Fernando e Isabel: as luzes e sombras dos Reis Católicos - O Catequista
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Quarta, 03 Janeiro 2018 18:41

Fernando e Isabel: as luzes e sombras dos Reis Católicos

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Uma união que mudou o curso da História da Península Ibérica, da Europa Ocidental, e talvez do mundo inteiro. A Rainha Dona Isabel de Castela e o Rei Dom Fernando II de Aragão são um casal um tanto controverso, mas que a gente respeita! Graças a eles, os invasores muçulmanos foram expulsos daquelas terras, e Cristóvão Colombo descobriu a América.

Não foi um casamento por amor, mas pelo conteúdo afetuoso das cartas trocadas entre o casal, percebemos que a paixão surgiu entre eles – e também muitos tormentos. Isabel de Castela e o Dom Fernando de Aragão se casaram quando eram ainda adolescentes, e quando não eram reis ainda.

Fernando tinha a ficha suja: quando se casou com Isabel, aos 16 anos, outra mulher já estava grávida de um filho seu. Este seria Afonso de Aragão, futuro arcebispo de Saragoça. Após o casamento, o Fernando cometeu o mesmo pecado diversas outras vezes, e teve ao menos outros três filhos bastardos. Isabel se via muito humilhada com essa situação, que era do conhecimento de toda torcida do Flamengo.

Isabel, por sua vez, era uma esposa fiel e religiosa. Mas não foi considerando a santidade do casal (que muitas vezes faltava) que o papa espanhol Alexandre VI (o vergonhoso papa Bórgia) lhes concedeu o título de Reis Católicos. Com sua grande força militar e política, Fernando e Isabel prestaram serviços de grande valor para a Santa Sé.

Os reinos da Península Ibérica eram separados e independentes, e seus líderes viviam brigando entre si. Fernando e Isabel promoveram a unificação da Espanha e a elevaram a uma grande potência. Sua influência era internacional, pois tendo eles apoiado a famosa viagem de Cristóvão Colombo, tinham amplos direitos sobre a exploração do novo continente.

O afeto mútuo não impedia que houvesse pequenas disputas entre o casal. Como Rainha de Castela, Isabel sempre buscou deixar clara a sua posição politicamente superior ao marido – ela era a Rainha reinante, ele era o rei consorte, a quem ela generosamente dera plenos poderes de mando. 

As maiores tragédias na vida de ambos foram as mortes de dois de seus filhos: o príncipe herdeiro Juan, em 1497, e a filha mais velha, que se chamava Isabel, como a mãe. A sucessão do trono da monarquia espanhola acabou caindo no colo da terceira filha dos Reis Católicos, Joana, a louca. Seu grave desequilíbrio psicológico foi causa de grande desgosto para Isabel, em seus últimos tempos de vida.

CONFLITOS ENTRE A INQUISIÇÃO ESPANHOLA E A SANTA SÉ

Como parte do projeto de unificação da Espanha e de segurança nacional, os Reis Católicos implementaram a Inquisição Espanhola nos seus reinos. O papa concedeu a autorização para a abertura desse tribunal na Espanha muito a contragosto, mas temendo temer o apoio militar do reino, não viu outra saída, senão ceder. Afinal, os muçulmanos estavam no seu cangote, e o Vaticano não tinha exército para se garantir.

Daí em diante, a coroa espanhola e a Santa Sé entraram em conflito diversas vezes, gerados pelo desacordo em relação às práticas abusivas da Inquisição Espanhola. A postura da coroa, em geral, era ignorar solenemente as cartas papais com pedidos de mudanças na forma de condução do Tribunal.

Reis Catolicos

A TREMULAÇÃO DO ESTANDARTE REAL

Antes de morrer, Fernando II de Aragão fez um testamento onde registrou o seu desejo de que todos os anos, diante de seu túmulo, fosse realizada uma cerimônia em memória da tomada de Granada, que deu fim à ocupação muçulmana na Península.

Por isso, todos os anos, no dia 2 de janeiro, acontece na Catedral de Granada a tradicional Tremolación del Pendón, em que uma réplica do estandarte que foi usado pelas tropas reais na batalha final da Reconquista tremula diante dos túmulos dos Reis Católicos. Forte e comovente!

Abaixo, um pequeno trecho da cerimônia realizada em 2017:

 Nesse mesmo ano, enquanto a histórica bandeira desfilava pelas ruas da cidade, muitos gritavam: "España cristiana, nunca musulmana!". 

27802 Quinta, 04 Janeiro 2018 03:56

Comentários   

+1 # Leonard 03-02-2022 19:24
Como se deu a inquisição na Península Ibérica? Julgamentos? Houve mortes?
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+1 # A Catequista 13-02-2022 14:20
Sim, houve mortes. O nosso livro sobre as Inquisições e Cruzadas explica:
https://www.americanas.com.br/produto/133266646?epar=bp_pl_00_go_liv_todas_geral_gmv&opn=YSMESP&WT.srch=1&gclid=CjwKCAiA9aKQBhBREiwAyGP5lcIF8B6fxUZ2SnWm1UmW-wypvdSn2Rs2thS4tBajUKgw8Ch1VJ1GkhoCgGwQAvD_BwE
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+8 # Helenna 28-03-2018 03:04
Se Fernando e Isabel não tivessem lutado contra os islâmicos, hoje toda a europa já seria islâmica. Aliás, corre há tempos no Vaticano um processo de beatificação de Isabel.
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+2 # YURI RADD 18-03-2018 02:05
Essa cena é da série Ministério do Tempo. Ela é espanhola.
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+3 # Andre Luis 09-01-2018 13:58
Deus escreve certo, por linhas tortas...
... que somos nós!

O Amor ama suas criaturas exercendo a caridade para com elas; e nos convidando pelo exemplo: "PEQUENINO NASCEU EM BELÉM."

(cf. 1Cor 13)

abraços.
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+1 # Sidnei 05-01-2018 00:29
Que ironia, estes reis se casaram para realizar a unificação da Espanha e ainda conseguiram expulsar os muçulmanos da península ibéria, hoje, a Catalunha quer se separar do resto da Espanha, e depois outras regiões irão querer seguir o exemplo, e pimba, lá estará a península ibéria como um espelho quebrado, cheios de cacos, como era antes desta unificação, e ainda, com a volta dos muçulmanos na península, desta vez sem levantar nenhuma espada, mas, através da corrente imigratória dos refugiados que estão não só invadindo a Espanha, mas toda a Europa. Em vez de os espanhóis evoluir, estão indo cada vez mais para trás.
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+9 # Fernando Caldas 05-02-2019 00:30
Sou cidadão espanhol. Posso lhe garantir o seguinte: a Catalunha jamais será independente! Em primeiro lugar, porque a Espanha é indivisível, segundo reza a sua Constituição. Em segundo lugar, porque isso só seria possível, em caso extremo, por meio de uma guerra. Neste caso, é óbvio que o restante da Espanha aniquilaria a Catalunha! Em uma eventual interferência externa, a Espanha certamente receberia o apoio de toda a União Europeia e dos EUA.
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    Uma das perguntas que mais recebemos aqui no blog: “Suas publicações contam com a análise e acompanhamento de algum padre? Vocês falam em nome da Igreja?”.

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    Em março deste ano, o Papa Francisco escreveu uma carta ao Cardeal Marc Ouellet denunciando o clericalismo como “uma das maiores deformações que a América Latina precisa enfrentar” (veja aqui).

    O clericalismo é a mania de achar que o leigo, para evangelizar (mesmo fora das estruturas da paróquia ou diocese), necessariamente deve ser coordenado por um membro do clero.

    O Papa Francisco disse claramente, em homilia na Casa Santa Marta (17/04/2013): não é preciso fazer parte de uma elite clerical para sermos capazes de pregar a Boa Nova. Não mesmo! O BATISMO É SUFICIENTE PARA EVANGELIZAR.