Morre aos 92 anos a canadense Alice Munro, Nobel de literatura - ISTOÉ Independente

A escritora Alice Munro, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2013 e considerada “a Tchekhov do Canadá”, morreu aos 92 anos, anunciou a imprensa nesta terça-feira (14).

A editora Deborah Treisman e seu amigo de longa data David Staines confirmaram à AFP que Munro faleceu na segunda-feira. O jornal canadense The Globe and Mail, citando a família, informou que a escritora morreu em uma casa de repouso em Ontário.

“Ela foi a maior autora de contos de nosso tempo. Foi uma escritora e ser humano excepcional”, declarou Staines.

Com demência há mais de uma década, ela também havia conquistado em 2009 o Prêmio Internacional Man Booker pelo conjunto de sua obra.

A ministra da Cultura, Pascale St-Onge, a descreveu como um “ícone da literatura canadense”. “Durante seis décadas, seus contos cativaram os leitores do Canadá e do resto do mundo”, escreveu no X.

Munro ambientou suas histórias tensas e de observação aguda na zona rural da Ontário onde cresceu, concentrando-se nas fragilidades da condição humana.

Apesar de seu grande sucesso e de uma impressionante lista de prêmios literários, durante muito tempo viveu da mesma forma simples e modesta de seus personagens de ficção.

“Ela não é uma pessoa da alta sociedade. De fato, raramente é vista em público e não faz turnês de promoção de livros”, comentou o crítico literário americano David Homel, depois que Munro alcançou fama mundial.

Sua discrição contrastava com a de outra gigante canadense da literatura contemporânea, Margaret Atwood.

Nascida em 10 de julho de 1931 em Wingham, Ontário, Munro cresceu no campo. Seu pai, Robert Eric Laidlaw, criava raposas e aves, enquanto sua mãe era professora em uma cidade pequena.

Com apenas 11 anos, decidiu que queria ser escritora, e nunca hesitou em sua escolha profissional. “Penso que talvez fiz sucesso fazendo isto porque não tinha nenhum outro talento”, explicou certa vez em uma entrevista.

O primeiro conto de Munro, “Dimensões de uma Sombra”, foi publicado em 1950, enquanto era estudante na Universidade de Western Ontario.

Ela recebeu ainda o Prêmio do Governador Geral por sua primeira coleção de contos, “Dança das Sombras”, de 1968.

– ‘Nossa Tchekhov’ –

Munro ganhou muitos prêmios no Canadá e no exterior, enquanto suas histórias – frequentemente baseadas na vida simples do condado canadense de Huron – apareceram em revistas prestigiosas, como The New Yorker.

Seus temas e estilo, marcados pela presença de um narrador que explica o significado dos eventos, lhe renderam o título de “nossa Tchekhov” segundo a escritora americana de origem russa Cynthia Ozick.

Um de seus contos, “Longe Dela”, foi adaptado para o cinema em 2006 e recebeu duas indicações ao Oscar.

Em 2009, foi agraciada com o prestigioso Booker Prize antes de revelar que tinha vencido o câncer, doença que havia afetado uma de suas personagens em um conto publicado na The New Yorker em fevereiro de 2008.

“Alice Munro é mais conhecida como escritora de contos, mas traz tanta profundidade, sabedoria e precisão a cada história quanto a maioria dos romancistas a toda a sua obra”, declarou então o júri. “Ler Alice Munro é sempre aprender algo em que você não tinha pensado antes.”

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