Show 50 anos de "Vida Bandida" traz Lobão revendo a carreira sem se prender às amarras da nostalgia
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Show 50 anos de “Vida Bandida” traz Lobão revendo a carreira sem se prender às amarras da nostalgia

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“Passei por tanta coisa, e consegui estar ainda aqui, bem… acho que foram as drogas”, esse comentário sarcástico de João Luiz Woerdenbag Filho, mais conhecido como Lobão, poderia perfeitamente ser usado como epitáfio. Turnês retrospectivas estão em voga. Como exemplos temos a The Eras Tour de Taylor Swift, passando pela This is Not a Drill de Roger Waters e até a Celebration Tour de Madonna, que passou como um furacão por aqui, com um show gratuito que arrastou 1.6 milhão de pessoas para a praia de Copacabana no último final de semana. Contudo, é curioso um show desses moldes vindo de um artista que, no início dos anos 2000, recusava-se a montar repertórios que olhavam para o passado, e vociferava contra os colegas de geração 80 que o faziam.

A turnê “50 Anos de Vida Bandida”, que aterrissou no Circo Voador procura ser bastante abrangente, e o dono da festa compartilha algumas memórias com o público. O show começa com um vídeo de um desenho animado da Chapeuzinho Vermelho cantando “Pela Estrada Afora” fazendo um link jocoso para a primeira música do setlist, “Tranquilo”, em que ele canta “E pela estrada afora/Pela estrada afora/Eu vou/Com a alegria de uma aventura”, em referência ao conto infantil que tem um “xará” como vilão. Pouco conhecida, a canção do álbum “Canções dentro da Noite Escura”, de 2005, pode ter surpreendido quem achava que o repertório seria todo tomado por músicas dos anos 80. A viagem no tempo rumo à fase áurea começou mesmo com “Cano Silencioso” e com a faixa-título do álbum de onde saiu, “O Rock Errou”.

Outra música pouco lembrada que fez parte do repertório foi “Samba da Caixa Preta”, do disco “Noite”, de 1998. Antes de executá-la, Lobão lembra que costumava encontrar Tom Jobim na Cobal do Leblon. Ele conta que quando o maestro faleceu, em 1994, pensou que o Samba do Avião era algo um tanto ingênuo. “Nós não temos o avião, e sim a caixa preta”, disse com seu habitual sarcasmo. Já “Balada do Inimigo”, outra do álbum de 2005, ele confessou ter escrito em circunstâncias “constrangedoras o suficiente para se escrever uma música”.

“Decadence Avec Elegance” foi o outro hit infiltrado na primeira parte do show em que Lobão procura lembrar ao público que houve um vasto repertório para além de 1989, que contou ainda com “Sozinha Minha”, a urrada “El Desdichado II”, “Mais Uma Vez” e “A Vida é Doce”.” Das Tripas Coração” foi o momento em que homenageou os amigos falecidos Cazuza, Júlio Barroso, da Gang 90, e Ezequiel Neves. A música foi composta quando o último estava em seus últimos dias. Já “Vou te Levar” foi composta para a esposa Regina, com quem é casado há 35 anos, e, segundo ele, foi composta em 15 minutos.

“Por Tudo o Que For” abriu o ato “greatest hits” propriamente dito, que se seguiu com “Noite e Dia” e “Me Chama”, cantada em uníssono pela plateia. A música foi feita junto com Guto Barros, guitarrista dos Ronaldos, falecido em 2018, lembrado como mentor, além de fundador da Blitz (banda em que Lobão foi baterista na primeira formação). “Revanche” teve um interessante solo de baixo no final, e “Vida Louca” foi referida como a música que “todo mundo pensa que é do Cazuza”. Tanto que na segunda estrofe ele cantou reproduzindo os maneirismos do amigo. Logo em seguida veio a música que dá nome à turnê, antes da participação especial de Arnaldo Brandão (responsável pelo show de abertura) em “Rádio Blá”.

“Mal Nenhum”, essa sim composta com Cazuza, encerrou a parte regular do show. No bis entraram “A Queda” (com snipet de “Bandeira Branca” de Dalva de Oliveira) e “Essa Noite, Não” com Ivo Meirelles no vocal. Ivo foi parceiro de composição do sucesso de 1989 e sua participação foi justa, mas a voz rasgada de Lobão fez falta. “Corações Psicodélicos” encerrou a festa.

O show passa a limpo a carreira de Lobão de forma bastante vigorosa, com um formato “power trio” que funcionou muito bem. Junto com Lobão (a cargo do vocal e da guitarra) estão Armando Cardoso (bateria) e Guto Passos (baixo e vocal). Aos 66 anos, ele parece ter feito definitivamente as pazes com seus sucessos radiofônicos, que não são mais vistos como maldições, e ainda olhando para frente, sem se amarrar à armadilha da nostalgia.

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