Augusto Eduardo Neuparth

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Augusto Eduardo Neuparth
Augusto Eduardo Neuparth
Ministro(a) de Marinha
Período 9 de fevereiro de 1914
a 12 de dezembro de 1914
Dados pessoais
Nome completo Augusto Eduardo Neuparth
Nascimento 11 de outubro de 1859
Lisboa
Morte 24 de agosto de 1925 (65 anos)
Lisboa, São Sebastião da Pedreira
Nacionalidade português
Progenitores Mãe: Virgínia Júlia de Oliveira Basto
Pai: Augusto Neuparth
Alma mater Escola Politécnica de Lisboa, Escola Naval, Academia Militar
Profissão Almirante, hidrógrafo e político
Serviço militar
Serviço/ramo Marinha Portuguesa
Graduação Almirante
Condecorações OAGOAGCAMPBSOSEComNSCMPCE

Augusto Eduardo Neuparth OAGOAGCAMPBSOSEComNSCMPCE (Lisboa, 11 de Outubro de 1859Lisboa, São Sebastião da Pedreira, na sua casa da Rua Rodrigo da Fonseca, N.º 10 - 4.º andar, 24 de Agosto de 1925) foi um almirante, engenheiro hidrógrafo, político e maçon português.[1][2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho do músico Augusto Neuparth e de sua mulher Virgínia Júlia de Oliveira Basto e neto paterno do também músico Eduardo Neuparth e de sua mulher Margarida Boehmler.[2][3]

Oficial da Marinha da Armada Portuguesa, assentou Praça na Companhia dos Guardas-Marinhas em 1879, terminando o curso dois anos depois, em 1881. Após os cursos da Escola Politécnica de Lisboa, da Escola do Exército e da Escola Naval, obteve o diploma de especialização de Engenheiro Hidrógrafo.[1][2]

Depois de numerosas viagens, como componente da Guarnição das canhoeiras Rio Lima, Guiné, Tejo e Tavira, das corvetas Bartolomeu Dias, Duque da Terceira e Rainha de Portugal, do couraçado Vasco da Gama dos transportes Índia e África e da fragata D. Fernando, estagiou nas colónias portuguesas de África, em Cabo Verde, Guiné, Angola e Moçambique, e da Ásia, dedicando-se a trabalhos geodésicos, topográficos e hidrográficos. Especializou-se, também, em assuntos de pesca marítima.[1][2]

Tomou parte nos ataques e bombardeamentos de Cadica, na Guiné, e de Catalha, no Rio Zaire. Quando Hermenegildo Augusto de Brito Capelo realizou a expedição ao interior de Boma, no Zaire, na intenção de fazer um Tratado de Paz e comércio com os Régulos da região, Augusto Eduardo Neuparth serviu-lhe de Secretário. Tomou parte na expedição às ilhas de Djeta, na Guiné, para libertar dois Franceses que o Régulo Adju Pumol retinha prisioneiros, e obrigá-lo a prestar vassalagem a Portugal, e na expedição do Rio Nuno, para libertação dum Português, preso pelo Régulo Yurá, na Tabanca de Lottabali.[2]

Dos numerosos trabalhos geodésicos, topográficos e hidrográficos que executou ou em que tomou parte, citam-se: a determinação das coordenadas geográficas do Farol do Cabo da Roca, trabalhos hidrográficos em Paço de Arcos para servirem de base ao projecto duma doca, a sondagem da barra de Lisboa, desde Belém até Cascais, o estabelecimento do Farol de Sagres, por ocasião do Centenário Henriquino, em 1894, o projecto de balizagem de Aldeia Galega, e o projecto de balizagem e reconhecimento hidrográfico do Rio Tejo, desde os Olivais até ao Canal da Azambuja. No ultramar, fez o reconhecimento hidrográfico da Costa Sul da Guiné Portuguesa e dos Rios Grande, Rabi, Cubai e Cumbidjá, o reconhecimento hidrográfico da Enseada de Cabinda, a triangulação completa e parte do levantamento e sondagem da Baía de Luanda, o estudo completo da Baía do Lobito, a triangulação da Costa Sul do Maputo, o traçado dum paralelo para a delimitação da Fronteira Sul de Lourenço Marques, a delimitação completa do Sul do Maputo, o reconhecimento do Rio Maputo desde a sua confluência com o Rio Pongulo até Maxaéne, a triangulação do Porto de Lourenço Marques, parte do seu levantamento topográfico e toda a sua sondagem, e o traçado do caminho-de-ferro de Cabinda ao Chiloango.[2]

Prestou serviços no Observatório Astronómico de Lisboa, no Observatório Meteorológico do Infante D. Luís, na Direcção dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do Reino, e na Secção de Faróis do Ministério da Marinha e Ultramar, onde patenteou a sua alta competência.[2]

Foi iniciado na Maçonaria em data desconhecida de 1900, na Loja Cruzeiro do Sul, de Lourenço Marques, em Moçambique, afecta ao Grande Oriente Lusitano, desconhecendo-se o seu nome simbólico.[1]

Republicano sem filiação partidária, teve importante actividade política durante a Primeira República Portuguesa, e desempenhou as funções de Ministro da Marinha e Colónias, cuja pasta sobraçou de 9 de Fevereiro a 12 de Dezembro de 1914 no Ministério presidido por Bernardino Machado.[1][2]

Desempenhou cargos navais nos Açores e na Índia Portuguesa.[1] Durante a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, chefiou a Base Naval dos Açores e comandou o agora cruzador Vasco da Gama.[2]

Fundou e dirigiu a revista "A Pesca Marítima" que muito contribuiu para o aperfeiçoamento de todos os géneros de pesca.[1][2]

Era condecorado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Avis e da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal, a Cruz de 2.ª Classe da Ordem da Coroa da Prússia, e com a Medalha de Prata de Bons Serviços e a Medalha de Prata de Comportamento Exemplar. Por Decreto de 12 de Agosto de 1909, teve a Medalha de Ouro de Serviços Distintos no Ultramar. Como Eduardo Augusto Neuparth, Capitão-Tenente da Armada, Chefe da Missão Portuguesa na Delimitação da Fronteira Luso-Alemã (em África), foi feito Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa a 9 de Julho de 1910 (Diário do Governo, N.º 152, 11 de Julho de 1908, rectificado no Diário do Governo, N.º 209, 17 de Setembro de 1908).[4] Promovido a Contra-Almirante em data desconhecida de 1917, a 11 de Março de 1919 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis e, dois anos depois, ascendia ao posto de Vice-Almirante, posto que atingiu a 23 de Maio de 1919, tendo sido elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis a 19 de Outubro de 1920. Teve várias Portarias de Louvor por serviços prestados no reino e no ultramar.[1][2][3][5][6]

Opôs-se à Ditadura de Sidónio Pais, o que lhe valeu ser preso.[1][7]

Quando faleceu, desempenhava as funções do cargo de Director-Geral da Marinha e das Obras Públicas, etc.[1][2]

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Casou com Zeferina da Silva Heitor (c. 1865 - Porto, 27 de Novembro de 1935),[8] filha de Bernardino Augusto da Silva Heitor (c. 1835 - c. 1900), Médico Cirurgião e Delegado do Conselho de Saúde Pública do Reino de Portugal,[9] e de sua mulher Emília Carlota Pais (c. 1840 - c. 1910).[10] Tiveram um único filho:

  • Luís Heitor Neuparth (c. 28 de Agosto de 1892 - c. 1957), Engenheiro e Comerciante, residente no Porto, solteiro e sem geração[11]

Referências e Notas

  1. a b c d e f g h i j António Henrique Rodrigo de Oliveira Marques. Dicionário de Maçonaria Portuguesa. [S.l.: s.n.] pp. Volume II. Coluna 1026 
  2. a b c d e f g h i j k l Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 18. 643 
  3. a b c «Augusto Eduardo Neuparth». Consultado em 3 de Setembro de 2015 
  4. Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz (2012). Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910). Lisboa: Guarda-Mor. 206 
  5. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Augusto Eduardo Neuparth". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 3 de setembro de 2015 
  6. Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 18. 643-4 
  7. «Ministros da Marinha: Augusto Eduardo Neuparth» 
  8. «Zeferina da Silva Heitor». Consultado em 3 de Setembro de 2015 
  9. «Bernardino Augusto da Silva Heitor». Consultado em 3 de Setembro de 2015 
  10. «Emília Carlota Pais». Consultado em 3 de Setembro de 2015 
  11. «Luís Heitor Neuparth». Consultado em 3 de Setembro de 2015 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Memórias Genealógicas de Lisboa, de Luís Filipe de Lara Everard do Amaral, 1990, Capítulo - Neuparth.
  • Miscelânea, de Jaime Croner de Sant'Ana e Vasconcelos Moniz de Bettencourt, Edição do Autor, Lisboa, 2000, p. 75.