Quatro filhos e uma prancha de bodyboarding na vida da mamãe Naara
Ex-campeã mundial e brasileira, Naara Carolyne encontrou na maternidade uma das razões para voltar a competir e dar exemplo na prática para os quatro filhos
Naara Carolyne já foi promessa do bodyboarding capixaba e brasileiro. De promessa, virou musa, campeã mundial amadora em 2004, campeã brasileira profissional em 2008 e referência na modalidade.
Guardou a prancha por 10 anos, período no qual se casou com o empresário Guilherme Bragatto, foi morar em Belém (PA) e virou mãe. Bom, na verdade, uma supermãe de quatro filhos. E ser mãe foi uma das razões que a fizeram voltar a competir.
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Aos 38 anos, Naara não segue a rotina que tinha de quando foi bodyboarder profissional. Afinal, passar semanas longe de casa é algo fora de cogitação para a mãe da Pietra (14 anos), da Guilhermina (12), da Maria Cecília (5) e do Guilherme (3).
No entanto, ela dá o seu jeito para se manter ativa, como mostrou no ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro, a etapa feminina do Circuito Mundial que foi realizada em Jacaraípe, em Serra.
A mesma Jacaraípe onde Naara pegou as primeiras ondas e aonde ela vai, em breve, abrir uma escolinha de bodyboarding que leva o seu nome.
No Dia das Mães, a campeã explica por que voltou a competir depois de 10 anos parada e por que faz tanta questão de "encontrar tempo" para se manter ativa, mesmo com todos os mil afazeres diários de uma mãe.
"Se hoje eu os ensino sobre perseverar, sobre respeito ao outro, sobre serem corajosos, sobre amizade da forma que eu ensino, eu agradeço ao esporte. E eles veem tudo isso na prática, quando me veem na competição", explica Naara.
QUEM É NAARA CAROLYNE
Natural de: Serra
Idade: 38 anos
Títulos: campeã mundial amadora em 2004, campeã brasileira profissional em 2008
Filhos: Pietra, 14 anos; Guilhermina, 12 anos; Maria Cecília, 5 anos; Guilherme, 3 anos
Após ter encerrado a carreira com conquistas expressivas, Naara acredita que também encontrou o equilíbrio necessário para manter-se competitiva dentro do que considera ideal na vida atual.
E não abre mão de mostrar, na prática, os ensinamentos que recebeu do esporte.
"Eu considero minha carreira vitoriosa. Minha mãe e outras pessoas me ajudaram a manter o foco e a seguir nas minhas conquistas. Depois, eu consegui cuidar de um outro lado da minha vida, fora do esporte, nesse tempo fora das competições, e ver essa linda família hoje me completa", diz,
"Se hoje eu os ensino sobre perseverar, sobre respeito ao outro, sobre serem corajosos, sobre amizade da forma que eu ensino, eu agradeço ao esporte. E eles veem tudo isso na prática, quando me veem na competição. Não preciso me esforçar, é o que eu sou. Eu não voltei pro circuito, apesar de morrer de vontade, pois hoje a demanda de quatro filhos não me permite ficar um mês fora de casa. Mas vou seguindo como dá, mas sempre por perto", explica.
MATERNIDADE NÃO É IMPEDIMENTO
A ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro em Jacaraípe, na Serra, foi marcante também por demonstrações de várias competidoras de que é possível ser mulher, mãe, esposa, empresária e fazer tudo que quiser.
Foi esse, por exemplo, o discurso da tricampeã mundial profissional e tricampeã mundial master Mariana Nogueira, que destacou a importância de mais eventos voltados para as mulheres. Naara Carolyne assina embaixo.
"É super por aí! Eu fiquei uma semana me organizando, ou até mais, para conseguir treinar um pouco para esta etapa, para ver quem ia levar e buscar crianças na escola, já que eu precisava estar bem cedo na praia para treinar. Tive dias em que saí da praia, fui em casa, tomei banho e fui pra reunião da escola. Mas abri mão por esses dias de coisas que acompanho da vida dos meus filhos, foram duas semanas nesse combinado. No final eles se divertem. Eles me veem feliz, curtem a ideia da mãe surfista", conta a ex-campeã brasileira.
"VÁ POR ELES"
Mas manter-se ativa e seguir fazendo que gosta mesmo após a maternidade não é fácil e requer dedicação. E um dos motivos que move a ex-campeã mundial amadora é justamente fazer pelos filhos.
"Se não for por você, vá por eles, vá para dar um bom exemplo. Temos essa missão nas nossas vidas, de fazermos o nosso melhor. Esse tempo que tenho nos esportes que eu faço são essenciais pra me manter bem, com energia, e com a certeza de que, cuidando de mim, também estou cuidando deles".
Como não poderia deixar de ser, as crianças tem o DNA esportivo. Pietra, a mais velha, joga vôlei. Maria Cecília, com apenas cinco anos já pega onda, assim como Guilhermina de 12 anos. Um caminho natural que, mais uma vez, mostra que o exemplo de dentro de casa é fundamental na formação dos filhos.
"A Pietra se encontrou no vôlei. Mas passou pela natação, ginástica, futebol... Eu sempre os apoio e ensino que precisam conhecer vários esportes até se encontrarem. Hoje, a Guilhermina, de 12 anos, super leva jeito pra surfar, mas joga beach tennis bem e acho que ela tem que se testar em outros esportes. De cada lugar que ela passar, ela vai tirar um aprendizado importante pra vida. Eu apoio e sou muito competitiva", conta, e continua:
"Se for no bodyboarding, eu quero ensinar, mas elas não me veem como a campeã, elas me veem como a mãe querendo mandar, eu acho (risos). Uma vez, a Neymara me falou que era bem assim e que depois elas acabavam ficando melhor que a gente, aí eu relaxei. Sigo aprendendo também", conta Naara, citando uma conversa que teve com a pentacampeã mundial Neymara Carvalho, mãe da também bodyboarder Luna Hardman, de 18 anos, atual líder do ranking mundial.
ESCOLINHA É O PRÓXIMO PASSO
Com experiência de sobra no mar, de volta às competições e com "fome de ensinar" não só os filhos, Naara Carolyne se prepara para dar um próximo passo. Ela vai inaugurar, em breve, a sua escolinha de bodyboarding.
"Eu esperei muito por esse momento de conseguir passar pra frente, transbordar tudo que o esporte me deu. Hoje meus filhos menores chegaram numa idade mais confortável de ir pra praia e decidi abrir minha escola de bodyboarding. Há tempos que me pedem pra dar aulas, pra viver essa experiência no mar. A escola está quase pronta, levará meu nome. Conto com profissionais renomados comigo e a faixa etária dos alunos vai de 0 a 100 anos", revela Naara.
O local escolhido foi o Solemar, em Jacaraípe, mesmo lugar da disputa do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro e onde ela aprendeu a surfar.
"Não tem como não ser em Jacaraípe, pela minha história, e espero que muitas pessoas tenham essa experiência e se apaixonem por esse esporte maravilhoso, seja no intuito de competir ou não. Vai ser lindo ver muita gente nova na água surfando. Espero que no mês junho tudo esteja pronto! Aos interessados, me chamem no Instagram, vai ser uma experiência incrível".
