Presidente da Lituânia e primeira-ministra disputarão segundo turno - ISTOÉ Independente

O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, e sua primeira-ministra, Ingrida Simonyte, disputarão o segundo turno das eleições presidenciais em 26 de maio, após a celebração do primeiro turno no domingo (12) em um cenário de “ameaça russa”.

Após a apuração de quase todos os votos, Nauseda lidera com 46%, enquanto Simonyte aparece com 16%, segundo uma fonte da Comissão Eleitoral.

As pesquisas apontavam o favoritismo do presidente Nauseda, um ex-executivo do setor bancário, de 59 anos, contra os demais sete candidatos, que também incluíam o famoso advogado Ignas Vegele.

Nauseda e Simonyte concordam em questões de defesa, mas apresentam visões diferentes sobre assuntos sociais e sobre as relações da Lituânia com a China, que se deterioraram nos últimos anos devido a Taiwan.

Analistas projetam a vitória de Nauseda no segundo turno.

O país báltico de 2,8 milhões de habitantes, uma ex-república soviética que tem fronteira com o enclave russo fortemente militarizado de Kaliningrado, compareceu às urnas com o olhar voltado para a Rússia, pois teme ser o próximo alvo de Moscou em caso de vitória das tropas do Kremlin na guerra contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

“A ideia da Lituânia sobre a ameaça russa é unânime e indiscutível, e os principais candidatos concordam com isso”, resumiu Linas Kojala, diretor do Centro de Estudos sobre o Leste da Europa de Vilnius.

Na Lituânia, o presidente é responsável pela política de defesa e relações exteriores, participando das cúpulas da Otan e da União Europeia (UE), embora deva consultar o governo e o Parlamento sobre a nomeação dos principais cargos.

– Dois velhos conhecidos –

A primeira-ministra Ingrida, de 49 anos, derrotada por Nauseda nas eleições presidenciais de 2019, é conservadora em termos fiscais e liberal em questões sociais, apoiando, por exemplo, as uniões entre pessoas do mesmo sexo em um país predominantemente católico.

“Simonyte é apoiada pelos eleitores do partido conservador e pelas pessoas liberais, enquanto Nauseda é um candidato de esquerda em questões de política econômica e social”, disse Ramunas Vilpsauskas, analista da Universidade de Vilnius, à AFP.

As complicadas relações entre Nauseda e os conservadores de Simonyte no poder levaram a debates sobre política externa, especialmente no que diz respeito à China.

As relações com Pequim tornaram-se tensas em 2021, quando Vilnius permitiu que a ilha de governo autônomo abrisse uma embaixada com o nome de Taiwan em vez de Taipei – usado habitualmente para evitar confrontos com a China.

Pequim, que considera esta ilha como parte de seu território e se opõe a qualquer gesto que as autoridades possam usar para obter legitimidade internacional, modificou suas relações diplomáticas com Vilnius e bloqueou suas exportações.

Durante a campanha, Nauseda enfatizou “a necessidade de mudar o nome do escritório de representação” de Taiwan, enquanto Simonyte se opõe.