Cena de
Cena de "Cantando na Chuva", comédia musical em cartaz no Teatro Sergio Cardoso - Foto: João Caldas Fo/Divulgação

Cantando na Chuva, a comédia musical em cartaz no Teatro Sergio Cardoso, tem a seguinte apresentação: “Baseado no clássico filme da Metro-Goldwyn-Mayer, por um acordo especial com Warner Bros, Theatre Ventures, Inc. Músicas publicadas por EMI, todos os direitos administrados por Sony/ATV Music Publishing LLC”. A julgar pelo calibre das megacorporações da indústria cultural, o espetáculo não veio para brincadeira. Mas, ironicamente, é pela pura diversão que o espectador deve sair de casa para assistir à montagem imortalizada no cinema por Gene Kelly.

Um dos melhores musicais de todos os tempos é um desafio, per si, para as inúmeras montagens que ganhou mundo afora. A história de 1952, uma ode à indústria cinematográfica, traz o astro do cinema mudo Don Lockwood (Rodrigo Garcia) em uma fase de transição para a era do som nas telonas. A chegada da tecnologia põe à prova o romance de fachada que mantinha com Lina Lamont (Fefe Muniz), dona de uma voz horrível, e entre números musicais ele acaba se acertando com seu verdadeiro amor, Kathy Selden (Gigi Debei).

O musical, com grande elenco, destaca ainda o personagem Cosmo Brown, amigo de Lockwood e interpretado por Mateus Ribeiro. É a partir dele que a montagem ganha leveza e as necessárias pitadas de humor. A versão brasileira de Cantando na Chuva segue a toada dos musicais: muito glamour, pouca economia para compor uma cenografia espetaculosa e contar com figurinos impecáveis. A ideia é transportar o espectador para a era de ouro de Hollywood, quando o mundo parecia girar nas produções dos grandes estúdios cinematográficos.

Com direção geral de John Stefaniuk (reconhecido por seu trabalho em The Lion King e Barber Creek Breakaway), Cantando na Chuva tem sua versão brasileira sob responsabilidade de Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethahler. Os produtores do musical (Instituto Artium de Cultura e Atelier de Cultura) são responsáveis pelas montagens anteriores de Wicked e Matilda, ambas superproduções que arrebataram grande público.

Cena da comédia musical "Cantando na Chuva"
Cena de ‘Cantando na Chuva’ – Foto: João Caldas Fo/Divulgação

A comédia musical, afinal, cumpre sua proposta de entreter, que é o objetivo principal do espectador. Com músicas todas dubladas, direito a chuva no palco (que exigiu a montagem de um piso especial de rápida absorção) e agradáveis interpretações por parte dos atores-músicos, Cantando na Chuva não faz feio, mesmo para quem esperaria ouvir a versão clássica da música Singin’ in the Rain. Mas ela também não transcende a história, não busca atualizar o texto, nem faz questão de deixar evidente uma proposta original do filme, a de uma ácida crítica social sobre o oficío do artista.

Lockwood, interpretado magistralmente no filme por Gene Kelly, deixava no ar a ideia de que não é nada fácil a vida dos atores que lutam para se adaptar às rápidas mudanças tecnológicas (muitas vezes não bem sucedidas), a obsolescência de suas carreiras, as inseguranças profissionais em geral. Esse pequeno “pormenor” não estragará a noite de quem vai ao espetáculo esperando que a peça não chova no molhado. Vai chover, sim.

Cantando na Chuva. No Teatro Sergio Cardoso, até 16 de junho. Às quartas, quintas e sextas-feiras (20 horas); sábados e domingos (15 e 19h30). Ingressos a partir de R$19,80 a R$ 400,00 na Sympla.
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