O general Wojciech Jaruzelski, último dirigente da Polônia comunista, morreu neste domingo (24) aos 90 anos, segundo a agência local PAP.
A informação foi transmitida à agência pelo ex-presidente polonês Aleksander Kwasniewski.
Em julho de 2011, Jaruzelski havia divulgado que sofria de um câncer nas glândulas linfáticas.
Nascido em 6 de julho de 1923, Jaruzelski foi deportado com a família para um campo de trabalhos forçados na Sibéria pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de ter sofrido nas mãos soviéticas, ele impôs a vontade de Moscou em sua nação subjulgada até o colapso do comunismo pela região em 1989.
A Polônia ainda é dividida na visão que tem de Jaruzelski: se o enxerga como um traidor que fez o trabalho sujo de Moscou ou se como um patriota que tomou uma decisão agonizante para evitar uma sangrenta invasão soviética.
O nome de Jaruzelski levanta os ânimos principalmente pelo qe mais ficou conhecido: ter decretado lei marcial no país em 1981, principalmente para colocar o Solidariedade, primeiro movimento pró-democracia e sindicato independente do bloco comunista, do líder Lech Walesa, na clandestinidade.
Um de seus principais assessores, o dissidente comunista Adam Michnik, acredita que o general não tinha escolha. "Se você tivesse que escolher entre a lei marcial e uma intervenção militar russa, você não hesitaria", disse Michnik em entrevista à agência Associated Press. "É claro que era o menos pior."
Jaruzelski preferiria ser lembrado pelas negociações que apoiou oito anos depois, em 1989, e que ajudaram a desfazer o regime e pavimentaram o caminho para as primeiras eleições parcialmente livres no país desde a Segunda Guerra Mundial. "Um trágico crente no comunismo que fez um pacto com o demônio na boa fé" - é como a escritora croata Slavenka Drakulic o descreveu.
Jaruzelski foi sucedido pelo próprio Walesa na presidência um ano depois.