trabalhos em seus horários de almoço.

“A Camila chegou para mim e falou assim: ‘Amiga, por que você não faz isso da vida? A gente precisa de alguém de confiança, você é tão boa nisso’”. Então Sigrid ligou para uma amiga da faculdade e as duas se fortaleceram juntas, pediram demissão de seus respectivos empregos e começaram a tocar o próprio escritório.

Atualmente, sua empresa, com sede no Rio e escritório em São Paulo, atua cuidando dos aspectos econômicos, financeiros, tributários e acessórios de cerca de 350 famílias clientes.

Fonte: Redação Terra
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