O papel polêmico que Leonardo DiCaprio se recusou a fazer e mudou a carreira de Christian Bale: 'Não significava nada' | Filmes | Monet

Por Redação MONET

A carreira de Christian Bale poderia ter se desenrolado de uma forma muito diferente não fosse Leonardo DiCaprio ter recusado um papel hoje considerado icônico.

O ano era 1998. Bale, então com 24 anos, já havia participado de alguns filmes de sucesso modesto, como Adoráveis Mulheres (1994); mas seu maior destaque até então havia sido como o menino que se torna um prisioneiro de guerra em Império do Sol (1987), drama assinado por Steven Spielberg. Por isso, o ator galês era lembrado mais como um "talento mirim" do que como um jovem adulto pronto para estrelar outros filmes ou, quem sabe, ser um herói ou um galã.

O ator Christian Bale em Império do Sol (1987) — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale em Império do Sol (1987) — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale no filme Adoráveis Mulheres (1994) — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale no filme Adoráveis Mulheres (1994) — Foto: Divulgação

Já Leonardo DiCaprio, que nasceu no mesmo ano que Bale, havia recentemente entrado para a "lista A" de Hollywood. Após o sucesso do romance Romeu + Julieta (1996), o norte-americano ainda protagonizou o blockbuster Titanic (1997), que arrecadou mais de US$ 1,8 bilhão na época e bateu o recorde maior bilheteria da história (hoje, a obra de James Cameron fica em 4º lugar no ranking de arrecadação global).

Claro que, depois desse fenômeno, não faltavam produtores querendo contratar o jovem superastro, que havia conseguido encantar tanto os críticos quanto adolescentes mundo afora (a obsessão dos fãs ganhou um apelido na mídia: "Leo-mania").

Leonardo DiCaprio em Titanic (1997) — Foto: Divulgação
Leonardo DiCaprio em Titanic (1997) — Foto: Divulgação

Entre os papéis oferecidos a DiCaprio em 1998 estava o de um jovem banqueiro de Nova York que esconde um lado sinistro. A Lionsgate Filmes havia adquirido os direitos de Psicopata Americano, o perturbador romance de Bret Easton Ellis publicado em 1991, e os executivos do estúdio estavam dispostos a pagar um cachê de US$ 20 milhões para o astro de Titanic... que acabou mudando de ideia sobre a oportunidade.

Quem não gostaria de trabalhar com Leonardo DiCaprio?

Se o estúdio por trás de Psicopata Americano não tinha dúvidas do apelo comercial de DiCaprio, a diretora do filme, Mary Harron, estava certa de que ele não era uma boa escolha para interpretar o sanguinário Patrick Bateman. Quando um colega produtor telefonou para avisar que o galã havia sido selecionado, a resposta da cineasta foi: "Essa é a ideia mais estúpida que já ouvi".

O ator Christian Bale no filme Psicopata Americano (2000) — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale no filme Psicopata Americano (2000) — Foto: Divulgação

"Eu sentia que ele realmente não era adequado para o papel", justificou Harron ao site Vulture em 2020. "E, também, escolher uma jovem astro que era o ídolo de milhões de adolescentes? Isso é simplesmente se colocar no inferno; nunca seria possível fazer o roteiro do jeito que ele deveria ser feito, porque todos ficariam morrendo de medo disso."

Na verdade, a diretora já havia escolhido seu Patrick Bateman. Ela havia ficado impressionada com o teste de um "garoto inglês [sic] magricela" que tinha compreendido o papel do assassino perfeitamente, sem achá-lo "meio legal" como os outros atores.

"Christian [Bale] estava 100% dedicado ao personagem", relembra Harron, que apenas deu um conselho ao britânico: fazer um pouco de academia, já que Bateman malhava. Duas semanas depois, Bale ressurgiu com um corpo significativamente mais musculoso (o que não é surpresa para ninguém que conheça o seu trabalho atualmente).

O ator Christian Bale no filme Psicopata Americano (2000) — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale no filme Psicopata Americano (2000) — Foto: Divulgação

Vendo que Harron não queria trabalhar com DiCaprio de jeito nenhum, o produtor Ed Pressman insistiu para que a diretora ao menos conversasse com o ator. Ela se recusou. "Eu sabia que o acharia charmoso e depois acabaria aceitando a fazer o filme com ele", a cineasta admitiu à Vice em 2020.

"Você tem que confiar no seu instinto, senão vai ser um desastre. [O estúdio] iria mudar o roteiro e tentar tornar o personagem mais simpático, e isso só iria botar para perder tudo o que o longa realmente tinha."

Na entrevista à Vulture, Harron acrescentou que, a essa altura, a Lionsgate já havia decidido demiti-la. "DiCaprio queria um diretor grande e famoso. Ele tinha uma lista [com nomes como] Stanley Kubrick, Martin Scorsese", relatou. "Acho que Ed queria que eu me encontrasse com DiCaprio porque pensava que talvez eu pudesse convencê-lo a me aceitar como diretora."

O ator Leonardo DiCaprio em Titanic (1997) — Foto: Divulgação
O ator Leonardo DiCaprio em Titanic (1997) — Foto: Divulgação

O escolhido para substituir Harron na direção de Psicopata Americano foi Oliver Stone, dos elogiados Platoon (1986), Nascido em 4 de Julho (1989) e JFK: A Pergunta que Não Quer Calar (1991). Junto com DiCaprio, o cineasta passou a reescrever o roteiro de Harron; de sátira, o filme passou a se tornar mais um drama psicológico. E foi aí que começaram as diferenças criativas entre os dois famosos, segundo Ed Pressman.

"Leo estava buscando soluções para coisas que não eram problemas quando ele veio para o filme. Então eles tiveram muitas reuniões tentando descobrir se poderiam trabalhar juntos", afirmou o produtor ao The Guardian em 2000. "À medida que o tempo passava, mais e mais perguntas surgiam na mente de Leo – que poderiam ter sido sobre o roteiro ou sobre outros fatores." Resultado? DiCaprio optou por sair do longa para estrelar A Praia (2000), de Danny Boyle, e a Lionsgate devolveu a direção a Harron com um pedido de desculpas.

O ator Leonardo DiCaprio no filme A Praia (2000) — Foto: Divulgação
O ator Leonardo DiCaprio no filme A Praia (2000) — Foto: Divulgação

DiCaprio comentou sua decisão ao The Morning Call logo após A Praia e Psicopata Americano estrearem. Contrariando o relato de Pressman ao The Guardian, o astro disse na época que não havia aceitado o papel de Patrick Bateman. "Li o roteiro e expressei certo interesse. Durante toda a fervura midiática de Titanic, isso se tornou algo maior do que era. Atores fazem isso o tempo todo. Eles dizem: 'Eu gosto desse roteiro'", declarou.

O ator justificou que, após o sucesso do drama de James Cameron, ele queria pensar em seus próximos papéis com mais calma e escolher aqueles que "mexessem" com ele. "Eventualmente, percebi que [Psicopata Americano] não resultava em nada e não significava nada no final", acrescentou o astro na entrevista.

O ator Leonardo DiCaprio — Foto: Getty Images
O ator Leonardo DiCaprio — Foto: Getty Images

Ninguém acreditava no potencial de Christian Bale

Inicialmente, Christian Bale ficou abalado quando ouviu a notícia de que DiCaprio havia sido escolhido para estrelar Psicopata Americano. Mas a decepção logo deu lugar à negação – e à obstinação. O galês continuou se preparando para viver Patrick Bateman nos cinemas, como se nada tivesse acontecido. "As pessoas me olhavam com preocupação e eu as encarava e dizia: 'Escutem, eu definitivamente vou fazer este filme!'", contou o ator à revista GQ em 2008. Ele tinha tanta certeza que DiCaprio deixaria o papel que, por nove meses, rejeitou outras oportunidades no cinema.

Após o astro de Titanic desistir do filme, a Lionsgate não devolveu o bastão a Bale de cara; antes, o estúdio contatou Ewan McGregor, que já havia ganhado reconhecimento internacional com Trainspotting (1996). Ao saber disso, Bale ligou para o colega escocês, com quem havia acabado de contracenar em Velvet Goldmine (1998), e lhe ordenou a não aceitar a oferta. "Liguei para algumas pessoas e deixei claro o meu compromisso, posso te dizer! Liguei para todos e disse que esse era meu papel. 'Não toque. Afaste-se. Se você não se afastar, é melhor entender com quem está lidando'", admitiu Bale, em tom bem-humorado, à GQ.

O ator Christian Bale — Foto: Getty Images
O ator Christian Bale — Foto: Getty Images

Por outro lado, houve pessoas que ligaram para Christian Bale justamente para tentar impedi-lo de estrelar Psicopata Americano. "Recebi uma quantidade enorme de telefonemas dizendo que seria 'suicídio de carreira”, contou o astro em entrevista à TV americana após o lançamento do longa. “Muitas pessoas falaram sobre Anthony Perkins em Psicose e diziam que, uma vez que você interpreta um vilão assim, nunca mais consegue interpretar nada diferente, porque você fica preso na imaginação de todo mundo como aquela pessoa."

Bale também lidou com o cepticismo de seus próprios colegas de elenco. Mas isso ele só foi descobrir quase 20 anos depois, quando reencontrou o ator Josh Lucas no set do drama Ford vs Ferrari (2019). “Ele me informou que todos os outros atores [de Psicopata Americano] achavam que eu era o pior ator que já tinham visto. Ele me disse que eles ficavam me olhando e falando sobre mim, dizendo, 'Por que Mary [Harron] lutou por esse cara? Ele é terrível'. Foi só quando [Lucas] viu o filme que ele mudou de ideia. Eu não fazia ideia que havia essas críticas”, disse Bale em conversa com o site MovieMaker em 2023.

Psicopata Americano marcou uma nova fase na carreira de Christian Bale

Psicopata Americano recebeu reações mistas em sua estreia no Festival de Cinema de Sundance, nos Estados Unidos. Enquanto alguns elogiaram o roteiro e também a atuação de Christian Bale, outros acharam o filme violento demais.

O fato é que viver Patrick Bateman nas telonas foi o oposto do "suicídio de carreira" que haviam previsto para o ator galês. O papel desvinculou o artista de Império do Sol e provou que ele poderia, sim, carregar filmes como um protagonista adulto. E mais: ele poderia ser um galã. Estava mais do que preparado para o jogo de Hollywood.

Christian Bale como Patrick Bateman no filme Psicopata Americano (2000) — Foto: Divulgação
Christian Bale como Patrick Bateman no filme Psicopata Americano (2000) — Foto: Divulgação

Depois de Psicopata Americano, Bale estrelou filmes como Reino de Fogo (2002), Equilibium (2002) e O Operário (2004). Seu maior sucesso veio cinco anos depois, com o elogiado Batman: Begins (2005). O ator voltou a interpretar o Homem-Morcego em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2011), e passou a aparecer entre os nomeados das principais premiações de cinema da América do Norte e do Reino Unido. Foram quatro indicações ao Oscar até hoje; a vitória veio com O Vencedor, de 2011.

O ator Christian Bale no filme O Vencedor (2011), que lhe rendeu um Oscar — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale no filme O Vencedor (2011), que lhe rendeu um Oscar — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale interpretou o Batman na Trilogia Cavaleiro das Trevas (2005-2011) — Foto: Divulgação
O ator Christian Bale interpretou o Batman na Trilogia Cavaleiro das Trevas (2005-2011) — Foto: Divulgação

Apesar de atualmente ser inegável que Bale faça parte da “lista A” de Hollywood, o ator acredita que ainda é preterido em relação a Leonardo DiCaprio. "Olha, até hoje, qualquer papel que alguém consegue é só porque ele recusou antes. Não importa o que digam; não importa o quão amigo você seja dos diretores. Todas as pessoas com quem trabalhei várias vezes – todas elas ofereceram cada um desses papéis a ele primeiro”, afirmou o galês à GQ em 2022. “Então, obrigado, Leo; porque ele literalmente pode escolher tudo o que faz. E isso é ótimo para ele; ele é fenomenal."

Perguntado sobre como essa situação o afeta, Bale garantiu que não fica ofendido por não ser a primeira opção dos estúdios. "Você tem ideia de quão grato eu sou por conseguir qualquer coisa? Digo, não consigo fazer o que [o DiCaprio] faz. Também não gostaria de ter a exposição que ele tem. E ele faz isso magnificamente. Mas eu suspeitaria que quase todo mundo que tem a mesma idade que ele em Hollywood deve suas carreiras a ele e suas recusas a qualquer projeto que seja."

Veja abaixo o trailer de Psicopata Americano, com Christian Bale no papel de Patrick Bateman:

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