Conheça a história de Várzea Grande, que completa 157 anos

Os Guanás e os Bororos formavam a população nativa tradicional que habitava Várzea Grande na época da Guerra do Paraguai

O município de Várzea Grande completa 157 anos de fundação nesta quarta-feira (15). Rica em cultura e um povo trabalhador, a cidade é a segunda maior de Mato Grosso. Sua origem está ligada à Guerra do Paraguai e dos indígenas Guanás. Ouça a reportagem da Centro América FM.

Para ter direito ao benefício, os contribuintes devem se enquadrar em alguns requisitos. (Foto: Reprodução)
Várzea Grande completa 157 anos. (Foto: Reprodução)

Muitos não conhecem a cultura e a sua história, que resistem há anos. Um exemplo disso são as rendeiras. Elas levam a arte das redes por séculos. Há uma associação formada por 50 mulheres que, além de preservar o passado, auxiliam nas vendas. A presidente do Tece Arte, Gilane Maria, diz que as redes vendidas geram renda para 200 famílias da comunidade.

“Nossa cultura é reconhecida como patrimônio cultural e material de Várzea Grande, do nosso estado de Mato Grosso. Nossa cultura é de Várzea Grande porque nós somos daqui, é nossa identidade, nossas raízes. Antigamente, tinha outras mulheres de outras comunidades que faziam, mas infelizmente hoje em dia não tem mais, inclusive nossa cultura estava quase em extinção, mas depois de muitas lutas e motivar as mulheres da nossa comunidade que estavam desacreditadas, nós conseguimos fazer com que elas voltassem a confeccionar, conseguimos fazer o resgate. Porém ainda temos uma longa missão pela frente, que é perpetuar a nossa tradição, pois os jovens de hoje em dia não querem dar continuidade nessa tradição tão linda”, relata a presidente.

Essas peças são consideradas pelo Sebrae como as melhores do Brasil. “Estamos entre os 100 melhores artesanatos no Brasil, então para a gente é muito orgulho poder representar a nossa cidade e nosso estado de Mato Grosso, por ser uma peça única, inédita, somente feita aqui”, completa.

A história de Várzea Grande está intimamente ligada ao poder. Especificamente à Guerra do Paraguai entre 1865 e 1870. Foi quando as tropas do presidente do Paraguai, Solano Lopes, invadiram a região sul de Mato Grosso, que era unificada naquela época, como explica o historiador, Suelme Evangelista Fernandes.

“Naquela época, Mato Grosso era uno, ele invadiu a região de Corumbá, Dourados, e isso criou um conflito internacional entre o Brasil e o Paraguai. O Brasil acabou sagrando-se vencedor nessa guerra. Parte dos prisioneiros dessa guerra vieram para Cuiabá e foi constituindo um assentamento de prisioneiros de guerras ali na beira, onde hoje é a ponte Júlio Müller, que liga Cuiabá a Várzea Grande, do lado direito do rio. Estabeleceu-se um presídio enorme e ali também já habitavam os indígenas chamados Guanás”.

Os Guanás e os Bororos formavam a população nativa tradicional que habitava Várzea Grande. “Várzea Grande sempre foi uma paragem, ou seja, um lugar de passagem para Vila Bela da Santíssima Trindade, do outro lado do rio e um local que se utilizava as balsas para atravessar de um lado do rio para o outro. Não existia ponte nesta época”, completa Suelme.

Em 1867, ocorreu então a emancipação desse terceiro distrito de Cuiabá, que era Várzea Grande, exatamente dois anos do fim da Guerra do Paraguai. Essas pessoas que estavam lá já tinham constituído um pequeno povoado com aproximadamente 5 mil pessoas e que requereram a emancipação política.

“Por isso que a maioria dos monumentos de Várzea Grande são dedicados a heróis de guerra do Paraguai. A história de Várzea Grande tem a ver com a história da Guerra do Paraguai e dos indígenas Guanás”, finaliza.

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