Não foi (só) francesa, nem russa. Esta revolução ‘esquecida’ e desorganizada acabou por transformar a Europa – Executive Digest


Não foi (só) francesa, nem russa. Esta revolução ‘esquecida’ e desorganizada acabou por transformar a Europa

Muito se fala dos contributos da Revolução Francesa ou da Revolução Bolchevique, na Rússia, no papel da definição dos Estados modernos e de transformação da Europa mas há outra revolução, relativamente esquecida, que teve um papel-chave.

A Revolução de 1848 permanece como um marco histórico muitas vezes esquecido, apesar de seu significado profundo na história europeia. Este período turbulento de agitação política, conhecido como a “Primavera dos Povos”, testemunhou uma série de levantes populares em toda a Europa, desde Palermo até Paris, deixando um legado duradouro que moldou o curso da história moderna.

O historiador Christopher Clark lança luz sobre esse capítulo frequentemente negligenciado no seu mais recente livro. Na obra, “Primavera Revolucionária”, Clark mergulha na história da Revolução de 1848, desafiando as perceções convencionais de seu fracasso e destacando sua importância duradoura.

O levante inicial em Palermo, em janeiro de 1848, viu os muros da cidade transformarem-se em tabelas de anúncios, a apregoar uma revolução iminente. O que se seguiu foram confrontos entre as forças do rei Fernando II e os insurgentes locais, culminando na quase completa tomada da cidade pelos rebeldes. Esta revolta espontânea ecoou em toda a Europa, com agitações similares a surgirem em Paris, Munique, Berlim, Viena, Milão e além.

Em Paris, o cancelamento de um banquete levou a confrontos nas ruas, resultando na abdicação do rei Luís Filipe e no fim da monarquia francesa. Estes eventos tumultuosos, muitas vezes vistos como fracassos isolados, na verdade refletiram uma onda de descontentamento político interconectado que varreu toda a Europa.

Clark argumenta que, embora as revoluções de 1848 sejam frequentemente caracterizadas como fracassos, provocaram mudanças constitucionais significativas, transformaram as práticas políticas e administrativas e abriram debates acalorados sobre questões sociais e económicas. Este período de agitação não apenas abalou o continente europeu, mas também deixou um legado duradouro que moldou a história moderna.

Dividindo os eventos de 1848 em três fases distintas, Clark destaca a rápida disseminação das agitações, seguida por divisões internas e, por fim, uma contrarrevolução. O historiador argumenta que a Revolução de 1848 foi uma revolução verdadeiramente europeia, transcendendo fronteiras nacionais e traçando o curso da história do continente de maneiras profundas e duradouras e que o seu legado continua a ressoar ao longo dos séculos, inspirando aspirações por liberdade, igualdade e justiça em todo o mundo.

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