Chefe de família e salários mais baixos : quem são as mães do Brasil hoje
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Chefe de família e salários mais baixos : quem são as mães do Brasil hoje

Compilado de diversos estudos e levantamentos recentes traçam perfil básico da mãe brasileira

12 mai 2024 - 05h00
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Pesquisa do Datafolha indicou que 69% das mulheres têm ao menos um filho e que a idade média de todas as mães do país é de 43 anos
Pesquisa do Datafolha indicou que 69% das mulheres têm ao menos um filho e que a idade média de todas as mães do país é de 43 anos
Foto: Freepik

Elas são casadas ou solteiras? Estão na faixa dos 20,30 ou 40 anos? No Dia das Mães, celebrado neste domingo, 12, o Terra NÓS fez um compilado de diversos estudos e levantamentos recentes para mostrar um perfil básico da mãe brasileira. Acompanhe: 

Chefes de família

De acordo com pesquisa do Datafolha divulgada em maio de 2023, a maioria das mães brasileiras é solteira, viúva ou divorciada (55% do total), enquanto 45% vivem com um companheiro ou companheira. O levantamento, que entrevistou 1.042 mulheres acima de 16 anos em 126 cidades, também apontou que 69% das mulheres têm ao menos um filho e que a idade média de todas as mães do país é de 43 anos.

Em relação à escolaridade, 36% das mulheres sem filhos ingressaram na universidade, enquanto 9% estudaram apenas até o fundamental. O Datafolha apurou ainda que 28% das mulheres com filhos até 12 anos têm o fundamental completo, número que vai a 42% entre as mães de jovens de 13 a 17 anos. Em ambos os grupos, só 17% das mulheres completaram o ensino superior.

A pesquisa mostrou ainda que a probabilidade de uma mulher sem filhos ter estudado até o ensino superior é 112% maior do que na fatia de mães de crianças pequenas. Entre as mães solo,18% estão desempregadas, proporção que cai para 8% entre as casadas ou com companheiro.

O levantamento aponta que a disparidade econômica é alta inclusive entre as mães mais recentes, que têm filhos de até 12 anos. Nesse grupo, 44% das mães solo vivem mensalmente com até R$ 1.212, valor referente ao antigo salário mínimo. Entre as casadas esse índice cai pela metade (21%).

Dos 75 milhões de lares brasileiros, 50,8% têm liderança feminina
Dos 75 milhões de lares brasileiros, 50,8% têm liderança feminina
Foto: Freepik

Conforme dados anunciados em março de 2023 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres. Dos 75 milhões de lares, 50,8% têm liderança feminina, o correspondente a 38,1 milhões de famílias. Já as famílias com chefia masculina somam 36,9 milhões. As mulheres negras lideram 21,5 milhões de lares (56,5%) e as não negras, 16,6 milhões (43,5%), no 3º trimestre de 2022.

Mães solo

O número de mulheres que cuidam sozinhas de seus filhos aumentou 17% entre 2012 e 2022, passando de 9,6 milhões para mais de 11 milhões. Os dados são de um estudo conduzido pela economista Janaína Feijó, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que classificou como mães solo as mulheres que têm filhos e não contam com a presença de um cônjuge para ajudar nas responsabilidades que envolvem a criação de um filho. 

Segundo o estudo, 90% desse aumento (1,5 milhão) veio de mães solo pretas e pardas, que passaram de 5,4 milhões para 6,9 milhões entre 2012 e 2022.

Conforme análises do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), nem todas as mulheres que criam seus filhos sozinhas são vítimas de abandono por parte do genitor da criança. Muitas passaram a escolher ficar sozinhas com os filhos porque os relacionamentos não deram certo, para sair de relações abusivas ou para se verem livres de situações de violência.

De acordo com o estudo, mais de 70% dessas mães vivem apenas com seus filhos. Esse contigente inclui majoritariamente mulheres negras (cerca de 7 milhões) que moram no Norte e Nordeste do país. 

O levantamento da FVG apontou que mães solo enfrentam mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho e, quando conseguem uma ocupação, têm uma renda média inferior a de grupos como mulheres e homens casados e com filhos. O rendimento do trabalho das mães solo no Brasil foi estimado em R$ 2.105 por mês no quarto trimestre de 2022, valor que ficou quase 39% abaixo da renda dos homens casados e com filhos (R$ 3.438).

Número de mulheres que cuidam sozinhas de seus filhos aumentou 17% entre 2012 e 2022,  passando de 9,6 milhões para mais de 11 milhões
Número de mulheres que cuidam sozinhas de seus filhos aumentou 17% entre 2012 e 2022, passando de 9,6 milhões para mais de 11 milhões
Foto: Freepik

O estudo da economista foi elaborado a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e focou nas mães solo de 15 a 60 anos que são consideradas pessoas de referência nos seus lares. As comparações são feitas com pais e mães da mesma faixa etária que estão em relações conjugais.

Os números refletem em um menor nível de instrução dessas mulheres e em dificuldades para se equiparar aos homens no mercado de trabalho. A situação é ainda mais crítica para as negras, com mais da metade delas, 58%, tendo no máximo o ensino fundamental completo e apenas 8,9% com nível superior. 

Maternidade tardia

O número de mulheres que escolheram se tornar mães com mais de 40 anos cresceu 65,7% em 12 anos (de 64 mil para 106,1 mil de 2010 a 2022) conforme a pesquisa "Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil" divulgada pelo IBGE no último mês de março. 

Outra faixa etária que apresentou alta (19,7%) no período foi a de 30 a 39 anos. No entanto, pelo quinto ano consecutivo, a taxa de nascimentos caiu no Brasil. Em 2022, o país teve 2.542.298 nascidos, o que representa queda de 3,5% na comparação com o ano de 2021, que somou 2.635.854 bebês.

Apenas dois estados brasileiros tiveram aumento no número de nascimentos: Santa Catarina apresentou aumento de 2,0% nos registros de bebês nascidos e Mato Grosso, com 1,8%.

O levantamento do instituto também mostrou que 39% dos bebês nascidos em 2022 tinham mães com 30 anos ou mais, o que representa que as mulheres estão se tornando mães cada vez mais tarde.

Em relação à gravidez na adolescência, no ano de 2022, o Brasil registrou uma queda de 14% de meninas que se tornaram mães antes dos 15 anos. Houve uma queda em todos os estados, com exceção de Amapá e Mato Grosso, que tiveram aumento de 13% e 19%, respectivamente. Ocorreu também uma queda no número de mulheres que tiveram filhos antes dos 20 anos. Em 2020, o percentual era de 21,6%, e caiu para 12,1% em 2022.

Segundo o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam), divulgado pelo Ministério das Mulheres no último mês de abril, no ano de 2022, das mulheres brancas que tiveram filhos, 66,1% foram por partos cesáreos. Para as mulheres indígenas, essa proporção foi de 25,7%. Elas são as que mais se aproximam da taxa ideal de cesáreas indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Sistema Único de Saúde (SUS) recomenda que as gestantes tenham, ao menos, sete consultas de atendimento pré-natal. Em 2022, 75,2% das mulheres grávidas brasileiras tiveram acesso ao atendimento adequado, ou mais que adequado, e realizaram o número de consultas recomendadas pelo SUS. Ou seja, ocorreu um significativo aumento no acesso ao pré-natal adequado no país, na última década. Em 2013, o percentual era de 63,1%.

O número de mulheres que escolheram se tornar mães com mais de 40 anos cresceu 65,7% em de 2010 a 2022 segundo o IBGE
O número de mulheres que escolheram se tornar mães com mais de 40 anos cresceu 65,7% em de 2010 a 2022 segundo o IBGE
Foto: Freepik

Dupla jornada

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Infojobs apontou que 83% das mulheres afirmaram que vivenciam a dupla jornada de trabalho, com a realização de atividades domésticas e serviços de cuidado com crianças e familiares idosos.

Desse total, 45% dizem não contar com uma rede de apoio ou com a ajuda de parceiros. A pesquisa foi feita entre fevereiro e março deste ano, com a participação de 742 pessoas que se identificam com o gênero feminino, de 18 a 60 anos.

O cenário reflete bem as condições de vida da população feminina brasileira e são corroborados pelo IBGE. Segundo os dados mais recentes do instituto, por exemplo, das quase 7 milhões de mulheres entre 15 e 29 anos não estudavam nem estavam ocupadas em 2022, 36,5% afirmaram que não buscaram trabalho porque precisavam cuidar dos afazeres domésticos ou tomar conta de parentes.

Em 2019, conforme o estudo "Outras Formas de Trabalho" da Pnad Contínua 2022, as mulheres dedicavam 10,6 horas a mais do que os homens aos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas. Em 2022, essa diferença era de 9,6 horas.

Apesar dessa pequena redução, 92,1%% das mulheres com 14 anos ou mais realizaram afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas em 2022, enquanto apenas 80,8% dos homens desse grupo etário estavam envolvidos nessas atividades. Os homens da região Nordeste mostraram a menor taxa de realização: 73,9%.

A divisão das tarefas domésticas permanece desigual mesmo entre os trabalhadores: em média, as mulheres ocupadas dedicaram 6,8 horas a mais do que os homens ocupados aos afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas em 2022.

9 mães que fizeram história no Brasil 9 mães que fizeram história no Brasil

Fonte: Redação Nós
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