Vivendo Dublin: as experiências de Felipe Mikalauscas na terra dos irlandeses - Revista Interativa
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Vivendo Dublin: as experiências de Felipe Mikalauscas na terra dos irlandeses

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O videomaker de 24 anos, Felipe Mikalauscas, já pode dizer que realizou diversos sonhos. O jovem realizou uma viagem de 8 meses, sendo que 7 deles ficou residindo em Dublin. Dublin é a capital e maior cidade da Irlanda, situada na costa leste da ilha. É uma cidade vibrante, rica em história, cultura e diversão. Conhecida por suas ruas animadas, música ao vivo e pubs acolhedores, Dublin oferece uma atmosfera única. Os visitantes podem explorar locais históricos como o Castelo de Dublin, a Catedral de St. Patrick e a antiga Trinity College, lar do famoso Livro de Kells. A cidade também é um centro cultural, com uma cena artística próspera, galerias de arte e teatros.

Além disso, Dublin é conhecida por sua herança literária, tendo sido lar de grandes escritores como James Joyce e Oscar Wilde. Com uma população acolhedora e uma mistura de tradição e modernidade, Dublin cativa visitantes de todo o mundo. Conheça o roteiro da viagem de Felipe por Dublin e por mais alguns locais da Europa.

A experiência e a cultura de Dublin
A experiência de viver em Dublin durante esses meses foi realmente fantástica. Não só sair da minha cidade, do meu estado, como eu já tinha feito, mas sair do meu país, é algo que eu nunca tinha feito. É desafiante viver em uma cultura diferente, mas a experiência foi fantástica. Eu cresci muito como pessoa, aprendi muita coisa, vivi muitas coisas legais que eu nunca vou esquecer na minha vida, eu diria que foi a melhor experiência da minha vida. O que mais me chamou a atenção na cultura local foi que Dublin não é uma cidade só de irlandeses, mas é uma cidade mundial, eu diria assim, porque tem um mix de pessoas do mundo inteiro lá. Eu pude conhecer pessoas da Índia, de todos os países da América do Sul quase, como Peru, Argentina, Bolívia, Uruguai, Chile, pessoas da Ásia, da Mongólia, da Coreia, Rússia, de todos os países da Europa até da África. Então realmente muitas pessoas, de todos os lugares do mundo vão para Dublin e isso me chamou muito a atenção.

Maiores desafios
Principalmente encontrar acomodação. Lá existe um problema sério de acomodação. Eu não tive problemas em fazer amizades, eu encontro uma comunidade muito grande, tanto de estrangeiros como os próprios irlandeses são receptivos, são muito amigáveis. Eu tive dificuldade com a língua, mas foi algo que eu fui superando aos poucos. Fui estudando, fui aprendendo, tanto que ao final do intercâmbio eu já me sentia confortável no inglês, não era um problema, mas com certeza no início é realmente complicado até para ir no mercado, qualquer simples situação se torna complexa, mas foi algo que eu superei bem, eu diria.

Oportunidade de aprender a língua inglesa
O foco da minha viagem foi aprender inglês, então realmente eu saí do nível que eu não estava tão legal, para um nível bem legal do meu inglês. Mas eu tive a oportunidade de aprender muito espanhol, porque eu trabalhei com mexicanos, argentinos, chilenos e convivi com pessoas de língua espanhola.

Destinos mais memoráveis da viagem
Dublin realmente ficou no meu coração, mas eu gostei muito de visitar Liverpool. Sou fã dos Beatles e Liverpool é uma cidade muito parecida com Dublin. As pessoas também são bem legais, é uma cidade não tão grande, mas com muita cultura. Foi uma experiência incrível ir para Liverpool. Eu gostei muito também de visitar a Irlanda do Norte, em países do interior, onde eu pude entender um pouco essa questão que existe entre a Irlanda do Norte e a Irlanda. E realmente conhecer os locais, porque quando viajei para o interior, eles não estão acostumados com estrangeiros. E eles recebem muito bem, gostam de explicar a cultura deles. Então visitar o interior da Irlanda do Norte foi uma das experiências mais incríveis que eu tive lá. E Liverpool foi uma das melhores experiências da minha vida também.

Diferenças culturais
Eu acredito que eu lide bem com a diferença cultural. Tento sempre respeitar e dar espaço para outra pessoa, me apresentar à cultura dela, me explicar, entender. E ela exercer a cultura dela. Ao mesmo tempo, eu tento introduzir as outras pessoas à minha cultura. Eu estava sempre com um chimarrão lá, então eu deixei todo mundo experimentar, né? Pessoas da Ásia, irlandeses, enfim. Então eu tentei fazer essa troca, esse intercâmbio cultural, com as diferentes culturas que eu tive contato. Porque eu tento agregar eles assim como eles estavam me agregando. Existem desafios, sim, em interagir com culturas diferentes, porque existem questões que mudam muito de culturas para culturas, por exemplo, invadir espaço pessoal na Ásia, por um asiático, é muito diferente do brasileiro, ou por um russo, por exemplo. Eu encontro um amigo brasileiro, uma amiga brasileira, tu dá um abraço, tu tem um contato físico, enquanto outras culturas, isso seria um assédio ou meio intrusivo. Então, tu aprende a respeitar, tu aprende que com esse tipo de pessoa, tu dá um oi de longe, isso não quer dizer que tu não goste dela, e aos poucos tu vai entendendo como funciona a cada cultura e tu vai meio que se enquadrando. E aprendendo a fazer essa amizade funcionar.

Diferenças no sistema educacional comparado com o Brasil
Primeiro que a escola realmente é levada bem a sério nos primeiros anos da escola, mas eu senti que a diferença é que a universidade lá não é tão valorizada no sentido de ter um diploma, cursar algo na faculdade não é algo tão importante pra eles quanto o brasileiro leva consigo essa importância. Conheci, por exemplo, os irlandeses com os quais eu trabalhava no restaurante e ele falou que queria ser chefe de cozinha, que foi para o restaurante trabalhar, que queria tentar seguir essa carreira. Eu perguntei se ele já tinha feito faculdade, pensava em fazer faculdade, pois ele tinha a minha idade. Conheci muitos irlandeses que não almejavam fazer faculdade e eles queriam realmente seguir alguma profissão X ou Y, então faculdade realmente torna-se importante para que eles querem seguir a carreira acadêmica ou aprender alguma coisa específico.

Atividades extracurriculares
Dentro da escola, eu tentei sempre me inteirar assim de tarde, por exemplo, de vez em quando, quando eu tinha tempo livre, eu tinha aulas de história, história da cultura irlandesa, onde eu pude aprender um pouco mais sobre os irlandeses, sempre tentei fazer novas amizades e frequentar lugares diferentes para conhecer pessoas diferentes, participei no show de talento lá na escola, toquei violão e tal, mas foi mais ou menos isso.

Administração do tempo entre estudar e aproveitar a viagem
Pelos primeiros seis meses eu não viajei, fiquei apenas em Dublin estudando e trabalhando, basicamente isso. Tentei explorar a Irlanda o máximo possível nesse tempo, porque lá é muito fácil viajar de trem para outra cidade. Conheci o interior, conheci os irlandeses, tentei aprofundar a cultura deles, eu li sitcoms irlandeses, eu li filmes irlandeses, li livros de autores irlandeses para realmente absorver a cultura daquele país. Então eu fiquei basicamente seis meses focado no inglês, focado em trabalhar, juntando dinheiro, aprendendo sobre a Irlanda e quando eu terminei o meu curso, que durava seis meses, eu viajei. Fiquei mais um mês lá pela Irlanda trabalhando, mas aí eu já comecei a viajar enquanto eu tinha folga. Em um mês eu fiz um mochilão pela Europa, no qual eu visitei 10 países.

Amizades realizadas
Essa foi a melhor parte do intercâmbio. Eu sou muito grato a Deus e eu não esperava conhecer pessoas tão boas. Sempre falo isso pra todo mundo. Eu não sei se sou um cara de sorte ou se as pessoas realmente são boas lá, mas apenas pessoas realmente legais cruzaram a minha vida. Tem pessoas com as quais eu posso dizer que são minhas amigas hoje e eu sei que eu vou encontrar elas. Eu converso com elas até hoje, faço chamada de vídeo, tenho um grupo no WhatsApp, a gente conversa, mas são pessoas que eu sei que eu vou levar pro resto da minha vida. São pessoas que eu pretendo visitá-las, vê-las, porque a conexão foi realmente profunda com algumas pessoas lá. Eu não sei se é por conta da situação, pessoas que vêm de fora, porque eu fiz muito com amigos mexicanos, argentinos, até brasileiros. Os irlandeses que eu trabalhei, também tive uma conexão muito boa, eles sempre me ajudaram muito. Se eu falava alguma coisa em inglês, por exemplo, eles chegavam e me davam um toque: “ó Felipe, tu falou isso dessa forma, eu entendi o que tu quis dizer, mas nós falamos dessa maneira aqui, dessa maneira correta”. Ou eu tinha total liberdade pra chegar e perguntar como é que falava alguma coisa, e eles me ajudaram tanto no trabalho quanto no inglês o tempo inteiro. Foram super receptivos, pagavam janta pra mim, porque gostavam de mim. “Vamos sair, deixa que eu pago a bebida hoje”. Então o povo irlandês é muito receptivo, e os amigos que eu fiz lá, realmente tive uma conexão muito boa.

Planos futuros e a volta pra casa
A chegada em casa foi difícil, eu realmente gostei muito de Dublin, da Europa, dessa troca de cultura, de conhecer pessoas, e os próximos meses pós-Dublin foram meio depressivos, querendo voltar. Agora eu estou trabalhando, indo atrás da minha cidadania italiana, indo atrás de aprender italiano. Os meus planos para os próximos meses, para os próximos dois anos, é basicamente juntar dinheiro, trabalhar, aprender italiano, espanhol, e esperar minha cidadania italiana. Daqui dois anos eu pretendo voltar pra Europa pra morar. É tão boa que foi a experiência, é realmente um lugar fantástico, de pessoas fantásticas.

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