Foto: Wesley Cardozo

A capacidade do homem de inventar, de criar ficções, de imaginar coisas e crer coletivamente nelas, tudo isso está presente em “Ficções”, espetáculo que integra a mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba. A peça terá duas sessões no Teatro Guaíra, nos dias 30 e 31 de março, às 20h30.

“É uma peça que nos faz pensar sobre a condição humana”, resume Vera Holtz. A atriz leva ao palco um homo sapiens feminino, dentro da adaptação do livro “Sapiens – uma breve história da humanidade”, do professor e filósofo Yuval Noah Harari. O best seller é o ponto de partida do espetáculo.

“Buscamos outra forma de falar sobre esse sistema de crenças e capacidade incrível que temos de inventar histórias e acreditar coletivamente nelas. Com a mulher ocupando espaços com um discurso feminino diferenciado, o diretor não via sentido fazer com um homo sapiens masculino”, explica Vera Holtz.

O monólogo, idealizado pelo produtor Felipe Heráclito Lima e escrito e encenado por Rodrigo Portella, marca o retorno de Vera aos palcos depois de três anos. E não é qualquer retorno. Indicada ao Prêmio Shell como melhor atriz pela atuação na peça, Vera se desdobra em personagens, canta, improvisa, conversa, brinca e instiga a plateia, interage com o músico Federico Puppi – autor e performer da trilha sonora original, com quem divide o palco.

“O desafio é essa ciranda de personagens, que vai provocando, atiçando o espectador. Não se pode cristalizar, tem que estar o tempo todo oxigenada”, afirma a atriz. Portella concorda: “É um espetáculo íntimo. Quem for lá vai se conectar com a Vera, ela está muito próxima, tem uma relação muito direta com o espectador”.

Instigado pelas questões trazidas pelo livro e pela inevitável analogia com as artes cênicas – por sua capacidade de criar mundos e narrativas –Portella criou um jogo teatral em que a todo momento o espectador é lembrado sobre a ficção ali encenada: “Um dos principais objetivos é explorar o sentido de ficção em diversas direções, conectando as realidades criadas pela humanidade com o próprio acontecimento teatral”, resume.

A estrutura narrativa foi outro ponto determinante no propósito do espetáculo. “Eu queria fazer uma peça que fosse espatifada, não é aquela montagem que é uma história, que pega na mão do espectador e o leva no caminho da fábula. Quis ir por um caminho onde o espectador é convidado, provocado a construir essa peça com a gente. É uma espécie de jam session. É uma performance em construção, Vera e Federico brincam com tudo, com os cenários, tem uma coisa meio in progress”, descreve.

Um desafio e tanto para segurar no palco que rendeu a Vera a escolha de melhor atriz no Prêmio Shell. Conforme ela, a atuação teve uma construção cercada e bem protegida, com inúmeras trocas de email com o diretor, bate-papos online e leituras abertas. “Foi um processo ágil, no qual fomos muito bem protegidos, com preparação de voz e de corpo por uma equipe profissional bem próxima”.

Sobre o sucesso da peça, Vera garante que foi uma surpresa. “É uma obra densa que teve de ser redimensionada para uma linguagem de palco. Quando você começa o processo de fazer uma adaptação, uma teatralização, você não cria muita expectativa. Mas ficamos muito motivados e o resultado só se completa com a presença do público, que é quem escolhe a obra”.

Presença feminina – Além de Vera Holtz, o feminino está presente na peça desde a concepção. A criação do espetáculo contou com a interlocução dramatúrgica de três mulheres: Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa. “Eram três mulheres provocando o diretor sobre o olhar da mulher”, explica a atriz. “Mesmo sem colaborar diretamente no texto, elas foram acompanhando, balizando a minha criação. Foram conversas que me ajudaram a alinhar a direção e o caminho que daria para o espetáculo”, finaliza Portella.

A Mostra Lucia Camargo é apresentada por Banco CNH Industrial e New Holland, Bosch, Novozymes, Copel e Sanepar – Governo do Estado do Paraná, com patrocínio de EBANX, DaMagrinha 100% Integral, GRASP e ClearCorrect. Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis, no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_curitiba.

Ficha Técnica:
A partir do livro “Sapiens – Uma breve história da Humanidade” de Yuval Noah Harari
Escrita e Encenada: Rodrigo Portella
Idealização: Felipe Heráclito Lima
Atuação: Vera Holtz
Performance e Trilha Sonora Original: Federico Puppi
Interlocução Dramatúrgica: Bianca Ramoneda, Milla Fernandez e Miwa Yanagizawa
Cenário: Bia Junqueira
Figurino: João Pimenta
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Preparação corporal: Toni Rodrigues
Preparação vocal: Jorge Maya
Programação visual: Carlos Nunes
Fotos: Ale Catan
Tradução Original: Jorio Dauster
Tradução e Revisão: Sonia Machado
Assistente de Dramaturgia: Milla Fernandez
Assistente de Direção: Cláudia Barbot
Assistente de cenário: Marieta Mendonça
Maquinária: Beto Almeida
Serralheiro: Sandro Gomes R Busto
Escultura: Clécio Régis e Cleber Régis
Adereço: Isaias Persan, Flavio Solano; Verônica Machado
Assistente de Figurino: Rodrigo Rosa e Tiago Mangueira
Visagismo: Zuh Ribeiro
Direção de Produção: Alessandra Reis
Gestão e Leis de Incentivo: Natália Simonete
Produção Executiva: Wesley Cardozo
Administração: Cristina Leite
Assessoria jurídica: Mário Pragmácio
Assessoria de Imprensa: Vanessa Cardoso
Programação Gráfica: Douglas Zacharias
Diretor de palco: Gerson Porto
Sonorização: Arthur Ferreira
Camareira: Lia Moreira
Produtores Associados: Alessandra Reis, Felipe Heráclito Lima e Natália Simonete

Serviço:
O que: Ficções, no 31.º Festival de Curitiba
Quando: 30/03 e 31/03, às 20h30
Onde: Teatro Guaíra
Valores: R$ 80 e R$ 40 / (mais taxas administrativas)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.
Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.