Gaúchos vivem em barracas e carros na margem de rodovias
Muitas famílias de desabrigados estão vivendo em carros e barracas na beira da estrada.
Rotina é algo que os desabrigados não têm. Eles tentam tocar a vida do jeito que dá. Crianças continuam sendo crianças - curiosas com tudo.
Muitos gaúchos estão na beira de várias estradas. Param caminhões, carros bem perto do acostamento; estendem plásticos, lonas para se proteger do frio e da chuva. E, assim, vão criando lares improvisados. Da estrada, eles enxergam a casa alagada.
Repórter: Dá licença. Bom dia! Com vai a senhora? Seu nome é Angelita? Há quantos dias vocês estão aqui na barraca?
Angelita Kaiper, cozinheira e pescadora: Se eu não estou perdida, acho que uns 15 dias já. Bem complicado. Ontem, meu menino conseguiu com o amigo dele um gerador. De ontem para hoje, a gente está conseguindo carregar nossos telefones.
A ajuda também chega na beira da estrada. Muitos pontos têm banheiros químicos, e a todo momento alguém entrega donativos.
“Agradecer esse pessoal que a gente não sabe o nome, de onde veio, quem é. Eles vem de bom coração. Que Deus pague eles, que estão fazendo um belo trabalho. Obrigado”, agradece o motorista Jack Santos.
São muitas histórias de força, de resistência.
“A gente não conseguiu tirar nada de dentro de casa. A gente só pegou um colchão e os filhos”, conta Gilmar Estulano, funcionário dos Correios.
“(Estamos dormindo) Na carroceria da caminhoneta. Hoje, conseguimos colchão que os voluntários trouxeram aqui”, diz o motorista Milton Nascimento.
Repórter: Como vai ser o reinício, a reconstrução?
"Quando baixar, eu não tenho nem coragem de entrar em casa para ver como é que está a situação", diz a faxineira Rose Olivério.
A Adriana Fontoura mostra a casa em Porto Alegre invadida pelas águas do Guaíba e a casa que chama de "passageira".
Repórter: Quem dorme no carro?
Adriana: Eu, meu esposo e minha filha ali atrás, minha pequenininha. Aqui no colchão, minha sogra e minhas duas filhas. Esperando abaixar as águas para gente poder voltar, limpar a nossa casa para gente poder ir.
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