Opinião: Académica – uma geração fantástica
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Opinião: Académica – uma geração fantástica

27 de agosto às 13h26
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Não deixa de ser curiosa, mas oportuna a homenagem que a Académica/SF fez ao Manuel António. Eu diria, antes, reconhecimento, como certamente defenderia o Dr. Francisco Soares se estivesse entre nós!
“Nunca permitirei que me façam uma homenagem, porque ao fazê-lo estão a dizer que eu já não sirvo para mais nada”! Francisco Soares.

Curiosa, porque é a secção de futebol da AAC a fazer, e não o Organismo Autónomo de Futebol, e oportuna, porque existe uma razão objectiva, a meu ver, para tal acto!

A sua geração, que afinal também a minha, poderá ser a última que poderá dizer que são veteranos da Académica. Jogaram futebol, viveram a Cidade, dignificaram a Universidade, perfumaram o futebol em Portugal.

Foi uma geração de luxo, com nomes ímpares no futebol e na cidadania.

Lembro-me ainda de ver jogar a geração do Capela, do Bentes, do Mário Torres e do Wilson, o velho Capitão, do Malícia, entre outros, que nos motivavam e estimulavam para sermos pretos na sua verdadeira dimensão.

Nos desaparecidos cafés – de grande saudade Arcádia e Brasileira – os “Lentes” da nossa Universidade “ajudavam a fazer na linha” discutiam até à exaustão quem deveria jogar no Domingo! Sim, no Domingo, porque esse era o dia de ir ao futebol. Não como agora que o futebol – e de grande qualidade direi eu – que se joga em qualquer dia, a qualquer hora e em qualquer local! A banalização a troco de uns cobres!

É do Professor Doutor Afonso Rodrigues Queiró a célebre frase, “só conheço uma cor, o (a) preto (a), porque o resto são manchas”!

Os jovens de Coimbra, que salvo raras excepções eram adeptos dos “descolorados” que sofriam a bom sofrer quando se deslocavam a Coimbra, ou mesmo nos seus próprios estádios, eram todos adeptos da Académica!

Fosse onde fosse, no Continente ou no Império, ninguém ficava indiferente aos êxitos da nossa “Briosa” equipa de estudantes!

A geração do Manuel António, foi a de Gervásio, Vitor Campos, estes, meus particulares e grandes Amigos de quem tenho sempre grande saudade, Mário Campos, Maló, Rui Rodrigues, Vieira Nunes, Curado, Marques, Valido, Artur Jorge, Crispim, Ernesto, etc, que tantas alegrias nos deram, não esquecendo o fenómeno Augusto Rocha que faz a transição de uma para outra geração, o qual tinha uma qualidade imensa.

Era a Académica/futebol de causas, que sempre esteve contra a ditadura e que sempre se recusou a servir! O contrário dos dias de hoje, porque “ser serviçal” faz parte do ADN de alguns!

Ter saudades não é estar velho; é recordar o que fomos, reflectir sobre o que somos, para perceber o que seremos! E mudar, porque mudar é preciso… para sermos!

De grande Instituição, respeitada pelos seus valores e princípios, estamos paulatinamente a caminhar para o abismo e naturalmente para o esquecimento, se nada se fizer de diferente!

Eu gostaria que fosse deixado um legado, nosso, porque estes são os veteranos, só, da nossa história. Para os nossos filhos, uma outra história, deixamos apenas um legado de discussão sobre se para a Académica é melhor uma SAD ou uma SDUQ, e se o emblema é alugado, vendido ou cedido! Uma trapalhada, com uns cachopos a ter laivos de gente crescida!

Sinais dos tempos dirão uns… sinal do tempo, direi eu! Só que atrás de um tempo, outro tempo virá!

Força, determinação, solidariedade, inteligência, trabalho, competência, SER ACADÉMICA, direi eu!

Dar um abraço, a partir daqui ao Manuel António, é abraçar todos os que, “jogadores” futebol ou de outra qualquer modalidade, envergaram e dignificaram a camisola da nossa alegria!

Por fim, mesmo por fim, mas da mais elementar justiça, uma palavra sentida para todos os Presidentes e dirigentes do futebol da Académica, tantas vezes esquecidos, mas que sempre tiveram um papel importante, diria mesmo decisivo, na afirmação da nossa Instituição.

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