Pressionado, Putin nega planos de invadir 2ª maior cidade da Ucrânia e diz que vai avaliar proposta de cessar-fogo | Ucrânia e Rússia | G1

Guerra na Ucrânia

Por g1


O presidente russo, Vladimir Putin, abraça seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante visita a Pequim, na China, em 16 de maio de 2024. — Foto: Mikhail Metzel/ Sputnik via Reuters

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (17) que invadir e conquistar Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia e onde suas tropas têm avançado nas últimas semanas, não está nos planos de seu governo.

Nos últimos dias, forças russas avançaram nas linhas de frente ao redor de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, e Kiev admitiu ter tido de recuar. O avanço faz parte de uma nova ofensiva russa, que conseguiu romper com a paralisia que marcou a guerra na Ucrânia no último ano e conquistar mais território no país vizinho.

O plano da Rússia na região é criar uma espécie de "zona tampão", disse Putin, durante visita que faz esta semana na China em busca de mais apoio político e militar.

A fala acontece em meio a pressões internacionais para que Putin volte a negociar um cessar-fogo, ideia que chegou a ser considerada em 2022, quando suas tropas invadiram a Ucrânia, mas ficou parada nas mesas de negociações naquele mesmo ano.

O líder russo disse que discutiu com o presidente chinês, Xi Jinping, uma proposta feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, de uma trégua durante as Olimpíadas de 2024, que acontecerão na França em julho.

A visita de Putin à China acontece dias depois de o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinkin, também viajar a Pequim e pedir a Xi Jinping que pressionasse o aliado russo por uma trégua.

Durante a visita a Pequim, ele disse também ter conversado sobre paz com Xi Jinping, um dos seus únicos aliados atuais e o mais forte deles.

No entanto, o líder russo culpou a Ucrânia pela ofensiva em Kharkiv e voltou a acusar o presidente do país, Volodymyr Zelensky, de ter sido quem emperrou as negociações de paz.

"Sobre o que está ocorrendo na direção de Kharkiv, isso também é culpa deles (Ucrânia), porque eles bombardearam e continuam, infelizmente, a bombardear bairros residências na área, incluindo Belgorod (cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia)", acusou Putin.

Quando questionado por repórteres se havia planos para tomar o controle de Kharkiv, ele disse que "atualmente, não há esse plano".

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Nesta sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou duas leis polêmicas na tentativa de aumentar suas tropas:

Uma delas permite que presos condenados por crimes sirvam ao Exército e lutem na guerra. Outra aplica multas ao quem não responda a convocações das Forças Armadas.

Zelensky ainda não havia se pronunciado sobre as aprovações até a última atualização desta reportagem.

A convocação de presidiários para a guerra é uma das táticas que vêm sendo adotadas por Putin desde os primeiros meses de sua ofensiva na Ucrânia.

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O cenário de estagnação que marcou a guerra da Ucrânia durante cerca de um ano ficou para trás.

Aproveitando a demora da chegada de mais ajuda do Ocidente para tropas ucranianas, a Rússia conseguiu avançar sobre frentes de batalha no leste, criou novas no norte e agora se aproxima da conquista da segunda maior cidade ucraniana.

O governo da Ucrânia já trabalha com o cenário de uma ofensiva russa ainda maior nas próximas semanas. Pesa o fato de que, com a falta de ajuda do Ocidente, as forças da Ucrânia estão em menor número em infantaria, blindados e munições atualmente nas frentes de batalha.

Por isso, o Exército ucraniano está na defensiva ao longo da linha de frente, que tem uma extensão de cerca de 1.000 quilômetros, e tenta construir linhas de defesa mais fortes.

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, think tank dos Estados Unidos que monitora diariamente a situação nas frentes de batalha dos principais conflitos ativos no mundo, a situação na Ucrânia neste momento é a seguinte:

  • As forças russas têm avançando principalmente nos arredores de Kharkiv, com incursões no norte e nordeste da cidade, e estão perto de conquistá-la;
  • No leste, a posição atual da Rússia, de dominação de quase toda a região, permite que tropas do país possam escolher "múltiplas direções" para avançar em Avdiivka, em Donetsk;
  • Fora da Ucrânia, o Kremlin tem investido em uma campanha contra países da Otan, utilizando interferências no GPS e sabotando infraestruturas logísticas militares.

Além de ser a maior cidade depois da capital Kiev, Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, é também um importante centro industrial e científico da Ucrânia, além de ter se tornado um dos símbolos da resistência na guerra.

As tropas da região foram as que mais resistiram a ataques russos ao longos dos mais de dois anos de guerra. Por isso, uma eventual vitória da Rússia na cidade pode também ter um peso simbólico e ser uma das importantes da guerra.

Homem trabalha em construção de nova linha de defesa da Ucrânia na cidade de Kharkiv, no nordeste, em abril de 2024. — Foto: Evgeniy Maloletka/ AP

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