Christian Dior: 7 criações da marca que contam a história do estilista - Vogue | moda
  • Guilherme de Beauharnais
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Christian Dior: 7 criações da marca que contam a história do estilista (Foto: Getty Images)

Christian Dior: 7 criações da marca que contam a história do estilista (Foto: Getty Images)

Christian Dior. Um nome sinônimo de luxo, glamour – e mistério. Afinal, quem foi essa figura que revolucionou a moda em poucos anos, da fundação de seu ateliê, em 1947, até sua morte precoce, exatamente uma década depois?

3rd November 1954:  French fashion designer Christian Dior arrives from Paris at Victoria, London, to attend his fashion parade, which is being held at Blenheim Palace in aid of the British Red Cross.  (Photo by Edward Miller/Keystone/Getty Images) (Foto: Getty Images)

Christian Dior em 1954 (Foto: Getty Images)

Na história da ateliê Dior, é fácil lembrar de criações e momentos icônicos nascidos nas mãos de nomes como Yves Saint Laurent, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, John Galliano, Raf Simons e Maria Grazia Chiuri, sucessores de Christian. Mas o que exatamente começou com o fundador e que ainda é referência hoje?

Na data que marca os 117 anos desde o nascimento de Christian Dior, em 1905, separamos 7 criações que fazem parte do DNA da maison:

Le couturier Christian Dior donnait une conférence sur la mode à la Sorbonne, avec la présentation des modèles Haute Couture dont le modèle présenté le "Tailleur bar", à Paris, France, le 4 avril 1955.  (Photo by Keystone-France\Gamma-Rapho via Getty Imag (Foto: Gamma-Keystone via Getty Images)

 (Foto: Gamma-Keystone via Getty Images)

1 – O New Look
Impossível falar de Dior sem citar o tailleur Bar, que entrou para a história da moda como ‘New Look’. Essa expressão (“novo olhar”) foi exclamada por uma editora de moda americana, impressionada com as novidades do primeiro desfile solo de Christian Dior, em 1947.

Para Christian Dior, a jaqueta acinturada e a saia ampla não eram exatamente uma novidade. Ele já havia experimentado com a mesma silhueta em anos anteriores, quando trabalhava nos ateliês de Lucien Lelong e Robert Piguet. Mas para as mulheres que sobreviveram à escassez da guerra, o visual que transbordava tecido era extremamente atraente.

Christian Dior RESORT 2022 (Foto: Divulgação/ Dior)

Christian Dior Resort 2022 (Foto: Divulgação/ Dior)


Em 2022, o tailleur Bar, batizado em homenagem ao bar do Hôtel Plaza Athénée, continua um sucesso – e é um queridinho de Maria Grazia Chiuri, atual diretora-criativa da casa. No ano passado, ele foi revisitado e ganhou bordados inspirados na tradição estética grega. Todo o processo criativo foi gravado e se tornou o assunto do documentário The Greek Bar Jacket, lançado pela marca em janeiro desse ano.

30th November 1956:  The fashion house of Christian Dior, London, reveals its Spring Collection. 'Caracas' is an evening dress of rose-printed shantung in the fashionable 'Empire-Line'.  (Photo by George W. Hales/Fox Photos/Getty Images) (Foto: Getty Images)

1956 (Foto: Getty Images)

2 – Rosa e cinza: as cores favoritas
Da decoração de seu ateliê aos tecidos de suas roupas, Christian Dior jamais escondeu sua paixão pelo cinza e o rosa.

Nascido e criado na Normandia, ele passou a primeira infância brincando nos jardins da elegante mansão cor-de-rosa da família, chamada Les Rhumbs. A pintura da construção, sempre em contraste com o céu nublado do Canal da Mancha, teve uma impressão duradoura na mente do estilista.

FRANCE - MAY 14:  Opening Of The Christian Dior Museum At Granville On May 14Th, 2005 In Granville, France.  (Photo by Serge BENHAMOU/Gamma-Rapho via Getty Images) (Foto: Gamma-Rapho via Getty Images)

Casa de Dior em Granville (Foto: Gamma-Rapho via Getty Images)


O cinza era também um favorito de Maria Antonieta, que adorava usar a cor na decoração. A rainha francesa era uma referência de estilo para Christian Dior, que não deixou escapar esse detalhe na hora de decorar seu próprio ateliê na 30 Avenue Montaigne, em Paris, junto com o arquiteto Victor Grandpierre.

Model Wearing DIOR Haute Couture during 2005 Paris Fashion Week - Haute Couture - Fall/Winter 2005/2006 - DIOR - Runway at Polo de Paris in Paris, France. (Photo by Toni Anne Barson Archive/WireImage) (Foto: WireImage)

 (Foto: WireImage)


John Galliano foi um dos primeiros a valorizar essa cartela de cores herdada pelo fundador (notoriamente no desfile de alta-costura no outono de 2005). Maria Grazia Chiuri também honrou esse aspecto, com seus looks acinzentados para a temporada de alta-costura em julho do ano passado.

A woman holding a bottle of Miss Dior perfume by Christian Dior, December 1954. The half ounce flagon is presented in a Baccarat crystal bottle, and costs 6 pounds, 19 shillings. (Photo by Housewife/Getty Images) (Foto: Getty Images)

Miss Dior (Foto: Getty Images)

3 – Miss Dior: paixão por perfumes
Em 1947, junto com a primeira coleção de alta-costura, Dior também introduziu uma fragrância de rosas, gardênias e jasmim. Além de lembrar o costureiro de sua infância na Normandia, a criação era cheia de referências.

O frasco de vidro, primeiro criado pela empresa Annebicque e depois pela luxuosa Baccarat, tinha o formato de uma ânfora grega. Dior era apaixonado pela cultura antiga greco-romana, mas o formato (ainda usado hoje em outros perfumes da marca, como o J’Adore) também era uma ode à nova silhueta feminina que ele propunha com suas roupas.

Quanto ao nome, o perfume foi provisoriamente batizado de Castor. A origem do codinome é desconhecida, mas a ideia de chamá-lo de Miss Dior surgiu quando Catherine, a irmã favorita do costureiro, apareceu de repente no ateliê e foi recebida por Mitzah Bricard, uma das musas do estilista, com uma exclamação: “Voilà, aqui está Miss Dior!”

2nd August 1963:  'Miss Dior'  talc, perfume and bath oil by Christian Dior.  Harrods  (Photo by Chaloner Woods/Getty Images) (Foto: Getty Images)

Miss Dior (Foto: Getty Images)

4 – Estampas e padronagens
Mais do que apenas os florais românticos, dois desenhos eram muito importantes para Christian Dior. O houndstooth, tradicional na alfaiataria inglesa, era um deles. O estilista considerava a padronagem um de seus amuletos da sorte, já que a utilizou com sucesso no casaco de um conjunto que criou enquanto ainda trabalhava para Robert Piguet, em 1939.

O design rendeu a Dior seu primeiro grande reconhecimento na moda e, em 1950, ele resolveu decorar as caixas do perfume Miss Dior com a mesma padronagem.

Bricard em 1954, vestindo full look de leopardo (Foto: Association Willy Maywald/ADAGP, 2021 e Divulgação)

Bricard em 1954, vestindo full look de leopardo (Foto: Association Willy Maywald/ADAGP, 2021 e Divulgação)

Outra estampa favorita: as manchas de leopardo. Presentes até hoje em muitos acessórios e peças da marca, eram as favoritas de Mitzah Bricard, a socialite e musa do estilista que também dirigiu o ateliê de chapéus da Dior.

 Christian Dior ao lado de Mitzah Bricard, uma de suas maiores musas e colaboradoras, em 1949.  (Foto: Association Willy Maywald/ADAGP, 2021 e Divulgação)

Christian Dior ao lado de Mitzah Bricard, uma de suas maiores musas e colaboradoras, em 1949. (Foto: Association Willy Maywald/ADAGP, 2021 e Divulgação)


Obcecada pelas “panther prints”, ela não deixou Christian ignorá-las. Nem Maria Grazia escapou da influência de Mitzah, que inspirou profundamente a coleção de pre-fall 2021 da Dior.

Pétalas e espinhos: obsessão pelas rosas (Foto: Reprodução/ Instagram @victoiredecastellane)

Pétalas e espinhos: obsessão pelas rosas (Foto: Reprodução/ Instagram @victoiredecastellane)

5 – Pétalas e espinhos: obsessão pelas rosas
Apesar da fixação com os lírios-do-vale (sua flor da sorte), Christian Dior também era fortemente atraídos por rosas. Nos jardins de sua casa de infância, havia pelo menos 20 tipos diferentes da flor.

De estampas e perfumes até bordados e aplicações, muitas foram as vezes em que o costureiro referenciou a rosa. Hoje, ela aparece com frequência nos produtos da marca, incluindo as criações de Victoire de Castellane, diretora do ateliê de joias da Dior.

Em janeiro, a marca lançou a linha de braceletes Bois de Rose, que evocam em metais preciosos os caules cheios de espinhos da flor.

BIRMINGHAM, UNITED KINGDOM - OCTOBER 31:  Princess Diana, Patron, Opening The National Institute Of Conductive Education At Cannon Hill House, Russell Road, Moseley, Birmingham.  The Princess Is Wearing A Black And White Houndstooth Check Suit And She Is  (Foto: Tim Graham Photo Library via Get)

 Princesa Diana  (Foto: Tim Graham Photo Library via Getty)

6 – Amor de princesa: a Lady Dior
Criada nos anos 90 sob a direção criativa de Gianfranco Ferré, a bolsa Lady Dior nasceu nos ateliês da marca com o nome Chouchou. Apesar de sua criação décadas após a morte do fundador, o acessório é pura referência.

Os pespontos característicos da bolsa lembram a palha trançada (cannage) das cadeiras em estilo Napoleão III, que Christian Dior escolheu para decorar os salões do ateliê na Avenue Montaigne.

Uma das primeiras edições da bolsa foi entregue de presente à princesa Diana pela primeira-dama francesa Bernadette Chirac, durante uma viagem à Paris em 1995. Graças à Diana, a bolsa se tornou um sucesso internacional e foi rebatizada como Lady Dior.

PARIS, FRANCE - FEBRUARY 27:  A model, bag detail, walks the runway during the Christian Dior show as part of the Paris Fashion Week Womenswear Fall/Winter 2018/2019 on February 27, 2018 in Paris, France.  (Photo by Peter White/Getty Images) (Foto: Getty Images)

 (Foto: Getty Images)

7- A revolução da Saddle
Em sua carreira, John Galliano nunca passou despercebido. Suas criações se tornaram icônicas e seus 15 anos como diretor-criativo da Dior foram repletos de momentos marcantes. A temporada de primavera 2000 da marca foi um deles, quando o estilista inglês introduziu nas passarelas a bolsa Saddle. O modelo nada tinha a ver com a herança clássica de Christian Dior, mas conquistou a geração Y2K e virou queridinha nas mãos de personalidades como Paris Hilton, Nicole Richie e até Sarah Jessica Parker em Sex & The City.

Depois de um tempo afastado, o acessório teve um retorno triunfal com Maria Grazia Chiuri em 2018, que introduziu detalhes mais preocupados com as raízes da casa, como a estampa de leopardo.