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Aprovação de Biden na economia cai após aumento da inflação nos EUA

Segundo pesquisa do Financial Times e da Universidade de Michigan, 35% consideram que medidas do presidente prejudicaram o país

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Claire Jones Oliver Roeder
Londres e Nova York | Financial Times

O recente aumento da inflação nos Estados Unidos parece ter revertido qualquer progresso que o presidente Joe Biden tenha feito em convencer os eleitores de que ele pode fazer um trabalho melhor na gestão da economia do que Donald Trump.

Uma pesquisa do Financial Times e da Escola de Negócios da Universidade de Michigan feita entre 2 e 6 de maio constatou que, após um leve aumento em abril, a aprovação de Biden na economia voltou a níveis desanimadores para os democratas. Isso ocorre depois de dados mostrarem que a inflação nos EUA pode se mostrar mais persistente do que o previsto no início do ano.

O presidente dos EUA, Joe Biden, discursa em escola de Sturtevant, em Wisconsin - Mandel Ngan - 8.mai.2024/AFP

Os resultados reforçam a ideia de que a mensagem da gestão Biden sobre a economia —grande parte focada nos ganhos que os trabalhadores americanos tiveram em seus salários— não está convencendo os eleitores.

Enquanto economistas e investidores elogiam o desempenho excepcional do crescimento dos EUA nos últimos 18 meses, os eleitores não parecem comemorar.

A pesquisa mostra que 71% dos 1.000 entrevistados acreditam que as condições econômicas são negativas. O número está em linha com os meses anteriores, sinalizando que tem pouco a ver com a notícia de que o crescimento desacelerou para uma taxa anualizada de 1,6%, abaixo dos 3,4% no quarto trimestre do ano passado.

A pesquisa sugere que o "Bidenomics", um conjunto de políticas para fornecer empregos verdes na manufatura e reconstruir a infraestrutura precária dos EUA, tem uma má reputação como marca.

Apenas 28% dos entrevistados disseram achar que as políticas econômicas do presidente ajudaram os EUA, em comparação com 49% que achavam que as coisas pioraram. Mais entrevistados —35%— disseram que prejudicaram muito a economia. Esse número é o pior desde que a pesquisa começou, em novembro de 2023.

Vale ressaltar que outras pesquisas apontam para uma desconexão entre como os americanos se sentem em relação às próprias circunstâncias econômicas —moderadamente positivas, em muitos casos— e às do país, com as quais são predominantemente pessimistas.

No entanto, a pesquisa constata que mais da metade dos entrevistados —51%— acreditam que estão em uma situação pior desde que Biden se tornou presidente.

Em relação a política externa, a pesquisa também traz motivos de preocupação para a campanha do democrata.

Um pouco menos da metade dos eleitores —47%— dizem que os EUA estão fornecendo muita ajuda militar e financeira a Israel. Novamente, esse é um recorde.

A tensão tem aumentado com os protestos contra a guerra nas universidades americanas e no estado de Michigan, onde uma alta proporção de eleitores muçulmanos —que tendem a apoiar os democratas— estão entre os que sinalizam que abandonarão Biden por seu apoio a Israel no conflito na Faixa de Gaza.

Se o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, enviar tropas para Rafah —ação que ele parece determinado a tomar, apesar dos repetidos alertas da Casa Branca—, a indignação pode piorar nos próximos meses.

O uso de fundos dos EUA para a Guerra da Ucrânia é ainda mais impopular, com 50% dos entrevistados dizendo que a ajuda foi excessiva. Esse número aumentou quando os entrevistados foram informados de que Biden havia recentemente aprovado um pacote de ajuda externa de US$ 95 bilhões que inclui dinheiro para Ucrânia, Israel e Taiwan.

Mais da metade dos eleitores —53%— apoiam a proposta do Congresso de banir o aplicativo de mídia social chinês TikTok, a menos que a empresa seja vendida inteiramente para investidores não chineses. Já 54% dos entrevistados disseram que era justo descrever o aplicativo como uma grande fonte de notícias falsas sobre questões importantes, enquanto 45% o consideraram uma ameaça à segurança nacional.

Outro conjunto de perguntas, dessa vez sobre comércio, destacou o sentimento anti-China do público americano.

Quando os entrevistados foram questionados sobre o uso de peças estrangeiras em painéis solares dos EUA, 42% dos entrevistados afirmaram que as importações deveriam ser restritas se prejudicassem o crescimento americano ou destruíssem empregos. Outros 45% disseram que o uso deveria ser permitido se reduzisse os custos e estimulasse a adoção de energia solar.

Em relação a uma pergunta sobre a autorização para componentes vindos da China, 47% dos entrevistados disseram que geralmente deveriam ser restritos, com apenas 40% querendo o oposto.

O resultado é promissor para a estratégia da gestão Biden de proteger a indústria americana com planos de quadruplicar as tarifas sobre importações de veículos elétricos chineses para 100%.

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