Série ‘The big cigar’ lembra a parceria entre executivo de Hollywood e líder dos Panteras Negras
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Quando o produtor de cinema Bert Schneider conheceu o líder do Partido dos Panteras Negras Huey P. Newton, ele o viu como uma estrela na linha da frente da verdadeira revolução. Àquela altura, Newton já havia cumprido pena pelo assassinato de um policial — ele negou ter atirado no agente e a condenação acabou anulada. Schneider, que ajudou a revolucionar a indústria cinematográfica como produtor de filmes como “Easy rider”, também queria agitar o mundo.

A parceria improvável é agora o coração da série “The big cigar”, que estreia no próximo dia 17 na Apple TV+. É uma história sobre como Newton (interpretado por André Holland) fugiu para Cuba em 1974, depois de ser preso pelo assassinato de uma prostituta (crime que ele também alegou não ter cometido). Schneider (Alessandro Nivola) desembolsou dinheiro e assistência logística, incluindo uma produção de filme falsa, para ajudar Newton a escapar.

“Cigar” conta uma história com tiroteios, perseguições e companheiros estranhos: um revolucionário negro em fuga e um jogador poderoso de Hollywood bem penteado que quer financiá-lo. Mesmo tomando liberdades com os fatos, a série reflete os laços que existiam entre figuras do entretenimento da contracultura e organizações radicais dos anos 60 e 70.

— Houve um tempo em que as pessoas realmente colocavam seus corpos em risco e faziam coisas por uma causa em que acreditavam. Elas corriam riscos pessoais para fazer coisas que eram políticas — diz Jim Hecht, escritor e produtor executivo da série.

‘Policiando a polícia’

Baseado em um artigo de 2012 da Playboy escrito por Joshuah Bearman, “The big cigar” recria uma fatia improvável da história underground. Em entrevista, Holland relembra sua reação inicial ao ler o roteiro:

— Isso aconteceu mesmo? Deixe-me verificar isso... Embora a história seja em grande parte ficcional, seus elementos básicos são baseados na verdade. História louca.

A preocupação seguinte de Holland era ver se Newton, e não Schneider, seria o foco principal da série.

— Eu queria ter certeza de que não seria a história de um salvador branco — conta Holland. — Havia aliados em Hollywood, pessoas que apoiavam o partido. Ao mesmo tempo, acho que Newton merece uma série própria, e senti que precisávamos ter cuidado para contar uma história equilibrada.

Ao acompanhar as ações de Newton e Schneider, “The big cigar” também traça o início dos Panteras Negras e as relações entre seus principais membros.

Newton e Bobby Seale (interpretado por Jordane Christie na série) fundaram o Partido dos Panteras Negras para Autodefesa em Oakland, Califórnia, em 1966, como uma organização socialista Black Power dedicada ao combate à brutalidade policial. Mais conhecidos na cultura dominante por portarem abertamente armas de fogo e “policiarem a polícia”, os Panteras também eram ativos em suas comunidades. Havia grandes egos no partido, e seus líderes foram vigiados pelo FBI, determinado a derrubá-los.

“The big cigar” é decididamente pró-Newton, retratando-o como uma alma sensível levada ao limite pela vigilância governamental, perseguição policial e subsequente paranoia. Este Newton mostra-se irritado de vez em quando, mas no geral é um homem de princípios, cauteloso com a influência hollywoodiana que Schneider representa e disposto a morrer pela sua crença na revolução.

— Quando você olha para a história de Huey Newton, ela não terminou da maneira que gostaríamos que terminasse — diz Janine Sherman Barrois, showrunner e produtora executiva. — E isso é de partir o coração. É comovente, especialmente para Huey, que tinha um grande sonho de revolucionar e mudar as coisas.

Don Cheadle, produtor executivo da série, ficou impressionado com o que considera a natureza intransigente de Newton.

— Ele se manteve firme por aquilo em que acreditava, e estava disposto a fazer todo o possível por isso. Sempre que vemos isso ficamos fascinados. É atraente e atrai você — diz Cheadle.

Mais que a fuga para Cuba

Do outro lado da equação está Schneider, que morreu em 2011. Ele fez parte do grupo que levou Hollywood em direção a filmes mais pessoais e de contracultura. Na série, o Schneider de Nivola deixa claro: “Quero financiar a revolução”.

Os Panteras tiveram outros benfeitores famosos, incluindo Leonard Bernstein, cuja luxuosa festa de arrecadação de fundos em 1970 foi imortalizada por Tom Wolfe no livro “Radical chic”.

Mas Schneider foi além por Newton, não apenas financiando sua fuga para Cuba, mas também levando amigos famosos (como Jack Nicholson e Candice Bergen) para visitá-lo na ilha.

Depois que Newton voltou do exílio, Schneider continuou a financiar seu estilo de vida, incluindo um apartamento e um carro.

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