É um princípio básico do pensamento sociológico o fato de que participamos sempre de algo maior do que nós próprios. A vida social não começa ou termina com o indivíduo; ela brota da inter-relação das pessoas e de todos os tipos de sistemas sociais, desde famílias até locais de trabalho, desde escolas e comunidades até sociedades. Por um lado, como indivíduos, somos aqueles que fazem os sistemas sociais acontecerem. Percebemos e interpretamos o mundo, situamonos em relação a ele, e decidimos de uma hora para outra o que dizer e fazer. Por outro lado, sistemas sociais fornecem os termos da vida social — os símbolos e idéias culturais e a estrutura das relações sociais. Estas, por sua vez, modelam como fazemos os sistemas acontecerem. Escolhemos a partir das alternativas que temos diante de nós; mas o leque de alternativas em função das quais escolhemos diz respeito antes de tudo a como os sistemas são agrupados. Nesse sentido, a vida social “acontece” como resultado de uma dinâmica contínua entre os sistemas e as pessoas que deles participam. Cada vez mais, o “algo maior” de que as pessoas participam abrange o mundo inteiro. Sistemas econômicos e políticos são os mais visíveis nessa tendência global; mas isso também vem acontecendo em sistemas de conhecimento, inclusive a sociologia, como a tradução deste livro do inglês para o português. A cultura brasileira e a minha própria nos Estados Unidos diferem bastante em diversos aspectos.