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DORMIR EM UM MAR DE ESTRELAS – CHRISTOPHER PAOLINI | RESENHA

DORMIR EM UM MAR DE ESTRELAS – CHRISTOPHER PAOLINI | RESENHA

Dormir Em Um Mar de Estrelas é o mais novo livro de Christopher Paolini, autor da famosa série ‘Ciclo da Herança’, que recebeu o Goodreads Choice Awards como o melhor livro de ficção científica do ano de 2020 e foi lançado no Brasil em 2021 pela Editora Rocco.

Dormir em um Mar de Estrelas

Autoria:
Christopher Paolini

Editora:
2021

Ano de lançamento:
2021

Páginas (nº):
832

Título original:
To Sleep in a Sea of Stars

Gênero:
Ficção Científica
Tradução: Ryta Vinagre
Classificação indicativa: 16+
Aviso de conteúdo: assassinato (menção)

O livro se passa num futuro longínquo, muitos anos depois que os humanos colonizaram outros planetas – e essa busca continua. Por isso, equipes de cientistas são sempre os primeiros a chegar em possíveis colônias – que vão desde planetas, luas, e até mesmo meteoros, para avaliar a segurança para os colonizadores.

Kira Navárez faz parte de uma dessas expedições. Seu trabalho como xenobióloga a levou longe de casa, em um esforço para explorar e descobrir vidas alienígenas. Eles nunca foram encontrados, mas resquícios de sua arquitetura já foram descobertos.

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Dormir Em Um Mar de Estrelas
Livro Dormir Em Um Mar de Estrelas

O Encontro com um xenobionte

Já no fim de mais uma exploração, um material orgânico foi apontado por um drone, e Kira se oferece para explorar. Ela acaba caindo no que parece ser uma caverna, e acaba fazendo a descoberta dos seus sonhos – um material que parece ser uma relíquia alienígena. Infelizmente esse material não parece amistoso, e ela descobre involuntariamente um segredo adormecido e mortal.

Uma pilha de poeira negra cobria o pé. Uma poeira fervilhante que se mexia. Era despejada da bacia, descia do pedestal e ia para o seu pé.

Dias depois, Kira acorda em uma nave militar, e descobre que hospeda uma tecnologia alienígena simbiótica, levando a um incidente de grandes proporções. Sem rumo, ela é resgatada por uma nave espacial – a Wallfish, tripulada por uma equipe de desajustados, que resolvem se unir a Kira em uma missão para acabar com uma guerra alienígena.

Enquanto leitora de ficção científica, estava bem animada para encarar esse calhamaço – mais de 800 páginas. Principalmente por conta da profissão da protagonista, que é bióloga como eu. Então, entrei com altas expectativas.

escritor Dormir Em Um Mar de Estrelas

Um mundo quase perfeito! Em Dormir em um Mar de Estrelas

Primeiro, é preciso salientar que é um futuro interessante, já que raça, gênero e sexualidade não têm uma determinação de valor. As pessoas são o que são, e isso não implica em divisão. Não há estranhamento nem em relação a religião. Claro que não poderia ser perfeito… as estruturas de poder continuam criando divisões, e o sistema de classes, baseado em onde vivem, continua forte e operante. Inclusive, quanto mais próximo se está do sol, mas poder e riqueza a pessoa possui.

“Pensar que toda a humanidade até apenas trezentos anos antes vivia e morria naquela única bola de lama. Todas aquelas pessoas, aprisionadas, incapazes de se aventurar entre as estrelas, como Kira e muitos outros conseguiram fazer.”

Não há muitas discussões filosóficas, nem mesmo sobre o colonialismo, que vai ser aparente no livro, e ainda assim passa com neutralidade.

Mais que isso, o que chama atenção no texto é a parte científica. Fica claro que o autor estudou física, astronomia, tecnologias, buscando conhecimento com cientistas, de forma a criar um mundo verossímil, e com o máximo de exatidão científica que conseguisse. As descrições sobre como se davam as viagens no espaço são um deleite para físicos – e um pouco cansativas para leigos, já que Paolini se estendia em alguns momentos, nos quais eu só queria saber da ação. Ainda assim, vejo mais como mérito do que como problema.

Dormir Em Um Mar de Estrelas

Inclusive, ao final do livro, há uma lista com artigos de pesquisa, apêndices sobre como o autor chegou em alguns dos cálculos, e até mesmo um dicionário com algumas das terminologias usadas.

Quando o início fofo já dá indícios que vem problema, muitos problemas…

Com relação a trama, os personagens são incríveis. O início é cheio de cenas fofas – o que deixa a gente bem desconfiada para o quem tem por vir. A Kira é muito forte. Ela passa por algumas situações bem complexas, não sei de onde tirou forças. É fácil se identificar com ela, ainda que encare situações que a gente sabe que vai dar muito errado. Mas ela amadurece em suas escolhas, até entender qual será seu papel em toda essa guerra.

Os tripulantes da Wallfish foram os melhores para mim – os desajustados sempre rendem os personagens mais carismáticos. Queria mais desenvolvimento deles, que estiveram muito presentes em cenas de ação espetaculares, mas não tiveram destaque em relação à construção de cada um deles. Particularmente o Cérebro de Nave – um ser humano que é o responsável pelos milhões de cálculos e variáveis, e que tem uma construção bem esquisita, para dizer o mínimo. Greg ainda por cima é bem instável, e rende cenas bem divertidas.

Kira Naváres sempre sonhou com novos mundos até que despertou um pesadelo

Vale a pena conhecer Kira de Dormir em um Mar de Estrelas

“Todo mundo faz merda. Como você lida com isso é quem determina quem você é.”

Entretanto, o ritmo foi muito inconstante, com capítulos de ações frenéticas, seguidos por capítulos em que nada acontecia. Por isso foi difícil me manter na história, que também não parecia ter um objetivo final definido. Além disso, a quantidade de informações fornecidas requer tempo para processar e absorver.

E, ainda que apresentado como um livro único, o final deixa muitas possibilidades em aberto, e é quase certo – do meu ponto de vista, que se o livro encontrar um bom público, o autor poderá trazer mais momentos desses personagens. Eu saí desse livro com uma cicatriz a mais no coração…

Enfim, um livro que levou 9 anos para chegar ao público, que vem como uma declaração de amor para o gênero, e que recomendo para quem gosta de ficção científica – mesmo se for leitor de jovem adulto, poderá ser uma leitura para ser levada com tempo e que não vai dar um nó completo no cérebro!

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