A covid-19 continua a ser uma causa de morte maior do que a gripe, apesar das esperanças de que o vírus acabaria por se misturar com outros germes respiratórios que causam epidemias sazonais, mostrou um estudo nos EUA.
No último inverno no hemisfério norte, que terminou em março, os pacientes hospitalizados por covid tiveram um risco 35% maior de morrer em 30 dias do que pacientes com gripe, disseram Ziyad Al-Aly e seus colegas do centro de epidemiologia clínica do Sistema de Saúde para Veteranos de St. Louis, no Missouri. A covid representou um risco de mortalidade 60% maior do que a gripe em pacientes hospitalizados durante o inverno anterior, segundo os mesmos pesquisadores.
Houve quase o dobro de hospitalizações por covid em comparação com a gripe sazonal entre outubro de 2023 e março de 2024, disseram os pesquisadores. Para fins de vacinação e saúde pública, outubro é considerado o início da temporada de inverno na América do Norte.
Embora a taxa de mortalidade entre os pacientes de covid tenha diminuído para 5,7% no período, ante 6% na temporada anterior, o estudo indica que a propensão da covid para causar mais danos fora dos pulmões ainda a torna um agente patogênico mais perigoso, mesmo à medida que a imunidade ao vírus aumenta.
“Fizemos a comparação covid-versus-gripe de 2024 pensando que poderíamos descobrir que o risco de morte por covid poderia ter diminuído o suficiente para se igualar ao risco de morte por gripe”, disse Al-Aly à Bloomberg. “Mas a realidade é que a covid continua a apresentar um risco de morte maior do que a gripe.”
As descobertas foram baseadas em uma análise de registros eletrônicos de saúde de veteranos de guerra em todos os 50 estados americanos. Embora a maioria dos usuários do sistema de saúde para veteranos sejam homens brancos, mais velhos, os dados incluíram centenas de pacientes do sexo feminino e não brancos. Pacientes com covid ou gripe hospitalizados por outro motivo – ou aqueles hospitalizados por ambas as doenças – foram excluídos do estudo.
“No geral, acho que isso significa que ainda precisamos levar a covid a sério”, disse Al-Aly. “Banalizá-la como um ‘resfriado’ inconsequente, como frequentemente ouvimos, não bate com a realidade.”