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Nova Temporada

Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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Morre Jean Stapleton, atriz da série ‘Tudo em Família’

Jean Stapleton, a atriz que deu vida à Edith Bunker, uma das personagens mais importantes da história das séries americanas, faleceu na última sexta-feira, dia 31 de maio, em Nova Iorque, aos 90 anos de idade. Edith foi um dos símbolos da TV americana na década de 1970. Personagem que representou as transformações pelas quais […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 06h07 - Publicado em 2 jun 2013, 12h30

Jean Stapleton, a atriz que deu vida à Edith Bunker, uma das personagens mais importantes da história das séries americanas, faleceu na última sexta-feira, dia 31 de maio, em Nova Iorque, aos 90 anos de idade.

Edith foi um dos símbolos da TV americana na década de 1970. Personagem que representou as transformações pelas quais as mulheres mais velhas sofreram com o avanço do feminismo e a forma como elas absorveram essas mudanças sociais, Edith foi tão importante para a história das séries de TV quanto Mary Richards (de Mary Tyler Moore).

Na época atriz de teatro que tinha feito poucos trabalhos na TV, Jean foi escolhida por Norman Lear para dar vida à Edith na série Tudo em Família. Esta foi a principal produção do filão conhecido como ‘topical sitcoms’ (séries que se apoiavam em temas sociais e políticos para fazer humor). Como muitas outras produções, esta era um remake de uma série britânica chamada Till Death Us Do Part, criada por Johnny Speight (falecido em 1988) e produzida entre 1965 e 1975.

Adaptada por Norman Lear, a série americana (que chegou a sustentar o título de Those Were The Days quando ainda estava em desenvolvimento de projeto) definiu o rumo das sitcoms da década de 1970 ao discutir abertamente temas como sexualidade, aborto, menopausa, câncer, estupro, racismo, uso de drogas, situação política, feminismo, machismo, diferenças de classe sociais, vida e morte, etc. Eram exploradas a consciência e os sentimentos dos personagens juntamente com as situações nas quais se envolviam, fazendo com que eles deixassem de ser apenas a caricatura ou alegoria de algo. Esta foi a melhor fase da comédia televisiva americana.

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Jean na década de 1950

Justamente por seu conteúdo, a série quase não viu a luz do dia. Originalmente desenvolvido para a rede ABC, que temia ofender e gerar conflitos com seus anunciantes e audiência, o projeto de série teve seus direitos adquiridos pela CBS onde trocou o título de Those Were The Days para All in The Family.

Filmada diante de uma audiência, pelo sistema de videotape (que barateava seu custo), a série estreou no dia 12 de janeiro de 1971. Dividindo a crítica, Tudo em Família não conseguiu conquistar a audiência de imediato. Mas a CBS insistiu, permitindo que a sitcom continuasse a existir. Como recompensa, com o tempo a série conseguiu se transformar em uma das produções mais populares de seu período. Indicada a 58 prêmios Emmy, Tudo em Família ganhou um total de vinte e dois (três deles para Jean). A produção chegou a ser exibida no Brasil pela Rede Bandeirantes, mas foi retirada do ar em pouco tempo. Dizem que foi censurada por seu conteúdo.

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Na história, Archie (Carroll O’Connor, falecido em 2001), um homem preconceituoso da classe operária, casado com Edith (Stapleton), uma mulher humilde totalmente dedicada ao marido, que a trata com desprezo. Morando no bairro do Queens de Nova Iorque, o casal tem uma única filha, Gloria (Sally Struthers), uma jovem que sonha em ter um relacionamento melhor que o de seus pais. Para desespero do pai, ela se casa com Michael Stivic (Rob Reiner), filho de poloneses que morreram em um acidente de carro. Os dois ainda eram estudantes e não tinham dinheiro para se sustentar sozinhos. Por isso, Gloria decide continuar morando na casa dos pais com seu marido. Mais tarde, depois que Michael consegue se formar, eles se mudam com o filho para a Califórnia.

Jean Judy Holliday em ‘Essa Loira Vale Um Milhão’

Enquanto Archie representa a mentalidade da sociedade tradicional que deseja manter as tradições americanas, Michael defende os movimentos da contracultura da década de 1960. Liberal e defendendo os direitos da mulher, Michael não se sente muito seguro quando sua esposa começa a absorver as mudanças sociais. Mesmo assim, dá seu apoio, especialmente quando Gloria tenta fazer com que Edith também mude.

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A série teve um total de nove temporadas e 208 episódios produzidos. Tudo em Família gerou a média de 28 milhões de telespectadores ao longo de sua exibição, sendo que o último episódio conquistou sozinho 40 milhões. Ao longo de sua trajetória, a série gerou cinco spinoffs: Maude, The Jeffersons, Gloria, Archie Bunker’s Place e 704 Hauser, sendo que Maude e The Jeffersons também geraram spinoffs.

Archie Bunker’s Place também foi estrelada por Carroll O’Connor, foi produzida quando Tudo em Família chegou ao fim. A série foi encomendada pela CBS que estava interessada de continuar em explorar a fama da produção original. Assim, Archie e Edith se tornam proprietários de um bar. Ao ser renovada, a série sofreu uma importante baixa no elenco. Jean decidiu dizer adeus à Edith. Assim, quando a segunda temporada estreou, o público foi informado que Edith morreu vítima de um derrame. Archie Bunker’s Place teve um total de quatro temporadas e 97 episódios.

O elenco de ‘Tudo em Família’

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Enquanto Mary Richards (de Mary Tyler Moore) retratou a vida da jovem mulher americana que busca se estabelecer profissionalmente, mantendo o controle de sua vida pessoal, Edith representou a imagem da dona de casa, que tem enraizada uma cultura e um comportamento estabelecido pela sociedade tradicional. Ainda dependente do marido, e culturalmente limitada, Edith foi absorvendo as mudanças, tornando-se uma mulher mais confiante a ponto de mudar sua postura dentro de casa, o que influenciou no seu relacionamento com o marido.

Jeanne Murray nasceu no dia 19 de janeiro de 1923, em Nova Iorque. Seu pai trabalhava com outdoor e sua mãe era uma cantora de ópera. Aos 18 anos de idade, Jean começou a trabalhar como secretária e datilógrafa para pagar os custos de seu curso de arte dramática, que ela fazia à noite. Atuando em teatro regional, ela chegou na Broadway, onde integrou o elenco de musicais como Bells are Ringing, Funny Girl e Bon Appétit (versão musical da vida de Julia Child).

A atriz chegou na TV na década de 1950, tendo participações em teleteatro e episódios de séries. Ao longo de sua carreira, ela foi vista em Dr. Kildare, O Pimentinha, As Enfermeiras, Os Defensores, Car 54, Where Are You?, Cidade Nua, Rota 66, Meus Filhos e Eu, O Show da Patty Duke, The Muppet Show, Scarecrow and Mrs. King, Teatro dos Contos de Fada, O Barco do Amor, O Teatro de Ray Bradbury, Grace Under Fire, Tudo Por Um Gato, Murphy Brown, Everybody Loves Raymond e O Toque de Um Anjo.

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Jean em 2002

Por curiosidade, no episódio de Os Defensores no qual apareceu, Jean interpreta a proprietária de uma pensão que acusa um de seus inquilinos de assassinato. Esse personagem foi interpretado por O’Connor.

Além de Tudo em Família e Archie Bunker’s Place, Jean também estrelou a sitcom Bagdad Cafe, versão para a TV do filme alemão de 1987. Também estrelada por Whoopi Goldberg, a série foi produzida entre 1990 e 1991, com um total de quinze episódios. A produção foi cancelada porque Goldberg entrou em conflito com os produtores e decidiu deixar a série.

No cinema, a atriz esteve em filmes como O Parceiro de Satanás, Essa Loira Vale Um Milhão, Uma Cidade Contra o Vício, Klute – O Passado Condena, O Processo, Michael – Anjo e Sedutor e Mensagem Para Você.

Entre 1957 e 1983, Jean foi casada com o diretor William Putch, com quem teve dois filhos, a produtora Pamela Putch e o ator John Putch. A união chegou ao fim com a morte do marido.

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