Polícia investiga caso de abuso sexual na Santa Casa de SP
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Polícia investiga caso de abuso sexual na Santa Casa de SP

Por Folha de São Paulo

15/05/2024 19h56 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar um suposto caso de assédio sexual que aconteceu nas dependências da Santa Casa de São Paulo. O inquérito policial foi aberto no dia 9 de maio.

O caso foi revelado pela Folha. O médico Ramiro Carvalho Neto foi acusado de abusar sexualmente de uma paciente durante uma cirurgia. Procurado, o hospital confirmou que recebeu uma denúncia anônima sobre importunação sexual e que o profissional envolvido foi afastado após o recebimento da denúncia.

A Santa Casa afirma que não registrou boletim de ocorrência, mas que abriu uma sindicância interna para que a apuração ocorra de forma irrestrita e sigilosa.

Em nota, a instituição afirma que "a Santa Casa e a vítima concordaram em aguardar a conclusão da sindicância em curso para eventual comunicação a autoridade policial acaso constatada conduta passível de ser enquadrada criminalmente". A medida, de acordo com o hospital, visa proteger a identidade da suposta vítima.

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o caso é investigado por meio de um inquérito policial instaurado pelo 77º DP (Santa Cecília), após pedido do Ministério Público.

"A autoridade policial já solicitou informações à Santa Casa e ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Demais detalhes serão preservados devido à natureza de cunho sexual", diz a SSP.

ENTENDA O CASO

Funcionários do hospital, que pediram para não ser identificados, disseram que o episódio aconteceu há duas semanas, durante uma cirurgia de mão. Testemunhas afirmam que durante o procedimento, Ramiro teria passado a mão nas regiões íntimas da paciente.

Ainda de acordo com essas pessoas, os médicos presentes filmaram a ação de Ramiro, que foi denunciado para a direção do hospital.

Em nota, a Santa Casa afirmou que repudia veementemente qualquer "ato de assédio ou importunação que fira a dignidade humana, assim a sindicância seguirá no firme propósito de apurar toda e qualquer responsabilidade".

Esta não é a primeira sindicância aberta contra o médico. Ele se formou na Unicamp e, durante a graduação, a universidade abriu uma sindicância para analisar denúncia contra ele em 2014. A Folha de S.Paulo teve acesso ao documento.

O caso aconteceu quando ele estava em um jogo universitário. Segundo a sindicância, uma estudante acordou durante a noite e percebeu que Ramiro estava com as mãos em suas partes íntimas e com o pênis a mostra.

O documento afirma ainda que ela e as amigas foram ofendidas por um grupo de alunos mais velhos no dia seguinte, após denunciarem o caso.

A sindicância diz também que há relatos de que Ramiro teria mostrado o pênis para alunas da faculdade de medicina durante as competições.

A aluna que decidiu denunciá-lo à faculdade afirmou, em condição de anonimato, que o episódio a traumatizou e que não conseguiu frequentar a as aulas por meses. Ela não registrou boletim de ocorrência do caso.

Em depoimento à faculdade, Ramiro afirmou que vestia um kilt -tipo de saia masculina usada por universitários durante competições- nos jogos, sem cueca por baixo, e que acreditava que seu braço ou perna podem ter encostado na aluna de forma não intencional durante a noite.

Ele afirmou que tentou conversar com a denunciante, mas que ela chorava muito na ocasião e foi embora.

Depois, afirmou que mandou uma mensagem para a jovem, que não o respondeu. Ele disse ainda que tentou se explicar para as amigas e pediu desculpas lamentando que tivesse acontecido aquela confusão.

Na mensagem, ele reiterou que a colega pudesse tê-lo visto nu sem sua intenção. "Se isso ocorreu, eu sinto muito do fundo do meu coração", disse ele.

Ele foi questionado pela universidade se não considerava atentado ao pudor andar de kilt sem cueca. Ramiro negou e disse que só usava saias entre amigos. Ainda afirmou que "no colegial brincava com os amigos de mostrar a genitália e todos levavam numa boa".

O documento aponta que Ramiro ficou suspenso da faculdade por 90 dias. Pessoas que estudavam na universidade na época afirmam que ele passou um ano afastado das aulas.


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