O Conselho da União Europeia (UE) anunciou nesta terça-feira (14) a prorrogação da missão de treino militar em Moçambique até 30 de Junho de 2026, com um orçamento previsto de 954,1 milhões de meticais (14 milhões de euros) para os próximos dois anos.
Em comunicado, a entidade anunciou também que vai “adaptar os objectivos estratégicos da missão devido à alteração das circunstâncias, transitando, assim, de um modelo de treino para um de assistência, com aconselhamento e treino especializado às Forças de Reacção Rápida (QRF) e as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM)”.
Na sequência desta alteração estratégica, a UE informou que vai renomear a missão, que deixará de se chamar “Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ)”, passando a designar-se “Missão de Assistência Militar da UE em Moçambique (EUMAM Mozambique)”, com efeitos a partir de 1 de Setembro de 2024.
Desde a sua estadia no País, a EUTM-MOZ, liderada por Portugal, formou mais de 1650 militares moçambicanos das forças especiais que já combatem o terrorismo em Cabo Delgado, no norte.
“Formámos, até ao momento, um pouco acima dos 1650 militares especializados em forças especiais, quer fuzileiros, quer de comandos […]. Formámos também já, mais de uma centena de formadores”, detalhou recentemente o brigadeiro-general João Gonçalves, da Força Aérea Portuguesa, que lidera a EUTM-MOZ.
“Estamos a capacitar as FADM com formadores para serem autónomos e continuarem a manter este ciclo de formação e ciclo de vida das próprias QRF [11 Forças de Reação Rápida já formadas], porque elas têm de ser regeneradas”, acrescentou.
Os comandos e fuzileiros moçambicanos formados pela EUTM-MOZ já estão no terreno, numa altura em que está em curso a retirada das forças militares dos países da África Austral que apoiavam Moçambique no combate ao terrorismo.
“Estamos convencidos de que o treino e o número de militares em treinamento é decisivo na abordagem ao conflito em Cabo Delgado”, sublinhou.
A missão de formação EUTM-MOZ integra 119 militares de 13 Estados-membros, mais de metade de Portugal, mas tem a particularidade de integrar outros dois países, fora da União Europeia, que contribuem com um militar cada, casos da Sérvia e de Cabo Verde.
Através do Mecanismo Europeu para a Paz, a União Europeia apoiou ainda as Forças Armadas moçambicanas com 6 mil milhões de meticais (89 milhões de euros) para a aquisição de equipamento não letal para as unidades treinadas pela EUTM-MOZ.