Jardim Cinema: Sylvain Chomet - “O Mágico” / “L’Illusionniste”

domingo, 19 de maio de 2024

Sylvain Chomet - “O Mágico” / “L’Illusionniste”


Sylvain Chomet
“O Mágico” / “L’Illusionniste”
(França/Inglaterra – 2010) – (79 min. / Cor)

Sylvain Chomet que já tinha surpreendido meio-mundo com o seu “Belleville Rendez-vous” e que mais tarde irá assinar o segmento de animação, incluído no filme colectivo “Paris Je T’aime”, volta a surpreender o universo cinematográfico com “O Mágico” / “L’Illusionniste”, partindo de um argumento escrito pelo célebre cineasta francês Jacques Tati em 1956, que acabaria por nunca realizar a película.


Em “O Mágico” reconhecemos na principal personagem a figura bem conhecida de Jacques Tati, na pele de um ilusionista ou Mágico se preferirem, que em finais dos anos cinquenta vê a sua profissão em risco, nas grandes Salas de Variedades de França e após uma actuação num casamento, em que poucos lhe dão atenção, será convidado por um dos convidados, um escocês ébrio, para mostrar os seus truques de magia, na ilha que este habita na Escócia.


Decidido a dar um novo folgo à sua vida, o impassível Mágico Tatischeff decide partir com os seus truques de magia, acompanhado pelo seu fiel coelho, que ele faz sair da cartola nos palcos e quando chega ao seu destino, irá encontrar na jovem e pobre Alice, que trabalha na pensão onde ele irá residir, temporariamente, uma fan que fica fascinada com a sua magia e quando ele lhe oferece uns sapatos novos para ela substituir os velhos sapatos, sujos e rotos, ela fica maravilhada com ele e decide segui-lo quando este parte para Edimburgo.


Como não podia deixar de ser os espectáculos de Tatischeff já não atraem o público, que prefere escutar os grupos de rock, que começam a surgir na época, mas ele continua a levar a sua bela Arte aos palcos, ao mesmo tempo que tenta encontrar um segundo emprego, que lhe permita continuar a fascinar a jovem Alice, que se sente a viver num verdadeiro país das maravilhas. Assim ele oferece-lhe aquele vestido belo, que ela viu na montra de uma loja, mantendo-a fascinada com a sua arte de magia. Mas os tempos são cada vez mais difíceis para Tatischeff, até que chega esse momento em que ele parte e lhe deixa uma carta revelando-lhe que a magia não existe.


“O Mágico” / “L’Illusionniste” de Sylvain Chomet revela-se como uma verdadeira obra-prima do cinema de animação contemporâneo, demonstrando a sua infinita genialidade perante muitos desses produtos, de baixa qualidade, saídos das três dimensões e dos computadores, que têm invadido as salas de cinema.


Um dos momentos mais fascinantes da película é quando o mágico Tatischeff entra numa sala de cinema e encontra no écran o seu duplo, Jacques Tati, na película “O Meu Tio” / “Mon Oncle”, revelando-se um dos momentos mais belos da película.

“O Mágico” / “L’Illusionniste” é uma obra-prima do cinema de animação, que todos os adultos devem ver na companhia das crianças, para elas voltarem a acreditar na magia da animação a duas dimensões e descobrirem a genialidade desse outro mágico chamado Sylvain Chomet.

Rui Luís Lima

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