Como viveu a Revolução? Iniciativa 'Antes, Durante e Depois de Abril' recolhe testemunhos para garantir a memória - Expresso

50 anos do 25 de Abril

Como viveu a Revolução? Iniciativa 'Antes, Durante e Depois de Abril' recolhe testemunhos para garantir a memória

Como viveu a Revolução? Iniciativa 'Antes, Durante e Depois de Abril' recolhe testemunhos para garantir a memória
JOSE COELHO

Iniciativa, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 vde Abril, pretende recuperar para a posteridade "a história do passado e restituir a verdade tirada pela ignorância”

Recolher, preservar e disponibilizar online testemunhos de quem viveu o 25 de Abril, bem como dar a conhecer suas reflexões sobre como este acontecimento mudou as suas vidas e o país, é o objetivo da iniciativa “Memória Presente: Antes, Durante e Depois de Abril”.

Lançado por Aníbal Fernandes e Luís Faria, dirigentes associativos estudantis do Instituto Superior Técnico na década de 1970, o projeto surgiu de uma brincadeira entre os dois amigos, quando falavam sobre o dia que transformou Portugal e a vida dos portugueses. Para Aníbal Fernandes, o 25 de Abril foi o ponto de viragem para o Portugal livre que conhecemos hoje, no entanto, “muitas pessoas ainda veem este dia de forma muito abstrata”.

Desse lamento, Aníbal Fernandes e Luís Faria passaram à ação, com o propósito de garantir para a posteridade "a história do passado e restituir a verdade tirada pela ignorância”.

Estima-se que sejam até 2,3 milhões os portugueses, na altura com mais de 14 anos, que viveram o dia da Revolução e que são fulcrais para “vincar a História” através da sua memória. A iniciativa está a ser divulgada através do site oficial das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, e até agora já estão alojados mais de 30 testemunhos online - incluindo os de algumas personalidades conhecidas, como o do antigo ministro e escritor Álvaro Laborinho Lúcio. A expetativa é que o número de testemunhos aumente.

Sobre esta ideia, Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de abril, sublinha a importância de “evocar a história e a memória, de modo a promover um maior conhecimento do passado e a contribuir para um debate informado sobre os próximos 50 anos de democracia”.

Apesar da Revolução dos Cravos ser um momento central da história contemporânea portuguesa, reconhecido por todos, a convicção é a de que existem milhões de perspetivas e de detalhes desconhecidos, daí a importância de cada relato de quem viveu aquele dia.

Os testemunhos “trarão, seguramente, a possibilidade de descobrirmos outros ângulos e outras matizes desta história.” - refere.

Segundo Maria Rezola, é significativo que “essa memória se registe e preserve, para contribuir para uma valorização pelas gerações já nascidas em liberdade do legado de Abril".

A Comissária acrescenta que a iniciativa também “tem potencial para promover a interação entre gerações.”

Partilhe a sua «Memória Presente»

Os testemunhos - em texto e que podem ser acompanhados por fotografias e/ou vídeos - devem ser enviados à Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, via email. Estes devem respeitar as disposições do regulamento, e vir acompanhados de uma declaração de consentimento devidamente assinada, também disponível na página da iniciativa, bem como da identificação do autor. A conformidade dos testemunhos com o regulamento será assegurada por uma Comissão de Mediadores, composta por membros da Comissão Comemorativa e por elementos independentes. Quem pretender participar deve consultar o regulamento para saber como pode partilhar da sua história.

Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que tiveram início em março de 2022, vão decorrer até 2026. De ano para ano, o projeto vai priorizar diversos temas com o objetivo de reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.

Os movimentos sociopolíticos que criaram condições para o golpe militar têm estado na mira das celebrações nesta fase inicial, mas a partir deste ano, os três “D” do programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) vão ser revisitados em iniciativas que evocam os processos de descolonização, democratização e desenvolvimento.

Artigo de Ana Raquel Pinto, editado por Mafalda Ganhão.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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