Ascensão do Senhor - CNBB

Dom Anuar Battisti
Arcebispo emérito de Maringá (PR)

A Solenidade da Ascensão de Jesus mostra, antes de mais, qual é a meta final do nosso caminho: a comunhão com Deus, a Vida definitiva. Mas, além disso, lembra aos discípulos de Jesus que, enquanto caminham na terra, têm a responsabilidade de continuar a obra de Jesus e de dar testemunho da salvação de Deus. A Solenidade da Ascensão do Senhor é a memória do dia em que Cristo se elevou à direito do Pai e consigo levou a nossa humanidade redimida por sua morte e ressurreição.

Nesta solenidade reafirmamos a nossa profissão de fé: “ressuscitou, subiu aos céus e está sentado à direita do Pai”. A Ascensão de Jesus “já é a nossa vitória” – como reza a oração da Coleta – à medida em que o Senhor mesmo eleva nossa humanidade à glória dos céus e de Deus.

No Evangelho – Mc 16,15-20 –, Jesus ressuscitado despede-se dos discípulos e passa-lhes o testemunho.  Os discípulos, formados na “escola” de Jesus, têm como missão levar o Evangelho a toda a criatura e dar Vida a todos os que vivem prisioneiros do sofrimento e da morte. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhá-los e a mostrar-lhes os caminhos que eles devem percorrer.

O Ressuscitado se apresenta aos discípulos para lhes dar algumas instruções: aos Onze, é confiada a missão do anúncio do Evangelho ao mundo inteiro (Mc 16,15). Crer em Jesus e ser batizado se torna condição de salvação (Mc 16,16). Depois disso, o Senhor foi levado ao céu e sentou-se à direita do Deus (Mc 16,19).

A primeira leitura – At 1,1-11 –, repete a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter comunicado aos homens o projeto do Pai, entrou na Vida definitiva da comunhão com Deus, a mesma vida que espera todos os que percorrem o “caminho” que Jesus percorreu. Os discípulos, testemunhas da partida de Jesus, não podem ficar a olhar para o céu; mas têm de ir para o meio dos homens, seus irmãos, continuar o projeto de Jesus. Nesta leitura enfatiza-se a ordem missionária e testemunhal quanto à segunda vinda de Jesus: Ele virá do mesmo modo como partiu para o céu (At 1,11). Assim, nós aguardamos o retorno do Senhor, não devemos ficar nem parados nem apenas contemplando a realidade; a Ascensão de Jesus é um despertar dos cristãos para um compromisso aqui na terra com o Reino de Deus, até que o Senhor retorne.

A segunda leitura – Ef 1,17-23 – convida os discípulos a terem consciência da “esperança” a que foram chamados: a Vida plena de comunhão com Deus. É essa “esperança” que ilumina o horizonte daqueles que fazem parte da Igreja, o “corpo” do qual Cristo é a “cabeça”. Deus ressuscitou Jesus, tornando-o cabeça da Igreja, que é o corpo visível do Ressuscitado. O autor da carta pede ao Pai o espírito de sabedoria, para que a comunidade compreenda a ação de Deus em favor de cada pessoa. Os cristãos, envolvidos nas tarefas cotidianas, não podem esquecer que sua vida não está limitada aos horizontes deste mundo, mas está a espera do Ressuscitado, que os levará à sua glória.

A missão confiada por Jesus aos apóstolos prosseguiu ao longo dos séculos, chegando até nós. O batismo habilita-nos a ser missionários. O convite estendido a toda a Igreja pelo Papa Francisco, ao convocar um sínodo sobre a sinodalidade, fortalece o espírito da missão com responsabilidade de todos. Para que haja comunhão e participação na missão, é necessário ter a coragem de desclericalizar a Igreja e recusar o mundanismo espiritual, lembra-nos o amado Papa Francisco.

Portanto, somos todos convocados a ser missionários da Ascenção: “Nesse itinerário, encontramos o próprio Jesus nos irmãos, sobretudo nos mais pobres, em quantos sofrem na própria carne a dura e mortificadora experiência de antigas e novas pobrezas” (Papa Francisco). Soou a hora de sermos sinais de esperança no mundo, continuando hoje a ação de Jesus.

Sentado à direita de Deus, Jesus continua a olhar pela humanidade. Para que nós, seus seguidores, tenhamos consistência no testemunho, Ele nos promete o envio do Espírito Santo. A Igreja reafirma hoje o seu compromisso de anunciar o Evangelho, utilizando-se também dos meios mais modernos para promover uma comunicação plenamente humana. Unimo-nos com todas as nossas mães, em seu dia, rezando pelas que estão junto de Deus, como a minha saudosa mamãe, e rezando por todos as que dão autêntico testemunho cristão no mundo! Deus abençoe as mães!

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