Premiado em Cannes, drama épico com Nicole Kidman e Colin Farrell está na Netflix Divulgação / American Zoetrope

Premiado em Cannes, drama épico com Nicole Kidman e Colin Farrell está na Netflix

O filme “O Estranho que Nós Amamos” mergulha o espectador em um turbilhão de emoções logo nos primeiros minutos, revelando uma gama de reações que oscilam entre a ingenuidade e a selvageria. Sob a direção de Sofia Coppola, conhecida por sua perspicácia e sensibilidade na exploração da complexidade humana, especialmente feminina, somos conduzidos por uma narrativa que se desdobra em meio aos perigos da Guerra Civil Americana.

A trama se desenrola na Virgínia de 1864, onde encontramos Amy, a jovem interna de um colégio para moças dirigido por Martha Farnsworth, descobrindo o soldado ferido, John McBurney, sob a sombra de um salgueiro. A atuação de Oona Laurence e Colin Farrell transmite uma comovente interação, enquanto a fotografia habilmente manipulada por Philippe Le Sourd adiciona uma atmosfera sombria, mas pulsante de vida mesmo nos momentos mais adversos.

A entrada de McBurney na vida da reclusa comunidade de mulheres é um ponto de virada, desencadeando uma série de eventos que desafiam as normas e expectativas sociais da época. Nicole Kidman, no papel de Martha Farnsworth, personifica a complexidade da vilã, mesclando elementos de seus papéis em “Os Outros” e “Dogville”, enquanto Kirsten Dunst, como Edwina, representa a tentativa de luminosidade em meio à escuridão.

Coppola habilmente tece as múltiplas camadas de cada personagem, destacando a ambiguidade moral que permeia suas ações e motivações. O filme evoca uma tragédia romântica com nuances que ecoam os mestres literários como Giovanni Boccaccio e Gregório de Matos, lembrando também produções de um lirismo cortante, como “O Violinista que Veio do Mar”, de Charles Dance.

A reviravolta final da história expõe as profundas contradições que habitam cada personagem, revelando a natureza bendita e diabólica da humanidade. Nesse contexto, a solução encontrada por Martha Farnsworth para se livrar de McBurney pode surpreender e, ao mesmo tempo, ecoar a complexidade moral que permeia toda a narrativa.

 “O Estranho que Nós Amamos” não apenas nos transporta para o contexto turbulento da Guerra Civil Americana, mas também nos convida a refletir sobre as nuances da natureza humana, em uma trama habilmente tecida por Sofia Coppola


Filme: O Estranho que Nós Amamos
Direção: Sofia Coppola
Ano: 2017
Gêneros: Drama/Suspense
Nota: 9/10