Cannes: Veja os filmes dirigidos por mulheres na competição

Cannes 2024: Conheça os filmes de diretoras na disputa pela Palma de Ouro

Duas cineastas francesas, uma indiana e uma inglesa mostrarão seus novos filmes na competição do Festival de Cannes, que começa sua 77ª edição nesta terça-feira (14). Mais uma vez, é muito baixa a participação feminina na disputa pela Palma de Ouro: apenas quatro longas dirigidos por mulheres estão entre os 22 selecionados.

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Trata-se de uma proporção de 18,1%, abaixo da registrada nos dois últimos anos. Em 2023, Cannes selecionou sete filmes dirigidos por mulheres, o equivalente a 33% dos longas em competição. Em 2022, selecionou cinco, ou 23,8%. Antes disso, o festival nunca tinha incluído mais do que quatro diretoras na disputa pela Palma.

Até hoje, só três longas dirigidos por mulheres venceram o prêmio máximo de Cannes: O Piano, de Jane Campion, em 1993; Titane, de Julia Ducournau, em 2021; e Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, em 2023. Além disso, apenas duas mulheres venceram o prêmio de direção: Yuliya Solntseva por A Epopéia dos Anos de Fogo (1961), Sofia Coppola por O Estranho que Nós Amamos (2017).

Na edição deste ano, o júri oficial de Cannes será presidido pela atriz, roteirista e diretora americana Greta Gerwig (na primeira vez que uma mulher ocupa o posto desde 2018), e os premiados serão conhecidos em 25 de maio. Saiba mais sobre os quatro filmes dirigidos por mulheres que estão na disputa:

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All We Imagine as Light, de Payal Kapadia

O primeiro longa-metragem de ficção da diretora e roteirista Payal Kapadia também é o primeiro filme indiano a competir pela Palma de Ouro desde 1994. All We Imagine as Light conta a história de duas mulheres que vivem juntas em Mumbai, cidade natal da cineasta. Uma delas é a enfermeira Prabha (Kani Kusruti), que recebe um presente inesperado do marido, com quem não tinha contato há muito tempo; a outra é a jovem Anu (Divya Prabha), que tenta encontrar uma forma de ter momentos de intimidade com o novo namorado.

Kapadia nasceu em 1986, estudou no Instituto de Cinema e Televisão da Índia (FTII, na sigla em inglês) e dirigiu os curtas Watermelon, Fish and Half Ghost (2014), The Last Mango Before the Monsoon (2015), Afternoon Clouds (2017) e And What Is the Summer Saying? (2018). Seu primeiro longa, Uma Noite Sem Saber Nada, venceu o prêmio de melhor documentário no Festival de Cannes de 2021.

Em sua página no Vimeo, Kapadia diz que seu trabalho “lida com aquilo que não é visível, que está escondido em algum lugar nas dobras da memória e dos sonhos”. Ela acrescenta que “é nos pequenos e efêmeros gestos femininos que ela tenta encontrar a verdade”. Assista ao trailer de All We Imagine As Light (em inglês):


Bird, de Andrea Arnold

Entre as quatro diretoras na competição deste ano, Arnold é a mais experiente. Veterana do Festival de Cannes, ela ganhou o Prêmio do Júri três vezes: em 2006, por Marcas da Vida; em 2009, por Aquário; e em 2016, por Docinho da América. Arnold também integrou o júri da competição de 2012 e presidiu o júri da mostra Um Certo Olhar em 2021, mesmo ano em que seu documentário Cow foi exibido na seção Cannes Premiere.

Nascida na Inglaterra em 1961, Arnold começou sua carreira no cinema com os curtas Milk (1998), Dog (2001) e Wasp (2003), este último premiado com o Oscar. Além dos três longas já citados, ela também dirigiu O Morro dos Ventos Uivantes, lançado em 2011.

Agora, está na competição com Bird, que conta a história de Bailey, uma garota que vive com o irmão e o pai, Bug, em Kent, na Inglaterra. Como Bug não tem muito tempo para dedicar aos filhos, Bailey sai em busca de atenção e aventura. O filme também foi escrito por Arnold e tem Nykiya Adams e Barry Keoghan no elenco.


The Substance, de Coralie Fargeat

A cineasta francesa Coralie Fargeat estreia na competição de Cannes com The Substance, seu segundo longa-metragem e o primeiro falado em língua inglesa. Até agora, ela era conhecida principalmente por Vingança (2017), além de ter dirigido os curtas Le télégramme (2003) e Reality+ (2014). 

Nascida em Paris em 1976, Fargeat estudou na universidade Science Po. Ela também é roteirista de The Substance, cuja sinopse oficial no site de Cannes diz: “Você já sonhou com uma melhor versão de si mesmo? Você, mas melhor em todos os sentidos. Você deveria experimentar um produto chamado ‘a Substância’. Ele mudou a minha vida. Com a Substância, você pode criar uma outra versão de você: mais jovem, mais bonito, mais perfeito. Você só precisa dividir o tempo: uma semana para um, uma semana para outro. Um balanço perfeito de sete dias para cada um…fácil, certo? Se você respeitar o equilíbrio…o que poderia dar errado?”

Antes mesmo da exibição do filme em Cannes, a MUBI já comprou os direitos de distribuição no território brasileiro. O elenco é encabeçado por Demi Moore, Margaret Qualley e Dennis Quaid.


Wild Diamond, de Agathe Riedinger

Não é sempre que um longa-metragem de estreia consegue espaço na competição pela Palma de Ouro. Mas foi isso que aconteceu com Wild Diamond, da cineasta francesa Agathe Riedinger.

Formada pela École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs de Paris, Riedinger dirigiu os curtas J’attends Jupiter (2018) e Eve (2019). O material de divulgação de Wild Diamond diz que a cineasta tem especial interesse pela “condição feminina” e  “experimenta com diferentes tipos de narração – entre excesso e ironia, e às vezes deliberadamente vulgar e surreal – para questionar certas visões de mundo”.

Riedinger também escreveu o roteiro de Wild Diamond, centrado em Liane, uma vibrante jovem de 19 anos que vive com a mãe e a irmã mais nova no sul da França. Obcecada por beleza e pela necessidade de “se tornar alguém”, ela faz teste para participar de um reality show chamado Miracle Island. A protagonista é a estreante Malou Khebizi, que divide a cena com Idir Azougli e Andréa Bescond.