Mariana Becker sobre desafios e machismo no trabalho: 'O ambiente da Fórmula 1 é espinhoso'

Morando há 15 anos no principado de Mônaco, a gaúcha Mariana Becker, 53 anos de idade, tem a imagem rapidamente associada à cobertura de Fórmula 1. A jornalista, que iniciou na cobertura de automobilismo com reportagens do Rally dos Sertões, reconhece que estar em um ambiente de trabalho predominantemente masculino trouxe desafios. "O meio automobilístico é de cultura masculina. Percebi que um erro meu não tinha o mesmo peso que o mesmo erro de um colega homem", diz.

Com domínio de cinco idiomas -- espanhol, inglês, francês, italiano e português --, Mariana já entrevistou os principais pilotos da categoria e afirma que o tom das entrevistas está diretamente relacionado ao desempenho na pista. "Se ele fez uma grande burrada, o cara não vai te dar uma boa entrevista. Ele pode ser seu parceiro, mas está bravo, frustrado... Embora sejam jovens, eles são escolados e já dão entrevistas há tempos. Estão acostumados em competições vorazes há anos. Ninguém é ingênuo."

Mariana Becker nas bastidores de cobertura de prova de Fórmula 1 — Foto: Arquivo pessoal
Mariana Becker nas bastidores de cobertura de prova de Fórmula 1 — Foto: Arquivo pessoal

Apaixonada por esportes, Mariana gosta de esquiar e surfar nas horas de folga. "Eu já me machuquei bastante ao praticar esportes -- seja surfando, seja esquiando. Já virei motivo de piada. Os pilotos já chegam perguntando: 'O que foi dessa vez?'", diz. Com uma rotina marcada por viagens ao longo do ano, ela não faz disso um dilema. "Quanto mais diferente o lugar, melhor. Quando eu era criança minha brincadeira preferida era fingir que estava viajando. O lado difícil é que você quase não para em casa."

Solteira após o fim do casamento com o jornalista e produtor executivo de Fórmula 1 Jayme Brito, Mariana reconhece que o momento é delicado. "Nós nos separamos em janeiro. Estávamos juntos desde 2008. Não é algo fácil, uma vez que a gente trabalha junto. Quando os casais se separam, o mais comum é que cada um vá para o seu lado seguir a vida. Como a gente trabalha junto, isso dificulta, mas a gente está encontrando um jeito de se adaptar à nova realidade. A gente está nesse mundo para ser feliz."

Ainda em 2024, a jornalista perdeu a mãe, o que faz com que defina a atual fase como a de "maior transformação". "Estou vivendo um dia de cada vez e reestruturando minhas expectativas. É um momento difícil e dolorido, mas é um momento de criação. Toda mudança nos coloca em movimento. Para minha saúde física e emocional, também é importante estar sozinha."

Quem: Imagino que você escute muito que tenha o emprego dos sonhos, viajando pelo mundo e acompanhando os bastidores da Fórmula 1.
Mariana Becker:
É realmente o emprego dos sonhos de muito gente e é meu emprego dos sonhos também -- sem que eu soubesse. A Fórmula 1 não era meu sonho, mas acabou virando por ser a oportunidade de trabalhar com algo que gosto muito. Não é todo mundo que tem a oportunidade de trabalhar com o que gosta.

Sente-se muito cobrada - seja pela aparência, pela transmissão de informações?
Tento estar aparentemente agradável, mas não acho que tenha que ficar me disfarçando o tempo todo de boneca perfeita. Todos nós temos nossas imperfeições. Para ser mais feliz, você tem que se tranquilizar com as imperfeições. Não tenho que entrar em pânico por não estar com a maquiagem perfeitinha na hora que surgiu uma notícia e eu tenha que entrar no ar. Acho que o repórter, de maneira geral, não pode estar com uma aparência que chame muito a atenção. Não me exijo estar perfeitinha e lindinha o tempo todo. Às vezes, posso estar suada por conta do calor ou descabelada porque ventou, mas evito um cabelo muito louco, uma manga ou uma gola da camisa desajeitada. O importante é passar a informação. Não vou atrasar uma notícia factual porque ainda não deu tempo de passar pó no rosto, blush ou batom.

Mariana Becker nos bastidores de coberturas com Felipe Massa e Rubens Barrichello — Foto: Arquivo pessoal
Mariana Becker nos bastidores de coberturas com Felipe Massa e Rubens Barrichello — Foto: Arquivo pessoal

E é assim no seu dia a dia também?
Sim. Não vou deixar de fazer as coisas porque o sapato ou a roupa não estão certos. Uma vez vi a entrevista de uma senhora, já idosa, contando que o marido nunca tinha visto ela sem maquiagem, nem em viagem. Para mim, isso é surreal. Para aquela pessoa, não. Ela é feliz assim, eu não conseguiria. Esse tipo de prisão eu não vou ter -- nem na vida profissional, nem na vida pessoal.

Sua rotina inclui muitas viagens. Tem um lado ruim nisso?
Gosto muito do que faço e gosto muito de viajar. Quanto mais diferente o lugar, melhor. Quando eu era criança minha brincadeira preferida era fingir que estava viajando. O lado difícil é que você quase não para em casa. Eu me adapto muito bem a qualquer ambiente, mas como boa taurina gosto de ter meu canto para voltar. Tem ônus e bônus. Você passa pouco tempo em casa, acaba sendo cansativo, são voos longos, podem atrasar. Meus amigos sabem que comigo é assim: "Estou aqui. Vamos nos ver?". Não pode ficar programando muito, com semanas de antecedência.

E trabalhar na televisão era algo que sempre almejou?
Durante a faculdade, fiz muitos frilas e testes. Um deles foi para trabalhar na TV Globo, no Rio. Quando me formei, fui trabalhar lá. Um dos repórteres passaria um período viajando e pediram para que eu assumisse durante aquele mês. Agarrei a reportagem, mas me 'paniquei', perdi a voz. Na primeira reportagem, eu estava rouca (risos).

De muletas e com pé imobilizado, Mariana Becker registra encontro com o comentarista Reginaldo Leme nos bastidores do GP de Miami, nos Estados Unidos, em 2022 — Foto: Arquivo pessoal
De muletas e com pé imobilizado, Mariana Becker registra encontro com o comentarista Reginaldo Leme nos bastidores do GP de Miami, nos Estados Unidos, em 2022 — Foto: Arquivo pessoal

Já passou perrengues?
Tenho um milhão de perrengues. Difícil escolher um. Sempre tive uma dificuldade grande em não trabalhar e sempre gostei muito do Japão. Em um ano, tinha ido surfar em Bali, sofri um acidente e fiquei temporariamente sem conseguir movimentar as pernas. Quando voltei a mexer, ainda estava um pouco desequilibrada. Mandei os exames para o Brasil e o médico me avisou que tinha sido sério, precisaria acompanhar. Só que eu ainda tinha o GP do Japão para fazer. Meu médico orientou para que eu usasse uma pescoceira para trabalhar e, na sequência, voltar ao Brasil. Argumentei que tinha uma caminhada programada, que iria visitar mosteiros depois de trabalhar e ele vetou. Trabalhei de pescoceira e voltei ao Brasil. Lembro que chamei a atenção até dos pilotos. O (Lewis) Hamilton veio perguntar: "O que aconteceu?". Eu já me machuquei bastante ao praticar esportes -- seja surfando, seja esquiando. Já virei motivo de piada. Os pilotos já chegam perguntando: "O que foi dessa vez?".

Você citou o Hamilton que te abordou para saber o que tinha acontecido. Por estar há vários anos na cobertura, você acaba sendo reconhecida por muitos deles? Existem os que são sempre simpáticos e os que estão sempre de cara amarrada?
Geralmente, é flutuante, intimamente correlacionado ao que eles fizeram na pista. Se um cara está contente com a prova, possivelmente ele vai te dar uma entrevista boa. Se ele fez uma grande burrada ou a equipe fez uma grande burrada, o cara não vai te dar uma boa entrevista. Ele pode ser seu parceiro, mas está bravo, frustrado... O (piloto Valtteri) Botas, por exemplo, não tem filtro, sempre diz o que pensa e bem honestamente. Embora sejam jovens, eles são escolados e já dão entrevistas há tempos. Estão acostumados em competições vorazes há anos. Ninguém é ingênuo. São profissionais.

Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, e a repórter Mariana Becker — Foto: Reprodução/Instagram
Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, e a repórter Mariana Becker — Foto: Reprodução/Instagram

Você já está na cobertura da Fórmula 1 desde a década de 1990. Em algum momento, cogitou mudar de área?
Depois que entrei para a cobertura de Fórmula 1, não cogitei sair porque é um mundo tão complexo. Foram 25 anos de TV Globo, sendo 10 em Mônaco. E, atualmente, faço a cobertura pela Band. Para uma jornalista curiosa -- todo jornalista é curioso, né? --, tudo se tornou desafiador. Queria entender tudo. A Fórmula 1 é um microcosmo. O esporte é complexo, os bastidores são incríveis -- com muita novela e interesses.

Você domina diversos idiomas. A língua já foi um complicador em algum momento?
Não, nunca foi um impedimento. Falo espanhol, inglês, francês, italiano e português. Antes de iniciar na Fórmula 1, falava inglês e espanhol, além do português.

Um dos "climões" mais lembrados pelo público é uma entrevista sua com o Fernando Alonso. Como foi aquilo?
Aquele foi um climão que acabou indo pro ar. A gente passa por vários. Estávamos em Portugal e o asfalto com muita areia. Os pilotos estavam com dificuldade para saber como os carros e os pneus se comportariam. Não lembro se meu espanhol saiu atrapalhado, se falei baixo, só sei que ele respondeu monossilabicamente. Tentei de novo, ele foi monossilábico mais uma vez. Segui meu trabalho. Porém, como foi ao ar, acabou gerando uma grande repercussão. Como repórter, a gente está acostumada e sabe que aquilo, normalmente, não tem a ver com você. No dia seguinte, fui entrevistá-lo e perguntei se poderia abordá-lo, se estava mais calmo. Aí, ele me pediu desculpa pelo dia anterior. Ele me deu uma boa entrevista. Achei bacana ele ter pedido desculpa publicamente. Ficou zerado.

Mariana Becker e Fernando Alonso: após 'saia justa' em entrevista, jornalista recebeu pedido de desculpa do piloto — Foto: Reprodução/Instagram
Mariana Becker e Fernando Alonso: após 'saia justa' em entrevista, jornalista recebeu pedido de desculpa do piloto — Foto: Reprodução/Instagram

Ser mulher na Fórmula 1 já te trouxe alguma situação em que você precisasse provar mais o seu valor, o seu merecimento para estar ali?
Sempre. Tive que me provar várias vezes, como qualquer mulher que chega em um ambiente profissional que é majoritariamente masculino -- e o meio automobilístico é de cultura masculina. Percebi que um erro meu não tinha o mesmo peso que o erro de um colega homem. Quando comecei, tive que aprender e estudar muito. O ambiente da Fórmula 1 é espinhoso. Quando comecei a notar que colegas homens cometiam erros como os meus -- ou piores -- e as situações passavam batido, eu percebi que não precisaria ficar me chicoteando. Como jornalista, meu objetivo é não errar. Erros acontecem, mas bons profissionais prestam atenção para não errar novamente.

Não é fácil de trabalhar na Fórmula 1. É extremamente competitivo. Até você conseguir criar relações de confiança, em que o piloto se sinta à vontade, leva tempo. Demora para você conseguir ter um pouco mais acesso e estabelecer a relação de confiança. Não é de um dia pro outro. O difícil é quando você, depois de estabelecer essa relação, tem que escutar de algum 'bacana': "Mas você, né? É loira de olhos verdes, queria ver se fosse eu...". Porra, amigão! Dá certa preguiça. Aí, você tem que pesar ao que dar mais importância: na entrevista que fez ou no comentário do "zigofredo". Claro que o mais importante é a entrevista. Então, deixa o "zigofredo" azedando (risos).

Você faz muitas viagens, mas sua base continua sendo Mônaco?
Sim, desde 2009. Eu me adapto muito facilmente aos lugares para onde vou. Como viajo muito, acabo usufruindo só da parte boa daqui -- um lugar lindo, organizado, um clima maravilhoso. Adoro cozinhar e estou na fronteira com o que há de melhor no mundo culinário. Quando vim, o Jaime, meu ex-marido, me apresentou pessoas. Foi uma adaptação rápida. Quando cheguei aqui, a Rafaella Massa, mulher do Felipe Massa, foi muito legal comigo. Pegou um ônibus e fez um rolê, mostrando onde é a farmácia, o hospital... Tive que aprender rápido.

Mariana Becker está adaptada com rotina de viagens pelo mundo ao longo do ano — Foto: Reprodução/Instagram
Mariana Becker está adaptada com rotina de viagens pelo mundo ao longo do ano — Foto: Reprodução/Instagram

Percebe a presença de brasileiros morando aí?
Sim. Tem uma comunidade brasileira, mas são pessoas que moram por determinado período, trabalham no mercado financeiro, vêm estudar, fazer faculdade ou especialização em mercado de luxo.

Você citou seu casamento com o Jayme Brito. Como tem sido lidar com essa fase após a separação depois de tanto tempo juntos?
Nós nos separamos em janeiro. Estávamos juntos desde 2008. Não é algo fácil, uma vez que a gente trabalha junto. Quando os casais se separam, o mais comum é que cada um vá para o seu lado seguir a vida. Como a gente trabalha junto, isso dificulta, mas a gente está encontrando um jeito de se adaptar à nova realidade. A gente está nesse mundo para ser feliz.

E o mais importante é que isso não traga impasses profissionais para você.
Claro. Trabalhamos no mesmo métier e não vejo sentido que, nenhum dos dois, decida trabalhar com outra coisa.

Voltar a morar no Brasil é algo fora de cogitação?
Nunca deixei de ser muito brasileira, apesar de ter fácil capacidade de adaptação pelo mundo. Nenhum lugar no mundo mexe com meu coração como o Brasil. Nenhum lugar no mundo tem músicas como o Brasil. Adoro a mistureba brasileira. Quando viajo pelo mundo, o que faço questão é visitar o mercado. No mercado, consigo encontrar a mistureba. É da mistura de culturas que sai o que há de bom. Tenho memórias afetivas muito fortes com o país. Todas as minhas férias são no Brasil. Sou muito ligada à minha família -- tenho dois irmãos que moram no Brasil.

Mariana Becker no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, para o GP Brasil de Fórmula 1 — Foto: Arquivo pessoal
Mariana Becker no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, para o GP Brasil de Fórmula 1 — Foto: Arquivo pessoal

Quando vem ao Brasil em férias, suas férias são sempre no Sul ou aproveita para explorar o país?
Sempre optei ir para a casa onde nasci e fui criada, em Porto Alegre. Neste ano, perdi minha mãe -- e já havia perdido meu pai há dois anos --, então talvez meus destinos brasileiros sejam outros. Tenho vontade de passar uma temporada em Minas Gerais, no Pantanal, visitar os interiores do Rio Grande do Sul. Quando ia a Porto Alegre, ficava em casa e meus pais recebiam a galera. Minha mãe morreu aos 89 anos de idade e tinha amigos da minha idade. Minha casa sempre foi aquela casa que acolhia. Estou em um fase em que estou revendo ritos, propostas e jeitos de viver. Estou em uma fase de transformação muito grande, talvez a maior que já passei.

Você lançou o livro Não inventa, Mariana. Você já se imaginou escrevendo sobre esse atual período?
Eu não pensei em escrever de maneira pública porque envolve outras pessoas. Nossas relações amorosas são de âmbito muito particular. Ilusões e desilusões devem ser mantidas, ao máximo, em sua vida privada. Afinal, isso não fará diferença para ninguém. Em relação à perda da minha mãe e do meu pai, é muito delicado. É difícil se ver sem pai e sem mãe. É realmente um fim de ciclo. Cheguei a escrever dois textos no Instagram. Não sabia como iria lidar com a perda da minha mãe. Quando escrevo, quero dividir um pouco o que estou sentindo, seja algo engraçado ou não.

Você comentou que está em uma nova fase. Como avalia esse momento de vida?
Estou vivendo um dia de cada vez e reestruturando minhas expectativas. É um momento difícil e dolorido, mas de criação. Toda mudança nos coloca em movimento. Para minha saúde física e emocional, também é importante estar sozinha. Sempre viajei muito sozinha e encontrava gente pelo caminho. Gosto muito do que faço: minha profissão é dividir os prazeres, as dificuldades e os perrengues.

Mariana Becker — Foto: Maja Kerin Cosignan
Mariana Becker — Foto: Maja Kerin Cosignan
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