Altitude, brasileiros e mais: Bolívar sonha com título da Libertadores | futebol internacional | ge

Por Rafael Bizarelo — Rio de Janeiro


Algoz do Athletico-PR e adversário do Internacional, o Bolívar permite-se sonhar com um título inédito da Conmebol Libertadores. Com investimento do Grupo City, o clube boliviano busca competir com gigantes do continente. Ao ge, os brasileiros Bruno Sávio e Francisco da Costa, jogadores do “Celeste”, comentam sobre o ambiente no clube e a expectativa para o confronto desta terça-feira.

Veja imagens do estádio Hernando Siles, onde Inter vai enfrentar o Bolivar pela Copa

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Acompanhe em Tempo Real a Bolívar x Internacional a partir das 19h (de Brasília) desta terça-feira.

A classificação para as quartas de final da Libertadores foi a primeira de um time boliviano desde 2017, quando o Jorge Wilstermann avançou pelo Atlético-MG. O Bolívar não chegava tão longe desde 2014, quando caiu nas semifinais para o San Lorenzo, da Argentina.

Para o meia Bruno Sávio, é possível "fazer história".

— Sabemos que temos condições. Claro que vamos respeitar a equipe deles (Internacional), mas vamos buscar fazer história e chegar o mais longe possível. O jogo da vida. Estamos trabalhando muito pois sabemos da qualidade da equipe deles, mas também sabemos da nossa e o quanto estamos trabalhando.

Bruno Sávio chegou no Bolívar em 2021, foi negociado com o Al-Ahly, do Egito, e voltou ao clube neste ano. Junto dele, está o atacante Francisco da Costa, o Chico. Com 35 participações em gols no ano passado (foram 24 gols e 11 assistências), ele passou um período emprestado ao Atlético Nacional, da Colômbia. Agora está de volta.

Francisco da Costa (D) e Bruno Sávio no Bolívar — Foto: Divulgação/Bolívar

— É de se admirar a campanha que a gente vem fazendo. A gente tratou de respeitar o máximo o Athletico, mas sempre sabendo que a gente tinha condição de conseguir a classificação. A empolgação agora é de realmente saber que a gente pode repetir esse feito diante do Inter — comentou o atacante.

Para Chico, é importante sonhar alto. Por enquanto, ainda é necessário manter os pés no chão e passar pelo próximo desafio: o Internacional, bicampeão da Liberta, que avançou nos pênaltis contra o River Plate.

— Não dá para sonhar com a semifinal e com a final se a gente não passar pelas quartas. A gente não só quer chegar na semi, como o sonho é jogar a final no Rio de Janeiro. Agora o que nos corresponde, no momento, é enfrentar o Inter. Mas esse grupo tem a pretensão e a ilusão de fazer história dentro do clube.

Atacante brasileiro Francisco da Costa foi destaque no título do Bolívar, com 10 gols, dois na final com o The Strongest — Foto: Divulgação/Bolívar

Em quase 10 anos, muita coisa mudou no Bolívar. O clube, soberano em títulos nacionais (23), passou a dividir protagonismo com outras equipes. The Strongest, Jorge Wilstermann e Always Ready foram alguns clubes que complicaram a vida do Bolívar nos últimos anos.

O cenário voltou a ser favorável ao Bolívar em 2021, quando o clube iniciou uma parceria com o City Football Group, que comanda o Manchester City e outros nove clubes pelo mundo. O grupo não é dono do Bolívar, presidido por Marcelo Claure, empresário e CEO do Softbank Group, um dos responsáveis por salvar o clube da falência em 2008.

Com o Grupo City, o projeto do Bolívar é o “Plano Centenário”, que traz metas ousadas para os 100 anos do clube, que serão completados em 2025. Entre elas estão a inauguração de um estádio para mais de 20 mil torcedores, o aumento em quase três vezes da renda anual, a construção de um centro de treinamento de primeiro mundo e, é claro, títulos.

Veja o projeto para o novo estádio do Bolívar

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— Acredito tem crescido muito o futebol boliviano, muito pelo que está fazendo Marcelo Claure. Acredito que em alguns anos todos vão olhar mais para a Bolívia. Ele tem construído um dos melhores centros de treinamento, agora está fazendo o estádio também. A tendência que comece a sair mais jogadores para outros países — disse Bruno Sávio.

O Bolívar pretende, além de manter o domínio no cenário nacional, tornar-se o primeiro clube boliviano a vencer a Copa Sul-Americana ou chegar à final da Libertadores. A seu favor, a equipe conta com um fator que sempre incomoda os adversários do continente: a altitude.

O Estádio Hernando Siles, casa do Bolívar, é o que conta com a altitude mais alta da atual Libertadores. Em La Paz, são 3.600 metros acima do nível do mar, algo que exige mais da capacidade física do atleta, e pode causar náusea, fadiga e sensação de falta de ar. Recentemente, Fernando Diniz, técnico do Fluminense e da seleção brasileira, classificou a altitude como "quase criminosa".

Estádio Hernando Siles está a 3.600 metros do nível do mar — Foto: José Tramontin/Athletico

Para Bruno Sávio, é necessário adaptação para acostumar-se com a altitude, mas também existe o efeito contrário. Sair das montanhas da Bolívia para jogar a nível do mar é uma dificuldade.

— Sempre me senti super tranquilo com a altitude. Acredito que quando se tem tempo para adaptação é tranquilo. Muda um pouco até mesmo para mim (jogar fora da altitude). O tempo de bola e a velocidade mudam.

O efeito para Chico não foi igual ao de Bruno. Ao contrário do compatriota, o atacante sentiu mais dificuldades ao tentar se adaptar na altitude, mas não encontrou problemas em partidas ao nível do mar.

Bolívar receberá o Palmeiras no Estádio Hernando Silles — Foto: Divulgação/Bolívar

Nesta edição da Libertadores, o Bolívar segue 100% em casa: foram quatro vitórias (duas contra os brasileiros Palmeiras e Athletico-PR), nove gols marcados e apenas dois sofridos. Fora de casa, o time não vai tão bem: três derrotas e apenas uma vitória.

O jogo de ida será no Hernando Siles, nesta terça-feira, às 19h. A volta, no Beira-Rio, será no mesmo horário, mas no dia 29 de agosto.

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