A morte e o estado intermediário - Ministério Ligonier
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A morte e o estado intermediário

Nota do editor: Este artigo faz parte da série da revista Tabletalk: Os últimos tempos.

A morte e o estado intermediário — o intervalo entre a morte e a ressurreição — estão incluídos no tópico de últimos tempos, mas não são os últimos tempos que acontecerão. Os últimos tempos são o retorno glorioso de nosso Senhor Jesus ressuscitado e rei; a ressurreição dos justos e dos injustos; o juízo final; e os novos céus e a nova Terra.

No entanto, a morte e o estado intermediário estão entre os últimos tempos porque, a menos que Jesus volte primeiro, essas são as próximas coisas que acontecerão em nosso futuro. Como somos a imagem do Deus que planeja o fim desde o início, desejamos ver o futuro, tanto o nosso quanto o do cosmos. A Palavra de Deus responde ao nosso anseio por um vislumbre do que está por vir — não de forma exaustiva, porém suficiente; não para saciar nossa curiosidade, mas para tranquilizar nosso coração ansioso.

A morte: um inimigo derrotado, porém não destruído

A morte é nossa inimiga. O aumento da dor e a diminuição da força geralmente a precedem. Ou ela tira a vida de repente, por acidente ou violência. Ela rompe de forma permanente os relacionamentos humanos, e inflige dor aos sobreviventes. O próprio Jesus chorou de tristeza no túmulo de Seu amigo (Jo 11). A morte nos leva a um território desconhecido. A morte nos leva à presença de nosso santo Criador e Juiz (Hb 9:27). Não aceitamos a morte de bom grado.

Porém os cristãos não precisam temer a morte. A morte é um inimigo que foi derrotado, mas ainda não foi destruído. Na volta de Cristo e em nossa ressurreição, esse “último inimigo” será eliminado, “tragada […] pela vitória” (1 Co 15:26, 54-57). No entanto, nossa vitória final já foi garantida quando o Filho de Deus se revestiu de nossa carne e sangue, “para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2:14-16).

A Palavra de Deus responde ao nosso anseio por um vislumbre do que está por vir, não de forma exaustiva, porém suficiente; não para saciar nossa curiosidade, mas para tranquilizar nosso coração ansioso.

A morte separa nosso corpo material do núcleo imaterial de nossa identidade e personalidade, nossa alma ou espírito (Mt 10:28; 1 Ts 5:23). Na morte, o corpo é enterrado e se decompõe, entretanto, a alma “volt[a] a Deus, que o deu” (Ec 12:7), seja para saborear a felicidade eterna com Deus ou para entrar na condenação e na miséria sem fim.

O estado intermediário: “Com Cristo, incomparavelmente melhor”

Os vislumbres bíblicos do estado intermediário concentram-se na alegria experimentada pelas almas dos crentes. Pesando os resultados de vida ou morte de seu julgamento iminente, Paulo concluiu que, para seu próprio bem, ele preferiria a execução à exoneração: “Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1:23). Era do seu conhecimento que “enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor […] preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2 Co 5:6-8).

Outro indício dessa comunhão consciente e interpessoal vem dos lábios do próprio Jesus. Ele prometeu ao ladrão arrependido, enquanto ambos estavam morrendo nas cruzes: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43). Hebreus explica que, quando os cristãos adoram na Terra, nos juntamos a uma congregação celestial que inclui os “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12:21-24).

O livro de Apocalipse pronuncia bênçãos sobre “os mortos que, desde agora, morrem no Senhor […] para que descansem das suas fadigas” (Ap 14:13). Seu “descanso” não é um estado de “sono da alma” inconsciente (como alguns afirmam). Em vez disso, as almas dos mártires cristãos clamam a Deus por justiça e recebem sua palavra de consolo (Ap 6:9-11; veja Ap 20:4). Eles são uma multidão que passou por grande tribulação para adorar diante do trono de Deus e do Cordeiro (Ap 7:9-17). Eles reinam nos tronos celestiais com Cristo (Ap 20:4).

As Escrituras falam pouco sobre o estado intermediário dos incrédulos, apesar disso a parábola de Jesus sobre o homem rico e Lázaro (Lc 16:19-31) oferece uma pista. O argumento da parábola é que nem mesmo a ressurreição dos mortos convencerá aqueles que desprezam as Escrituras. Para apoiar essa conclusão, Jesus retrata a existência consciente após a morte de um mendigo justo e de um magnata sem coração. Nessa representação terrena, Jesus simboliza o conforto para as almas dos fiéis (“seio de Abraão”), o tormento sofrido pelas almas dos ímpios (“nesta chama”) e o “abismo” insuperável que impede o arrependimento e o alívio dos incrédulos após a morte.

Ressurreição: ainda melhor 

Morrer e estar com Cristo é “incomparavelmente melhor” do que viver neste mundo amaldiçoado pelo pecado, porém esse estado intermediário não é nossa esperança final. Melhor ainda é o dia em que nosso Salvador aparecerá do céu para transformar “o nosso corpo [físico] de humilhação, para ser igual ao corpo [físico] da sua glória” e seremos reconstituídos como pessoas inteiras pelo Espírito vivificante de Deus (Fp 3:21).

Publicado originalmente em Tabletak Magazine.

Dennis E. Johnson
Dennis E. Johnson
Dr. Dennis E. Johnson é professor emérito de teologia prática no Westminster Seminary California, e pastor assistente da Westminster Presbyterian Church em Dayton, Tennessee. Ele é autor de vários livros, incluindo Walking with Jesus through His Word [Como andar com Jesus através da Sua Palavra] e Him We Proclaim [O qual nós anunciamos].