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O ritual de acasalamento de dois pinguins deixou os cientistas intrigados

Lin Padgham / Wikipedia

Dois pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri)

Um pinguim com um chamamento pouco convencional inspirou os cientistas a mudar a forma como estudam os pinguins.

O género de um pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri) determina a natureza do seu chamamento.

Os pinguins-imperadores são a maior ave da família Spheniscidae. Os adultos desta espécie podem medir até 1,22 metros de altura e pesar até 37 kg.

Recentemente, uma equipa de investigadores norte-americanos liderada pela bióloga marinha Kerri Seger, investigadora sénior da Universidade Estadual do Ohio, estudou os rituais de acasalamento destas aves.

Os resultados do estudo vão ser apresentados no âmbito de uma reunião conjunta da Acoustical Society of America e da Canadian Acoustical Association.

Os machos desta espécie são um dos poucos animais que passam o inverno na Antártida. De acordo com os autores do estudo, as vocalizações masculinas são compostas por explosões longas e lentas com tons de frequência mais baixa do que no género feminino.

Os chamamentos do pinguim macho E-79 do SeaWorld San Diego chamaram a atenção dos investigadores por desafiarem este binário.

Também invulgar foi o companheiro macho deste pinguim, E-81 — que lhe “fazia companhia” e por vezes exibia rituais de acasalamento.

O ritual de acasalamento do pinguim-imperador inclui pavonear-se, curvar-se, emitir o chamamento caraterístico e balançar a cabeça. Esta exibição é também exibida noutros contextos sociais, especialmente em torno de crias e pinguins juvenis.

O som não é melodioso em comparação com os chamamentos das aves canoras — é como um motor de arranque a funcionar mal”, explica Ann Bowles, especialista em bioacústica da Universidade de San Diego, citada pelo Phys.org.

“O nosso interesse estava no tempo dos chamamentos, que são compostos por uma série de explosões ruidosas. Muita informação individual está codificada no tempo destas explosões”.

As vocalizações inesperadas como a de E-79 podem indicar um problema de desenvolvimento ou de saúde ou uma anomalia genética. A equipa coloca a hipótese das qualidades femininas das explosões do E-79 poderem explicar parcialmente o interesse do E-81.

O aperfeiçoamento da técnica para estudar os chamamentos dos pinguins tem aplicações importantes para além do E-79.

“Espero que novas abordagens como a que estamos a desenvolver possam vir a  ajudar. Estes chamamentos podem ser indicadores de diferenças de saúde, desenvolvimento, estado reprodutivo ou composição genética”, diz Kerri Seger.

“Atualmente, considera-se que os imperadores estão em risco devido à alteração das condições do gelo na Antártida”, conclui a autora principal do estudo.

Soraia Ferreira, ZAP //

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