Quem é o advogado que pagou mais de R$ 1 milhão em Porsche de Daniel Alves
Preso ontem durante operação, o advogado Frederico Benigno Simões foi o comprador do Porsche do ex-jogador condenado por estupro Daniel Alves.
Para o MP-AL (Ministério Público de Alagoas), ele era o chefe de uma quadrilha que operava uma falsa cooperativa que prestava serviços e realizava fraudes para contratações públicas de prefeituras em Alagoas e na Bahia.
Segundo recibo de compra e venda apreendido na casa do suspeito, ele pagou R$ 1,1 milhão pelo veículo do ex-jogador, valor 20% acima da tabela Fipe (avaliado em R$ 828 mil, segundo o MP-AL). A data da compra não foi informada.
Ele, a esposa e mais três pessoas foram presas ontem durante a operação Maligno, que desmantelou o grupo e resultou na suspensão de todos os contratos do grupo com as prefeituras alagoanas.
Casa de luxo e mais carros
O Porsche foi apreendido em um condomínio fechado de Petrolina (PE), onde Fred morava. A cidade é separada apenas por uma ponte sobre o rio São Francisco de Juazeiro (BA), cidade-natal do ex-jogador.
Apesar de ter comprado o carro, Fred —como era conhecido— não chegou a transferir a titularidade do Porsche para o seu nome. Entretanto, para a Justiça, o recibo de compra e venda já prova a posse do veículo, que foi apreendido a pedido do MP-AL.
Além do Porsche, na casa do suspeito ainda foram apreendidas duas Land Rovers avaliadas em mais de R$ 1 milhão, cada uma. No local, também foi encontrada moeda estrangeira, em valor não informado.
Fred também é dono de um hotelfazenda em Sento Sé, na Bahia. Nas redes sociais, ele não escondia o luxo. Após a operação, ele apagou as páginas, mas o UOL conseguiu recuperar algumas imagens que mostram ele, por exemplo, na reinauguração do hotel-fazenda, com direito a recepção a autoridades locais.
Ele se apresentava na sociedade como um visionário do empreendimento. Morava em um condomínio de luxo e ostentava vida luxuosa, com viagens frequentes. Ele teve um escalamento patrimonial gigante: em 2019 fazia declarações irrisórias, mas agora tem declaração na casa dos milhões --mas que sabemos que ele tem um valor muito acima do declarado.
Frederico Alves, promotor de Justiça de Cajueiro (AL)
A coluna não conseguiu identificar quem é o advogado de defesa de Fred. O espaço está aberto para manifestação.
14 meses de apuração
As investigações sobre o grupo começaram em março de 2023 e continuam em curso. O promotor diz que já possui provas robustas de que o grupo formava uma falsa cooperativa para prestar serviços diversos a prefeituras.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberNo primeiro momento já vinha o problema [por ser falsa cooperativa] da ausência de recolhimento de direitos trabalhistas. Muitas prefeituras faziam contratos para reduzir custos; mas outros municípios recebiam para colocar aliados políticos em órgãos e até outros poderes; assim como tinha cooperado fantasmas, que recebiam sem trabalhar.
Frederico Alves
Com a apreensão de telefones, documentos e computadores na operação Maligno, o MP-AL entra agora em uma nova fase da investigação, que pretende avaliar a participação de agentes públicos na fraude.
É uma rede grande, com municípios pelo menos em Alagoas e no sudoeste da Bahia. Mas antecipo que o município menos errado é o que só sonega direito trabalhista. A gente vai fazer extração de dados e daremos início a essa apuração desse núcleo público.
Frederico Alves
O grande passo da operação, diz o promotor, é que a 17ª Vara Criminal da Capital acolheu um pedido para suspender a execução de contratos do grupo com todas as prefeituras de Alagoas.
Deixe seu comentário