Posição do Flamengo sobre paralisação é justa, mas falta de empatia não surpreende
Braz, Spindel e outros membros da diretoria deixaram claro que não são a favor da paralisação do Brasileirão pela tragédia no Sul
O Flamengo é um dos poucos clubes que se posicionou contrários à paralisação do Campeonato Brasileiro, por conta da tragédia no Rio Grande do Sul. Em nota divulgada com Palmeiras e São Paulo, o Rubro-Negro colocou suas instalações à disposição, mas preferiu que a liga nacional continuasse, diante da ausência de datas. É um parecer que não surpreende nem um pouco.
Pela postura da diretoria do Flamengo em outros momentos delicados, era natural que o clube não aderisse ao movimento de paralisação. Não é como se fosse uma posição injusta, afinal, o Rubro-Negro defende os próprios interesses, mas esse egoísmo incomoda.
Como o Flamengo se posicionou
Nos bastidores, o clube já dava indícios de que se posicionaria contrário à paralisação, mas o primeiro momento veio por meio da nota oficial citada. Ao lado de Palmeiras e São Paulo, o Flamengo ofereceu seu Centro de Treinamento e outros mecanismos para que os gaúchos conseguissem voltar a treinar. Tal posicionamento foi recebido com reações distintas.
Na condição de representantes de Flamengo, Palmeiras e São Paulo, os presidentes Rodolfo Landim, Leila Pereira e Julio Casares se reuniram na manhã desta terça-feira (07) para discutir novas ações de apoio aos clubes gaúchos neste momento difícil na história do Rio Grande do Sul.… pic.twitter.com/F5qsthgN6H
— Flamengo (@Flamengo) May 7, 2024
Quando o coro da CBF aumentou, com direito a um pedido de posicionamento oficial, o Flamengo utilizou o diretor-executivo Bruno Spindel como porta-voz. O discurso foi realizado depois da vitória sobre o Corinthians, por 2 a 0, no último sábado (11), quando o dirigente participou da entrevista coletiva ao lado do professor Tite.
Tite explicou um pouco mais sobre a escolha pelo Lorran no time titular. pic.twitter.com/avySoGf7EV
— Gui Xavier (@GuiVXavier) May 11, 2024
Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, não se posicionou oficialmente sobre o assunto até o momento dessa reportagem. E não foi só Bruno Spindel que apareceu para explicar os interesses do Rubro-Negro nessa história toda.
Braz teme novos problemas em Datas Fifa
A CBF anunciou a paralisação do Brasileirão por duas rodadas poucos minutos antes da bola rolar para Flamengo e Bolívar, pela Libertadores. Claro que o assunto se tornaria pertinente na zona mista, por onde o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, passou. O dirigente foi sucinto ao afirmar que não espera perder atletas por jogos disputados em Datas Fifa que, sem a decisão, não teriam partidas marcadas. Subiu o tom, sem dúvida.
— A gente esperava a reunião da CBF no dia 27, mas foi feita essa determinação. Espero que o Flamengo não tenha mais jogos na Data Fifa. Por exemplo, nós iríamos jogar contra o Vasco no sábado com todo o elenco disponível. Não quero falar do Grêmio, na outra rodada, pois é uma situação diferente por razões óbvias. Espero que não amplie. A princípio, eram nove jogos. Agora espero que não passe para 10, 11, 12, 13, 14 jogos nos quais o Flamengo jogaria sem quatro ou cinco jogadores.
— Porque você perder uma quantidade de jogadores, a importância desses jogadores. Eu vou dar um exemplo, você perder um Arrascaeta ou um De la Cruz em um jogo, eu acho que perde a isonomia do campeonato, eu acho que não é justo com o Flamengo, não é justo quem investe, não é justo quem vai à procura de fazer as contratações caríssimas que o Flamengo faz, para depois não poder usar um jogador nos principais campeonatos do futebol brasileiro.
Egoísmo ou defesa dos próprios interesses?
Landim, Braz, Spindel e companhia não estão errados em defender os próprios interesses. Quem comanda o Flamengo precisa ver o que é melhor, pasmem, para o Flamengo e, nesse momento, a paralisação do Brasileirão pode trazer prejuízos futuros ao clube. Como o vice de futebol explicitou, o Rubro-Negro pode ser prejudicado por jogos em Datas Fifa, nos quais costuma perder pelo menos quatro atletas.
Seria uma perda esportiva grande para o Flamengo, algo que já aconteceu em outras edições do Campeonato Brasileiro. Não é de hoje que o Rubro-Negro se vê prejudicado por convocações que, querendo ou não, acabam minando os planos da equipe em competições importantes. Esses posicionamentos, contudo, ferem a imagem do clube em alguns aspectos.
Essa falta de empatia com os clubes gaúchos só alimenta mais a ideia de que o Flamengo está em falta de sintonia com outras equipes. Foi assim na pandemia, por exemplo, quando Landim e companhia buscaram um retorno mais rápido do futebol brasileiro, enquanto times como o Palmeiras, que dessa vez está ao lado do Rubro-Negro, foram contra.
No fim, os posicionamentos do Flamengo podem agradar ou não, a depender dos olhos de quem observa de longe. Certo mesmo é que, como o próprio Tite frisou na coletiva após a vitória sobre o Bolívar, temos pouca dimensão do que está acontecendo no Rio Grande do Sul. Algo que está (muito) acima do futebol nesse momento.