Carros elétricos chineses estão derrubando preços dos elétricos usados, já tem por R$ 74 mil

Há poucos meses, os carros elétricos usados tinham preços que começavam na faixa dos R$ 100 mil, com muitas ofertas com preço sugestivo de R$ 99.990.

Todavia, os preços mais baixos dos carros elétricos novos, empurram os preços dos usados para baixo.

Desde a chegada do BYD Dolphin, os preços dos carros elétricos novos de entrada baixaram rapidamente. A novidade chinesa chegou com um preço de R$ 149.800, que sustenta até hoje.

Vale lembrar que, na época, carros elétricos como Renault Kwid E-Tech, JAC E-JS1 e Caoa Chery iCar custavam entre R$ 140 mil e R$ 160 mil. O Dolphin chegou e jogou esses preços para a faixa atual, que vai de R$ 99.990 a R$ 126.900.

Esse movimento para baixo, reforçado pela presença do Dolphin Mini, que chegou com preço de R$ 115.800, enterrou qualquer chance de preços maiores para carros elétricos das marcas já estabelecidas no país antes de BYD ou GWM, por exemplo.

Com esta última incapaz de seguir a conterrânea, por ora, a situação se estabilizou com quatro ofertas entre R$ 100 mil e R$ 130 mil.

Todavia, isso pode mudar com a chegada iminente do também chinês Leapmotor T03, já confirmado pela Stellantis no Brasil.

Então, como ficam os carros elétricos usados?

Tudo ainda é muito novo e, ainda que alguns modelos usados nas mãos de particulares já tenham vencido a garantia por km rodado, nas lojas, o que se encontra são carros elétricos usados de baixa quilometragem.

No entanto, o movimento natural de descida dos preços dos novos, em virtude da concorrência, também empurra os preços dos carros usados elétricos para baixo.

Assim, aqueles que há um ano custavam na casa dos R$ 100 mil ou até mais que isso, hoje podem ser encontrados custando entre R$ 79 mil e R$ 129 mil.

Essa perda de valor nos usados não é em virtude da concorrência entre os carros de segunda mão, mas também não é exclusiva dos carros elétricos mais acessíveis.

Nos carros elétricos 0km, a perda de R$ 100 mil nos preços foi verificada desde o Hyundai Kona EV até o Peugeot e-2008.

Tudo por conta de BYD e GWM com seus eletrificados, que mexeram até com os carros a combustão na faixa entre R$ 150 mil e R$ 300 mil.

Ainda assim, o que impressiona é mesmo a faixa de entrada, já que os carros elétricos sempre foram considerados caros e inacessíveis, mas por R$ 74 mil, por exemplo, você encontra um JAC E-JS1 2022.

Nesse caso, por exemplo, a oferta tem 178.000 km rodados, o que mostra que foi usado intensamente, provavelmente como carro de aplicativo, mas como vimos na Avaliação NA de um E-JS1 que chegou aos 120.000 km em nossas mãos, pode não ser um negócio ruim.

Outro, custando R$ 79 mil, tem apenas 23.000 km e é do ano 2023. Qual? Caoa Chery iCar, que chegou a custar praticamente o dobro do valor.

Como segundo carro, no valor de um Fiat Mobi Trekking ou Renault Kwid Outsider, pode-se ter na garagem, um carro elétrico praticamente novo. Outro exemplar da “pequena maravilha do mundo”, mas com 3,85 mil km, sai por R$ 84,5 mil.

Também existem modelos elétricos que já estão fora de linha, com o JAC iEV20 2021, com 63 mil km rodados e preço de R$ 83 mil. Este já custou R$ 149.990.

Falando em fora de linha, um velho player inexpressivo também caiu muito de preço como usado, o Renault Zoe 2019, que pode ser comprado entre R$ 110 mil e R$ 120 mil, com km rodado variando de 4 mil a 61 mil. Novo, custou até R$ 289.990…

Já o Kwid E-Tech, que chegou a custar quase R$ 150 mil, hoje pode ser comprado por R$ 85 mil do ano 2023, mas com 48 mil km. Na faixa dos R$ 85 mil, existem muitas ofertas na internet e com variadas quilometragens, destacando-se mais o pequeno da Caao Chery, que tem média de km rodado em 13 mil.

Também pequeno, porém, muito mais caro quando zero km, o Fiat 500e é encontrado facilmente com preços a partir de R$ 132 mil ou pouco menos, mas isso reflete exatamente aquela perda monumental de preços até R$ 300 mil.

Hoje ele custa R$ 214.990. Ou seja, ainda muito caro. Todavia, como usado ainda, o km rodado do JAC  gira em torno de 12 mil. O mesmo não se pode contar com o Hyundai Kona EV, que custa na tabela R$ 189.990 para o 0km e usado fica na casa dos R$ 160 mil, com alguns tem em média 11 mil km.

Enquanto zero km, a MINI tirou R$ 60 mil de seu valor, mas como usado, deixando o MINI Cooper S E começar em R$ 199.950. No mercado de usados, o inglês elétrico começa em R$ 140 mil e com km rodado em torno de 20 mil km.

Outro hatch elétrico é o francês Peugeot e-208 GT 2023, encontrado por R$ 131 mil e com menos de 20 mil km. Novo? R$ 235.990. Ou seja, mais de R$ 100 mil perdidos em apenas um ano de uso. Tentador para quem compra, péssimo negócio para quem vende.

Então, continuaremos a ver queda de preços? A resposta é sim. Com o T03 da Leapmotor, a Stellantis quer brigar pelo título de carro elétrico mais barato do Brasil. Isso mexerá realmente com a Renault, além de ajudar a mover mais preços para baixo.

Ainda não sabemos os limites dos chineses em preços, mas fica claro que, para um segundo carro e até mesmo o veículo da família, em alguns casos, o carro elétrico já se tornou uma opção viável, ainda mais para quem mora em casa. Você considera ter um carro elétrico? Quem sabe um usado?

Até tu, Brutus?

Antes de terminarmos, lembra do causador desse rebuliço todo? Pois é, o BYD Dolphin também desvalorizou e, nesse caso, quase R$ 30 mil. Se você está se perguntado sobre a quilometragem dele como usado, sinto em dizer, mas não. Não estamos falando de usado.

Em ofertas na internet, o Dolphin zero km é oferecido por nada menos que R$ 119 mil… Isso mesmo, R$ 30 mil a menos que na tabela, pelo carro líder em vendas entre os elétricos e o Top 20 do mês de abril. Então, o “culpado” sente agora o gosto do próprio veneno…