Em uma rara manifestação política da realeza britânica, o príncipe e herdeiro do trono, William, pediu nesta terça-feira o fim dos combates na Faixa de Gaza "o mais rápido possível", a "necessidade urgente" de aumentar a ajuda humanitária aos palestinos no enclave e a libertação dos reféns. Os comentários foram feitos durante suas visitas a instituições de caridade em Londres que trabalham no Oriente Médio, compromissos que deverão chamar atenção e reconhecer simbolicamente o sofrimento das pessoas atingidas pelo conflito. Também está programada para a próxima semana uma visita a uma sinagoga para abordar as preocupações sobre o antissemitismo.
William, em discurso citado pela imprensa britânica, disse estar "profundamente preocupado" com o que chamou de "terrível custo humano" do conflito desencadeado no dia 7 de outubro com o ataque terrorista do Hamas contra Israel, que matou 1,2 mil pessoas e fez mais de 240 reféns. Em resposta, o Estado judeu tem perpetrado bombardeios e incursões terrestres contra o enclave palestino, controlado pelo grupo desde 2007. Mais de 29 mil palestinos morreram desde então, sendo a maior parte das vítimas mulheres e menores de idade.
— Muitas pessoas foram mortas — disse William, acrescentando: — Eu, como muitos outros, quero ver o fim dos combates o mais rápido possível. Há uma necessidade urgente de aumentar o apoio humanitário a Gaza. É fundamental que a ajuda chegue e que os reféns sejam libertados.
O príncipe William, durante uma visita à sede da Cruz Vermelha Britânica nesta terça, ouviu agentes que prestam ajuda humanitária no Oriente Médio e conversou com aqueles que trabalham em Gaza para ouvir os relatos em primeira mão sobre as dificuldades e a pressão. Na próxima semana, a última do mês de fevereiro, o príncipe visitará uma sinagoga, onde falará a jovens de diversas origens e etnias para chamar a atenção sobre as preocupações que circundam o antissemitismo.
O herdeiro do trono foi o primeiro membro sênior da realeza britânica a fazer uma visita oficial a Israel e aos territórios palestinos, em junho de 2018, numa viagem classificada como "histórica" pelo Palácio de Kensington. De acordo com a imprensa local, a construção de pontes entre religiões e o combate à intolerância religiosa é uma das causas de seu pai, o rei Charles III, diagnosticado com câncer no início deste mês, aos 75 anos. Em outubro, o rei disse estar consternado com os "atos bárbaros de terrorismo".
Devido ao tratamento, ele foi aconselhado pelos médicos a adiar as visitas e compromissos públicos. Em outubro do ano passado, Charles, segundo a BBC, falou da "dolorosa perda de vidas" no conflito do Oriente Médio e apelou ao respeitos entre as diferenças culturais e religiosas.
A pressão internacional e interna contra Israel tem se intensificado, à medida que o conflito avança, para a proteção dos civis, aumento da entrada de ajuda no enclave palestino e a resolução de um acordo para a libertação dos reféns remanescentes. Recentemente, o anúncio da incursão terrestre à cidade de Rafah, no sul do enclave palestino, que abriga milhões de deslocados aumentou ainda mais a pressão, inclusive de seu aliado mais próximo, os Estados Unidos.
No domingo, a declaração do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, na qual compara a ofensiva do país em Gaza com o Holocausto, levou a uma crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, embora para auxiliares do presidente, a fala tenha tido como objetivo aumentar a pressão sobre o Estado judeu.