A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) alerta para os riscos decorrentes das doenças das gengivas, as doenças periodontais, como a perda de dentes e associação a doenças graves (doenças cardíacas, diabetes, insuficiência renal crónica, doenças neurológicas degenerativas, entre outras).

A periodontite, doença periodontal mais avançada, afeta metade da população mundial e é responsável por perda de dentes, provocando dificuldades na mastigação, na fala, além de implicações na saúde mental decorrentes da falta de autoestima. As doenças periodontais são doenças inflamatórias de causa bacteriana, em que ocorre destruição dos tecidos que suportam os dentes. Por terem acesso facilitado à corrente sanguínea, estas bactérias e os produtos de inflamação envolvidos, estão também associadas a mais de 60 outras doenças graves, como as antes mencionadas.

“A periodontite é uma doença grave, mas silenciosa (não provoca dor); a acumulação das bactérias causadoras destas doenças sobre os dentes ocorre mesmo sem a ingestão de alimentos. No entanto, a periodontite pode ser prevenida, controlando os fatores de risco e com uma correta higiene oral”, afirma Helena Rebelo, presidente da direção do Colégio de Periodontologia da Ordem dos Médicos.

Os dentistas apelam a uma escovagem pelo menos duas vezes ao dia, com utilização de fio dentário ou escovilhões, e elaboraram uma lista de pontos a que todos devem estar atentos para manter uma boa saúde oral e prevenir as doenças periodontais.

Alguns pontos que contribuem para a prevenção as doenças periodontais são:

  1. Higiene oral eficaz, dirigida às gengivas (existe um espaço entre as gengivas e os dentes) e controlo dos fatores de risco (diabetes, tabagismo, idade, excesso de peso, maus hábitos de higiene);
  2. As gengivas saudáveis nunca sangram;
  3. As doenças periodontais são silenciosas: a dor não é típica nestas doenças;
  4. A falta de tratamento leva à perda de dentes, provocando a diminuição da função mastigatória e grande estigma psicológico;
  5. Sendo a periodontite uma doença crónica, pode ser controlada com eficácia, prevenindo a perda de dentes;
  6. A periodontite não controlada constitui um fator de risco para várias doenças graves, potencialmente mortais;
  7. Como em qualquer doença crónica, a manutenção profissional regular é a chave para o êxito do tratamento;
  8. Sem controlo adequado, os implantes colocados para substituição de dentes podem desenvolver uma patologia semelhante, com repercussões na saúde oral e geral.

A prevenção é a principal recomendação do estudo ‘Time to take gum disease seriously: The societal and economic impact of periodontitis’, realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU) a pedido da Federação Europeia de Periodontologia (EFP).

Os autores observaram que o investimento orçamental na eliminação da gengivite (fase inicial da periodontite) e no aumento da taxa de diagnóstico e tratamento da periodontite tiveram um retorno do investimento positivo e um aumento nos anos de vida saudáveis em todos os seis países onde o estudo foi realizado (Espanha, França, Alemanha, Itália, Holanda e Reino Unido). A negligência no tratamento da gengivite, por sua vez, teve os efeitos opostos. Consequentemente, os autores enfatizaram a importância de um maior empenho no cuidado e prevenção a nível individual e social, incluindo cuidados dentários em creches e workshops de escovagem dos dentes nas escolas.

Seis milhões de pessoas têm falta de dentes em Portugal

No Barómetro da Saúde Oral 2023, divulgado em novembro do ano passado, constatava-se que em Portugal existem seis milhões de pessoas sem pelo menos um dente e que 22,8 por cento da população não tem seis ou mais dentes, número considerado de referência para afetação da qualidade da mastigação e da saúde oral.

Sobre os hábitos de higiene oral, o mesmo relatório indica que 78,8% dos inquiridos garantem escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, um aumento de 5,7 pontos percentuais face a 2022.

Apesar deste elemento positivo, os dados revelam que houve uma diminuição (-3 p.p.) do número de pessoas que visitam o médico dentista pelo uma vez por ano: 64,4% em 2023, quando no ano anterior eram 67,4%. Constata-se também que aumentou a percentagem de pessoas que nunca visitam o médico dentista ou o fazem apenas em situações de urgência (26,9% +2,4p.p.).

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